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Fundadores devem injetar bilhões nas empresas em crise no Brasil

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Nos últimos meses, pelo menos meia dúzia de acionistas-chave já intervieram nas companhias

As empresas brasileiras que enfrentam as altas taxas de juros no país e as crescentes cargas de dívida estão se voltando para as pessoas que ajudaram a construí-las para uma tábua de salvação.

 

Fundadores e principais acionistas de empresas brasileiras comprometeram-se a injetar 4 bilhões de dólares em capital para ajudá-las este ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg News. Os resgates, que chegaram via ofertas de ações e transações imobiliárias, devem continuar nos próximos meses.

 

“Provavelmente veremos mais e mais negócios ancorados por acionistas controladores ou relevantes”, disse Roberto Zarour, sócio e advogado de reestruturação do Lefosse Advogados. As injeções de capital, acrescentou ele, nem sempre são uma decisão voluntária de fundadores, mas uma exigência dos credores.

 

As taxas de juros no nível mais alto em seis anos, a restrição ao crédito que se seguiu ao colapso da varejista Americanas e o aperto monetário nos EUA e na Europa tornaram mais difícil contrair empréstimos no país e no exterior.

 

Como resultado, o montante de títulos corporativos do país em dólar negociados em níveis estressados (problemáticos) subiu para US$ 12 bilhões, alta de 26% desde o início do ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

 

Nos últimos meses, pelo menos meia dúzia de acionistas-chave já intervieram nas companhias.

 

leia: Tok&Stok renegocia R$ 350 milhões em dívidas e ganha aporte

 

Um exemplo são os bilionários por trás da Americanas: Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles. O trio, que investe na varejista desde a década de 1980 e a controlou até dois anos atrás, negocia injetar até R$ 12 bilhões na empresa até 2027 para manter a empresa em operação depois que a suspeita de uma grande fraude contábil a levou para recuperação judicial no início deste ano.

 

Desde o início das negociações, os credores exigiram um capital injeção dos três sócios, embora a quantidade de recursos tenha sido um ponto de atrito.

 

No início desta semana, a empresa varejista de móveis e decoração Tok&Stok - que não é listada em bolsa - anunciou que recebeu uma injeção de R$ 100 milhões liderada pela empresa de private equity Carlyle Group, seu acionista controlador, em meio a uma reestruturação da dívida.

 

A Tok&Stok tem enfrentado pressão de fluxo de caixa nos últimos anos e fechou 17 de 68 lojas que possuía.

 

(Com informações Bloomberg.com)

 

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