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Você sabe quanto custa o colchão mais caro do mundo?

Revisado Natalia Concentino - 04 de Outubro 2023
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Hästens 2000T, o colchão mais ‘top’ da Hästens. Foto: Divulgação/ Hästens Sängar AB/

Desde os primórdios da civilização, o ato de acordar sem lembrar de um sonho era muitas vezes interpretado como um presságio adverso. Muitas culturas ancestrais viam nos sonhos sinais divinos, mensagens premonitórias que poderiam auxiliá-las a antecipar e se resguardar de futuros percalços. Para nossos antepassados, o sono não era apenas um período de repouso, mas também uma janela para oráculos silenciosos. Nessa era acelerada em que vivemos, o verdadeiro luxo não é apenas dormir, mas desfrutar de um sono esplêndido.

 

O mercado global de colchões de luxo incorpora essa mudança, que tem origem no cenário da pandemia, onde o conforto em casa se tornou primordial. A ênfase crescente em bem-estar durante os meses mais estressantes da maior crise sanitária de nossa era levou muitos a investir significativamente no lar. E o sono, alicerce de qualquer um que almeja uma vida de qualidade, acabou emergindo como um dos ‘efeitos colaterais’ mais pertinentes na quarentena.

 

Muito além de mero glamour, há um valor tangível nessa exclusividade. Estudos científicos há muito defendem os inúmeros benefícios de dormir bem – desde funções cognitivas aprimoradas até saúde emocional acentuada. Dado isso, os colchões de luxo, com suas tecnologias avançadas, designs ergonômicos e materiais naturais, se tornaram ‘must-have’ porque prometem transformar a experiência de repouso em um sono dos sonhos.

 

A empresa sueca Hästens, que fabrica colchões entre os mais opulentos disponíveis no mercado, anda lucrando muito com suas criações artesanais. Apelidados de “instrumentos de sono” por funcionários da marca centenária, não saem da fábrica por menos de US$ 25 mil (R$ 129,2 mil), sendo que um conjunto king-size completo – o modelo Hästens 2000T – custa US$ 660 mil (R$ 3,4 milhões) atualmente.

 

Fundada em 1856, antes mesmo do fechamento do ano suas receitas superaram pela primeira vez a marca de US$ 100 milhões (R$ 517 milhões) até aqui. No ano passado, as vendas nos Estados Unidos triplicaram, e seguem em trajetória ascendente. Nem os preços salgados desanimam os entusiastas da Hästens, cujo showroom em Estocolmo vive cheio de potenciais compradores.

 

Além da busca por conforto inigualável, há um prestígio social associado à posse desses luxos ergonômicos. Quando, em 2020, o rapper Drake comprou um “Grand Vividus”, um dos modelos mais caros da Hästens, causou alvoroço, incentivando sutilmente sua vasta base de fãs a ver o sono não apenas como uma necessidade, mas como um luxo que lhe custou US$ 400 mil (R$ 2,1 milhões). June Ambrose, diretora criativa de basquete feminino da Puma, também tem um igual e costuma chamá-lo de “o Bentley das camas”.

 

No ano passado, a indústria mundial de colchões movimentou US$ 50,6 bilhões (R$ 261,6 bilhões), de acordo com um relatório da Fortune Business Insights, uma empresa de pesquisa de mercado americana. As projeções para 2023 mostram um crescimento para US$ 52,4 bilhões (R$ 270,9 bilhões), e US$ 78,3 bilhões (R$ 404,8 bilhões) em 2030. Seu nicho que mais cresce atualmente é o de colchões de luxo, que deve chegar a US$ 9,2 bilhões (R$ 47,6 bilhões) nesse ano.

 

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Tendências de mercado atuais focam na personalização, e a indústria de cama está sintonizada. O futuro promete inúmeras soluções de sono sob medida, desde firmeza personalizável até zonas de conforto especializadas. As vendas de colchões de elite contam com recursos inovadores para cativar clientes, provando que suas ofertas fornecem valor incomparável. Em resumo, quanto mais diferente, mais exclusivo.

 

Colchões de luxo desafiam as normas econômicas tradicionais. Embora o luxo muitas vezes seja ostensivamente exibido, colchões ainda são uma posse profundamente pessoal. No entanto, como acontece com todas as mercadorias de luxo, aqueles pra poucos bolsos transcendem a mera funcionalidade, incorporando um emblema de status e prestígio.

 

Com o mundo pós-pandêmico se inclinando para o luxo centrado na saúde, a ênfase na qualidade do sono se destaca. Soluções de sono personalizadas, integrando tecnologia de ponta com artesanato tradicional, viraram tendência. Assim como monitores de sono controlados por IA e tecidos inteligentes que regulam a temperatura do leito.

 

A pergunta central permanece: tem como realmente atribuir um preço a uma noite de sono rejuvenescedora? O horizonte, sem dúvida, reserva mais inovações nessa área, à medida que o mundo desperta para o fascínio inigualável do sono de luxo.

 

*Por Anderson Antunes

Fonte: Glamurama – UOL

 

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