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Móveis e eletros faturam R$ 1,2 bi com FGTS

Por Jeniffer Oliveira - 23 de Agosto 2017
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Os saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) injetaram R$ 10,8 bilhões (25% do total de saques) no comércio varejista, segundo cálculos da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O setor de móveis e eletrodomésticos foi um dos quatro segmentos que tiveram maior impacto nas vendas, faturando R$ 1,2 bilhão. Apesar do destaque nas vendas, o valor destinado a compra de móveis foi pequeno diante dos  R$ 44 bilhões sacados das contas inativas.

 

A utilização de recursos do FGTS para a aquisição de bens no comércio poderia ter sido mais expressiva, na avaliação do economista Fabio Bentes, da Divisão Econômica da CNC. O varejo ampliado faturou R$ 770 bilhões nos meses de saques do FGTS, mas apenas 1,4% desse montante foi proveniente das contas inativas. "Se você dá R$ 100 na mão do brasileiro, ele gasta R$ 90 porque estava muito endividado. As pessoas aproveitaram esse recurso extraordinário para limpar o nome, reduzir o endividamento. A crise fez com que sobrasse pouco para o varejo", disse o economista da CNC.

 

Apesar do impacto relativamente modesto, os recursos do FGTS devem fazer o consumo das famílias voltar ao terreno positivo pela primeira vez após nove trimestres consecutivos de retração. O consumo das famílias cresceu 0,6% no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2016, segundo estimativa do Monitor do PIB, divulgado esta semana pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

 

De acordo com a FGV, o consumo de bens não duráveis aumentou 0,5% no segundo trimestre, enquanto o consumo de bens semiduráveis avançou 7,3% e o consumo de bens duráveis subiu 3,8%. O coordenador do Monitor do PIB, Claudio Considera, acredita que os recursos inativos serviram para que as famílias colocassem as contas em dia e então pudessem adquirir novos financiamentos, especialmente no caso de bens de consumo duráveis.

 

A CNC ressalta, porém, que a recuperação parcial do varejo em 2017 é reflexo também da desaceleração no ritmo de aumento dos preços e melhoria das condições de crédito. "A prestação do crédito voltou ao patamar que o consumidor pagava em setembro de 2015. Ninguém imaginava que os aumentos nos preços livres ficariam tão baixos, então a inflação menor é uma boa notícia também. Mas o FGTS entra nessa panela sim, ajudou um pouquinho nesse momento de virada do varejo", completou Bentes.

 

O estudo da CNC usou como base o volume de vendas e preços medidos pela Pesquisa Mensal de Comércio, do IBGE; indicadores do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho; e informações sobre concessões de crédito ao consumidor divulgadas pelo Banco Central.

 

Com informações do jornal O Estado de S. Paulo.

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