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Dólar em alta deixa colchões mais caros

Por Daniela Maccio - 06 de Abril 2015
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Uma boa noite de sono pode custar até 15% mais no bolso do consumidor que este ano pensa em trocar de colchão. Segundo os fabricantes do setor, o principal motivo é a alta do dólar, que torna inevitável o repasse para o varejo. Na composição dos colchões entram itens de aço e de derivados de petróleo que já estão afetando os preços.

 

Para não perder clientes, a indústria busca negociar com fornecedores, investir em promoções e até mesmo mudar a cultura do brasileiro, que prefere colchões de espuma ao de molas. Vale tudo, inclusive represar temporariamente o repasse, para tentar obter resultados pelo menos semelhantes aos de 2014, considerado até então um ano ruim, diante da Copa e eleições.

 

Maurício Aballo, proprietário da Euro Colchões, com mais de 30 lojas no Rio de Janeiro, afirma que o dólar teve “forte impacto” em sua produção. “Temos no colchão algumas matérias-primas derivadas do petróleo, como é o caso da espuma, que tem em seus componentes o TDI e o poliol. Como o petróleo é uma commodity com preço internacional cotado em dólar, se a moeda tem variação, toda a cadeia é afetada por isso”, comenta ele. No caso do aço, o arame para fabricação de molas é outro item que altera os preços, afirma Aballo. “Temos duas fabricantes de aço para molas, que são a Belgo Mineira e a Gerdau. Mesmo sendo o Brasil um grande produtor de minério de ferro, também é uma commodity com preço internacional em dólar e sofre os mesmos efeitos.

 

Aballo diz que é preciso mais do que boa negociação com fornecedores, redução de custos de operação ou renegociação de prazos. “É preciso avaliar friamente o que está acontecendo. Nosso segmento também é influenciado pelo que acontece com o mercado imobiliário. Se ele desaquece, também temos perdas. Mas é preciso pensar que essa é uma crise que estamos conseguindo enfrentar. Não recuei nos meus investimentos para esse ano e minha projeção de crescimento para 2015 é de 12%, chegando a um faturamento de R$ 80 milhões, somando as operações da indústria e do varejo”, diz ele, que antes previa alta de 18% nos resultados.

 

Outra fabricante com sede no Rio de Janeiro, a Sonobello também sofre os mesmos percalços dos efeitos do dólar em sua produção. Mas, ao contrário de repassar os custos para o consumidor, decidiu, pelo menos por enquanto, represar esse custo internamente. “Ainda estamos com o câmbio de dezembro em nossas operações. As vendas estão bem tímidas e posso dizer que, para nós, o ano ainda não começou. Estamos subsidiando tudo isso e incentivando a produção de colchões de molas, ainda que o dólar também tenha impacto na produção. Acredito que a crise que se desenha é mais política do que econômica e vai se resolver mais rapidamente”, admite Fabricio Tepedino, diretor comercial da Sonobello.

 

Também faz parte da estratégia da empresa vender 15% mais barato seus produtos ao consumidor, que, segundo o executivo, tende a consumir menos este ano, influenciado pelo cenário de incertezas — e tentar mudar o conceito sobre o colchão de molas. “Nossa preferência é pela espuma, que é mais dura. Por isso, é preciso fazer uma releitura do colchão de molas. Este é um produto ainda com pouca representatividade no Brasil”, acrescenta Tepedino.

 

Com informações do Valor

 

 

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