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Pesquisa aponta tendência de consumo para 2020

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Qual o principal motivador das mudanças em todo o mercado varejista atualmente? As principais linhas de argumentação estão pautadas na tecnologia, mas será que é apenas isso? Um levantamento da WGSN, que realiza análises e previsões de tendências a nível global, aponta que o consumidor é o principal causador dessas transições no mercado do consumo. Muito engajado, trata-se de um perfil de consumidor que vislumbra a transformação da sociedade e impõe novos padrões de comportamento e de negócios. Como as marcas devem se adaptar a essas mudanças de comportamento e como elas devem mudar o mercado a partir de 2020?

Na pesquisa “Consumidor Ultradinâmico”, a WGSN – que é responsável pelo direcionamento estratégico de diversas empresas – mapeou seis macrotendências que trazem os parâmetros que devem conduzir os passos desse novo consumidor. Cada vez mais conectado, ele preza por conexões humanas, exige transparência das marcas, envelhecimento populacional, cultura de compartilhamento e, sobretudo, vai centralizar cada vez mais seu processo de compras nos dispositivos móveis.

“Precisamos entender que os consumidores estão mapeando, estudando as marcas. Eles querem, inclusive, saber se as empresas mudaram seu modelo de negócio, principalmente quando este impacta a sociedade. O intuito dos consumidores é: saber se as marcas estão alinhadas às suas novas demandas e a um propósito – além, claro, como se relacionam com suas necessidades. Ou seja, consumidores estão impulsionando o mercado em outro nível”, explica Luiz Arruda, Head da WGSN Mindset.
 

Confira as tendências e fatores que devem influenciar pensamentos e atitudes dos consumidores.

 

1 – Compras por dispositivos móveis
 

A sociedade moderna já centraliza grande parte de sua atenção pelos smartphones, de modo que o consumo por este canal entrou no radar do consumidor de forma definitiva. Por outro lado, os varejistas precisam se atentar ao ritmo dessa mudança e rever seu modelo de negócios. De acordo com o levantamento, 64% dos varejistas afirmam que o pagamento pelo celular é prioridade para o funcionamento de seu negócio. Outro dado levantado pela agência YouGov revelou que 44% dos entrevistados entre 18 e 24 anos se sentem mais confortáveis ao conversar com novas pessoas por meio de redes sociais, do que ao vivo. Neste contexto, é possível perceber que a tomada de decisão pelos usuários é feita antes da visita física. Por isso, é tão relevante colocar o consumidor no controle da compra, desde que haja auxílio humano, caso necessário.

Na esteira dessa tendência, as empresas podem se antecipar a essas demandas e aumentar as possibilidades com smartphone dentro da loja e automação dos meios de pagamento. A entrada de realidade aumentada, por exemplo, pode auxiliar o consumidor na hora da compra – tanto ao mostrar especificidades, como ao solucionar dúvidas – e também pode criar experiências mais intensas. A inteligência artificial também se torna uma aliada, quando associada as interações digitais, a exemplo da Alexa e Google Assistent.
 

2 – A valorização dos sentimentos
 

Em tempos de hiperconectividade, as relações humanas ganham cada vez mais importância à medida que as pessoas se sentem cada vez mais sozinhas. Nessa busca por um preenchimento ao vazio existencial, a valorização de sentimentos ganha ainda mais evidência. Por outro lado, uma vez que os varejistas investem em tecnologia de inteligência artificial e experiências digitais, a importância da conexão humana será um diferenciador fundamental paras as marcas. As estratégias pessoais começam a crescer como um ponto de diferenciação para além do preço, principalmente quando as empresas concorrem com a Amazon.
 

3 – Confiança em escassez
 

Confiança é um aspecto determinante na tomada de decisão dos consumidores de maneira global. Como as marcas podem se mostrar confiáveis em tempos onde o propósito é tão importante quanto o produto?

Os consumidores estão questionando o que é real. Por isso, marcas e varejistas devem se preocupar com mecanismos para desenvolver estratégias que consigam elevar o nível de confiança das pessoas. À medida que as pessoas são expostas todos os dias a uma enxurrada de fake news, é cada vez mais difícil saber em que ou em quem confiar. Nos EUA, a última pesquisa “Edelman Trust Barometer” apontou que os níveis de confiança dos americanos tiveram uma queda recorde na população em geral. De acordo com o estudo, a confiança caiu nove pontos e chegou aos 43, o menor nível já apontado em um trimestre.
 

4 – Preocupações climáticas
 

O mundo precisa de ajuda e seus moradores estão em busca de soluções e ações para torná-lo melhor. O número de desastres naturais provocados por eventos climáticos extremos – inundações, secas e incêndios – mais do que dobrou desde 1980. No mesmo período, o número de tempestades dobrou, enquanto inundações, avalanches e deslizamentos quadruplicaram desde 1980 e dobraram desde 2004. A ansiedade em relação ao clima já é uma realidade, assim como o desejo de limitar ou reverter os danos causados ao ecossistema do planeta.

Essa nova reação emocional do consumidor vai exigir que os varejistas criem novas estratégias. A discussão pública em torno dos materiais plásticos que são usados uma única vez, e a demanda do público consumidor por soluções como garrafas de água, copos de café e canudos reutilizáveis é apenas uma entre as muitas mudanças comportamentais que exigirão novas estratégias das empresas.
 

5 – A revolução da longevidade
 

A expectativa de vida aumentou cerca 30 anos desde 1950. A população que está envelhecendo detém grande poder aquisitivo em mãos e nem sempre é contemplada pelas marcas. Os países desenvolvidos – dos EUA ao Japão – reconhecem que é difícil lidar com o envelhecimento da população e com as grandes mudanças que acontecem na distribuição de renda. De acordo com a ONU, essa questão causará a transformação social mais significativa do século 21, com implicações em todos os setores da sociedade.

Nestes países, os consumidores mais velhos, apesar de se sentirem ignorados ou negligenciados, têm um poder de compra muito maior do que o dos consumidores jovens. De acordo com os dados de pesquisa realizada pelo International Longevity Centre, as pessoas com mais de 50 anos no Reino Unido gastam um total de 314 bilhões de libras por ano, o que equivale a aproximadamente 43% do total do gasto doméstico em consumo de produtos. Mesmo assim, a pesquisa apontou que 85% das pessoas com mais de 55 anos acham que a sua marca favorita “não as compreende” ou não compreende as suas necessidades.

Esta é uma oportunidade importante para os varejistas, afinal, basta fazer alguns ajustes no espaço da loja para receber bem esse grupo demográfico. Remover barreiras físicas e melhorar a mobilidade – instalando rampas e alargando corredores e entradas, por exemplo – pode ter um impacto positivo nas vendas.
 

6 – Fim da posse
 

A ideia de felicidade baseada em bens e posse não se sustenta mais. Nesse cenário, a economia compartilhada ganha forças nos hábitos de consumidores cada vez mais abertos a experimentarem e as marcas precisam entender a dinâmica deste novo mercado.

Em um mundo onde a ideia de posse se desintegra, as pessoas estão deixando de gastar em coisas para investir em experiências. O processo de descoberta de produtos também parece ter mudado: os consumidores de hoje deixam de “ir às compras”, mas ao mesmo tempo, nunca deixam de fazer compras, já que estão sempre conectados a aplicativos móveis e ao Instagram. Para solucionar esse problema, os varejistas utilizam o prazer da experiência como estratégia para as vendas, que antes eram motivadas pela necessidade que os consumidores tinham em relação aos produtos.
 

Com tantas mudanças em curso, cabe perguntar: sua marca está preparada para se comunicar e ser relevante para esses consumidores?

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