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Aumento de preços de painéis pesa nos custos

Por Daniela Maccio - 09 de Junho 2016
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O Brasil é destaque mundial na fabricação de painéis de madeira reconstituída a partir de árvores plantadas e também no consumo desta matéria-prima. No entanto, de acordo com dados da Indústria Brasileira de Árvores – Ibá, o segmento registrou queda de 11,3% nas vendas domésticas no ano passado, em relação a 2014, com a comercialização de 6,4 milhões de m³. Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Ibá, revela que o cenário de mercado para o setor de painéis de madeira em 2016 não apresentou mudanças em relação ao registrado no ano passado.

 

“As vendas domésticas continuam pressionadas pela baixa demanda em consequência da instabilidade econômica e das dificuldades do setor de construção civil”, pontua. De acordo com o último estudo da Ibá, entre janeiro e abril deste ano, as vendas internas tiveram recuo de 8,3% na comparação com igual período de 2015, totalizando 2,1 milhões de m³. Para tentar compensar parte dessa queda, Elizabeth explica que as empresas mantém a estratégia adotada em 2015, de redirecionar parte das vendas para o mercado externo.

 

“O resultado disso é um significativo aumento nas exportações, que triplicaram entre janeiro e abril deste ano, em relação ao igual período do ano passado, para 269 mil m³, ante 86 mil m³ entre janeiro e abril de 2015”, aponta a presidente. Mas o que realmente chama atenção enquanto as exportações aumentam e a demanda interna cai, é o aumento nos preços dos painéis, que tem sido percebido pela indústria de móveis nacional. Sobre o assunto, Elizabeth esclarece que a Ibá, como associação do setor, não comenta preços e decisões estratégicas das empresas.

 

Segundo o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias do Mobiliário de Ubá – Intersind, Áureo Barbosa, o fornecimento de matéria-prima tem se mostrado bastante instável com relação aos preços e cumprimento de prazos de entrega. “Temos percebido que os fabricantes de matérias-primas precisam repassar aumentos de custos, mas estamos todos com a mesma dificuldade em função da situação de mercado do consumidor, na ponta”, lamenta Áureo. Segundo ele, os fabricantes de móveis em Ubá vêm sofrendo pressões de aumentos nos preços da matéria-prima desde o ano passado.

 

O presidente do Sindicato das Indústrias de Móveis de Arapongas – Sima, Irineu Munhoz, conta que os preços de matéria-prima aumentaram em todos os segmentos, sem exceção. “As indústrias de painéis repassaram aumento de preços e concomitantemente reduziram a oferta. Isso tem levado as empresas moveleiras a readequarem o valor de venda dos produtos buscando o equilíbrio financeiro”, afirma.

 

O diretor de marketing da Madetec, de Arapongas (PR), Marcelo Bega, conta que o aumento em maio chegou a 14,5%. “A previsão é de que os preços subam mais 12% ainda em junho”, afirma. Para ele, todos os aumentos sofridos pela indústria de móveis na região afetaram a forma de trabalhar e desenvolver produtos. “Antes era mais fácil de chegar a um custo/qualidade bom e satisfatório, hoje já se torna algo mais a se pensar. A maioria das empresas está tendo que ‘enxugar’ mais os produtos para manter a qualidade e não extrapolar no custo”, explica. Como exemplo ele cita que muitas empresas estão voltando a usar o MDP no lugar do MDF.

 

Segundo o presidente do Sima, em conversa com os associados, a opinião unânime é de que a possibilidade de mais aumentos é um exagero para o momento. “É impossível repassar um novo aumento ao mercado. As indústrias moveleiras ainda estão repassando os aumentos já sofridos, pois além da reoneração da folha, matéria-prima e energia, há também o aumento de salários, que devido à alta inflação do último ano, não será pequena”, finaliza.

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