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Endividamento, desemprego e juros desafiam a economia do país

Revisado Natalia Concentino - 21 de Março 2022
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a taxa de juros do básica do País, a Selic, em um ponto percentual, para 11,75%

O endividamento das famílias, o mercado de trabalho fraco e disposição do Banco Central de seguir aumentando a taxa básica de juros desafiam a economia brasileira. A expectativa é de queda na produção industrial e no comércio e a guerra na Ucrânia segue pressionando a inflação.

 

Nos Estados Unidos, o banco central também aumentou a taxa de juros básica da economia – pela primeira vez desde 2018. O número de subidas previstas passou de quatro para oito. O varejo americano registrou alta 0,3% em fevereiro, depois do aumento de 4,9% em janeiro. Apesar da tendência de alta, na margem, o varejo deve crescer menos com os efeitos da inflação no poder de compra.

 

Na China, o mercado continua preocupado. O consenso é que, para crescer mais de 5% em 2022, o governo terá que ajudar com políticas monetárias e fiscais expansionistas – e não há certeza de que isso acontecerá. Por outro lado, já há pressão política contra o presidente Xi Jinping, o que também pressiona a economia.

 

Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.

 

Cenário econômico nacional

 

O IBC-BR, índice que faz um acompanhamento mensal do PIB e é divulgado pelo Banco Central (BC), mostrou queda de 0,99% em janeiro. O número foi pior que o esperado pelo mercado. Com isso, a alta em 12 meses passou para 4,73%. O número já reflete a posição pior das famílias, endividadas e com mercado de trabalho fraco. O cenário de juros em alta e inflação persistente piora as condições. A queda já era anunciada pelo resultado da produção industrial e do comércio. O número reforça a tendência de PIB próximo a estabilidade neste ano.

 

O setor de serviços teve variação negativa de 0,1% em janeiro, segundo a PMS-IBGE. Setores como informática e comunicações devolveram a alta de dezembro e caíram 4,7%, assim como serviços a famílias. O setor de telecomunicações caiu para o menor nível da série e está 18,1% abaixo do pico. Turismo cresceu 1,1%, totalizando 69,6% de alta em oito subidas seguidas, mas ainda está 10% abaixo do pré-pandemia. Apesar de provavelmente ser o esteio da economia no ano, não há espaço para grandes altas no setor de turismo por conta do cenário geral.

 

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC aumentou a taxa de juros do básica do País, a Selic, em um ponto percentual, para 11,75%. Chama a atenção o comunicado mais duro da autoridade monetária. A guerra da Ucrânia foi citada como risco para o processo inflacionário, assim como o cenário fiscal e, segundo o BC, o PIB acima do esperado em 2021. Já há um aumento de mais, pelo menos, 1 ponto porcentual garantido na próxima reunião.

 

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Cenário econômico internacional

 

O FED aumentou, pela primeira vez desde 2018, a taxa de juros básica da economia americana. O espaço de variação para os FED Funds agora está entre 0,25% e 0,50%. Dos nove diretores, um votou por um aumento de 0,5%, o presidente do FED, St. Louis James Ballard. O aumento foi muito limitado para as condições atuais da inflação americana, mas o número de subidas previstas passou de quatro para oito.

 

O varejo americano registrou alta 0,3% em fevereiro, depois do aumento de 4,9% em janeiro. O mercado de trabalho forte (segundo o FED, há mais de uma vaga em aberto para cada desempregado americano), a forte poupança criada ainda na pandemia e o arrefecimento da variante Ômicron são os principais motivos da alta. Apesar da tendência de alta, na margem, o varejo deve crescer menos com os efeitos da inflação no poder de compra. Mas o ano ainda deve ser muito bom para o varejo americano.

 

Apesar dos números bons da economia chinesa (produção industrial com alta de 7,5% nos dois primeiros meses do ano em relação ao mesmo período do ano anterior, vendas no varejo com alta de 6,7% no mesmo período), o mercado continua preocupado com a economia chinesa. O consenso é que, para crescer mais de 5% em 2022, o governo terá que ajudar com políticas monetárias e fiscais expansionistas – e não há certeza de que isso acontecerá.

 

Por outro lado, já há pressão política contra o presidente Xi Jinping. Setores do Partido Comunista Chinês já criticam abertamente a política contra o mercado do governo, com restrições a várias empresas e afastamento do mundo ocidental. A posição dúbia, meio pró-Rússia, na situação envolvendo a Ucrânia, foi a gota d’água. O governo deve pressionar por mais crescimento, abrindo espaço para populismo econômico.

 

*Por Gouvêa Analytics, unidade de mapeamento de tendências econômicas da Gouvêa Ecosystem.

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