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Reflorestamento pode atender demanda do setor

Por Inalva Corsi - 16 de Março 2016
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O polo moveleiro cearense é o oitavo maior do Brasil, com cerca de 750 indústrias, entre médias e pequenas, que fabricam móveis para diversos estados e até para fora do Brasil. Contudo, a madeira que abastece a produção vem de longe. Grande parte é proveniente de espécies do Pará; em alguns casos, a origem pode estar a milhares de quilômetros, como o pinus adquirido no Sul e o eucalipto, no Sudeste. Parte significativa dessa matéria-prima é transportada por barcos, em um trajeto que leva cerca de 15 dias.


Mas por que o estado não produz sua própria madeira? Além do solo arenoso, impróprio para o cultivo de espécies utilizadas na indústria, a região, por ser litorânea, com muitos ventos, favorece a danos e tombamentos de árvores. Problemas que o polo moveleiro do Ceará espera solucionar em breve. Para tanto, vem investindo em pesquisas e reflorestamento, com espécies nativas e não tradicionais para a atividade, além de exóticas e da região Amazônica e também clones de eucaliptos. Com a iniciativa, a cadeia produtiva cearense espera reduzir em até 30% os custos de produção, tornando-se autossuficiente em matéria-prima.



Segundo a assessora técnica da Comissão de Silvicultura e Agrosilvicultura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a engenheira florestal Camila Braga, o Ceará ainda não figura nas estatísticas de reflorestamento como Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Bahia, mas a cadeia produtiva já se organiza junto à indústria da madeira de olho na demanda do estado. “Lá, existe uma perspectiva muito boa de crescimento da atividade, devido, também, à logística que facilitará a exportação dos produtos via Porto do Pecém”, declarou. Camila Braga acha importante fomentar a produção diversificada com múltiplos usos, para produtos madeireiros e não madeireiros.


A engenheira destacou o trabalho de pesquisa realizado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em conjunto com a Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece) e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário no Estado do Ceará (Sindmóveis). O estudo testa espécies naturais e exóticas em uma área de oito hectares no município de Marco, um dos principais polos moveleiros do estado. A partir dos resultados da pesquisa será possível afirmar quais espécies são mais adaptadas. “O objetivo é buscar alternativas de produção de culturas, para o abastecimento do mercado, reduzindo a distância entre as fábricas e os principais produtores de matéria-prima, o que auxiliará na competitividade da indústria da região”.


O Presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (FAEC), Flavio Saboya, também acredita que o reflorestamento pode ser uma excelente alternativa de renda para o produtor rural, agregando valor às suas atividades, com sustentabilidade ambiental. “Destaco o sucesso dessa atividade em todo o país, especialmente aqui no estado, na região do Baixo Acaraú, mas precisamente na Cidade de Marco, onde existe um polo moveleiro e uma experiência exitosa na exploração de madeira, com garantia de mercado”.



Demanda moveleira – Os técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Ceará (SENAR/CE), Sérgio de Sousa e Ivonisa Holanda, observam que a região demanda aproximadamente mil metros cúbicos de madeira só para a indústria moveleira. “Até três anos atrás, nós tínhamos apenas dois viveiristas, hoje são mais de 18, inclusive com a oferta de mudas de mogno”, observou Sousa.



O assunto foi debatido durante o 1° Seminário sobre Oportunidades para Reflorestamento Empresarial no Ceará, realizado pela Secretaria da Agricultura, Pesca e Aquicultura (SEAPA/CE), entre os dias 1 e 3 de março.  O evento foi dirigido a empresários da área rural, técnicos, estudantes de escolas técnicas e profissionalizantes e produtores.


 

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