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Varejo reduz estoque e indústria lida com excesso de produtos

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Imagem: Freepik

Os varejistas estão enxugando os estoques. Depois de incentivar o pagamento à vista por meio do Pix, uma forma de gerar mais caixa, essa é mais uma saída encontrada pelo comércio para imobilizar menos dinheiro em produtos nas prateleiras das lojas. Com isso, o varejo tenta escapar dos juros elevados do crédito para capital de giro, destinado a pagar contas do dia a dia.

 

Nas contas de Barbato, a indústria deve levar entre 90 e 120 dias para ajustar a produção, com redução de compras de componentes importados e, em última instância, corte de turnos e de pessoal. Aliás, algo que já começou a acontecer, porém de forma incipiente.

 

Rodolpho Tobler, economista responsável pela sondagem do comércio da FGV, diz que é esperada uma redução dos juros pelos empresários do varejo. Mas como esse movimento não deve ocorrer rapidamente, os varejistas buscam outras estratégias para equilibrar os negócios. "Aliviar estoques é uma forma de fugir do custo financeiro", diz.

 

Sébastien Durchon, sênior advsior de Varejo e Bens de Consumo da consultoria Olivier Wyman, confirma que há um movimento claro dos varejistas para reduzir estoques. Uma das razões é diminuir o custo financeiro que está "destruindo" boa parte do resultado líquido dos varejistas

 

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No entanto, ele destaca que se trata de uma estratégia arriscada. Isso porque se o varejo fica sem produto na prateleiras, perde venda. Por isso, observa Arnaud Dusaintpère, sócio de Varejo e Bens de Consumo da consultoria, é preciso ter um ajuste fino, usando ferramentas de inteligência artificial, entre outras, para prever a demanda e o volume de estoque adequado.

 

Para Durchon, além do custo financeiro, elevado, há dois outros fatores que são favoráveis ao varejo para cortar estoques. Um deles é o consumo fraco. "Não é uma boa notícia, mas isso ajuda reduzir estoques", diz.

 

Outro fator é a desaceleração da inflação e a chance de, em alguns itens, ocorrer deflação nos preços. Os varejistas não querem correr o risco de comprar um produto por um valor maior e ter de vendê-lo por um preço abaixo do custo. "Essa é mais uma razão para reduzir o estoque, esperar a inflação recuar e voltar às compras no futuro."

 

(Com informações Estadão Conteúdo e edição Móveis de Valor)

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