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E-commerce brasileiro em estado de alerta

Por Edson Rodrigues - 13 de Outubro 2014
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De acordo com o 30° relatório WebShoppers, divulgada pela E-bit, empresa especializada em informações do comércio eletrônico, no primeiro semestre de 2014 o e-commerce brasileiro registrou faturamento de R$ 16 bilhões, um crescimento nominal de 26% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas, apesar dos bons resultados, o comércio eletrônico brasileiro para por um momento de incertezas.

“O fato é que o percentual de brasileiros que fazem compras online está estável há três anos”, afirma Francisco Saboya, diretor-presidente do Porto Digital, tomando por base os indicadores das pesquisas TIC Domicílios e Empresas, do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (CETIC.br), braço estatístico do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Isso significa que apesar do crescimento da quantidade de brasileiros conectados (este ano, pela primeira vez, mais da metade da população diz ter acesso à rede) o crescimento daqueles que têm o hábito de adquirir produtos e serviços através da internet tem sido residual. “A população usuária de Internet não está avançando em um componente que é extremamente importante”, explica Saboya.

Depois de permanecer entre 15% e 19%, de 2008 a 2010, a proporção de brasileiros que compraram produtos e serviços pela internet cresceu para 30% em 2011. Em 2012 eram 31% e em 2013 (última edição da pesquisa, recém-divulgada) foram 33%. De 2011 para cá, a proporção de brasileiros com acesso à internet cresceu de 54% para 58%.

Uma explicação para a desaceleração pode estar na falta de apetite da classe C com o comércio eletrônico. Embora a maioria dos brasileiros da classe média sejam usuários de internet, o acesso é focado em informação, entretenimento e comunicação. Muitos ainda não estão confortáveis com comércio eletrônico, de acordo com um novo relatório da eMarketer, “Brazil’s Digital Middle Class: A Huge Market Embraces the Internet (but Not Without Caution)“.

Thiago Sarraf, especialista na área, explica que a “timidez” na venda online de móveis, por exemplo, se dá por um elemento de nossa cultura, que prefere comprar esse tipo de produto através do meio físico, mas que por outro lado consulta esses produtos na internet. “Mesmo que a compra não seja finalizada pela internet, muitas pessoas utilizam o e-commerce de móveis para pesquisar, obter informações através do chat online e comparar com outros, semelhantes. Este é um segmento bastante tangível – e que deve permanecer assim durante os próximos anos”, explica. Sarraf afirma também que o e-commerce tem como ponto positivo a comodidade e a disponibilidade de comprar em qualquer horário, já que uma loja virtual não fecha. O consumidor tem a possibilidade de comparar preços e condições simultaneamente. “Uma venda online oferece eficácia, economia de tempo e segurança, já que existem hoje muitas ferramentas especializadas neste quesito”, explica.

Totalizando cerca de 108 milhões de consumidores – 54% do total, de acordo com pesquisa recente da Serasa Experian junto com o Data Popular – a classe média do Brasil é um enorme mercado para os varejistas online, ainda inexplorado. Saiba mais sobre o e-commerce de móveis na edição 141 da Revista Móveis de Valor, que já está circulando.

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