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Crise generalizada em Bento Gonçalves (RS)

Por Edson Rodrigues - 17 de Maio 2020
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O polo moveleiro de Bento Gonçalves, de acordo com dados do Sindicato das Indústrias do Mobiliário (Sindmóveis), inclui cerca de 300 indústrias das cidades de Bento, Monte Belo do Sul, Pinto Bandeira e Santa Tereza, e muitas já sentiram os efeitos da pandemia do coronavírus.

Quando se fala em exportação, os dados do primeiro trimestre não são animadores. De acordo com o Sindmóveis, houve queda e os valores exportados são baixos. Dados da entidade estimam que, com o coronavírus, houve 2.600 demissões nas empresas de Bento Gonçalves, e em torno de 40% a 50% das empresas aderiram a redução da jornada de trabalho.

Atualmente, os dez maiores compradores de móveis do polo moveleiro gaúcho são: Uruguai, Peru, Estados Unidos, Colômbia, Reino Unido, Chile, México, Porto Rico, Paraguai e Panamá.

De acordo com o presidente do Sindmóveis, Vinícius Benini, era previsível que os choques de oferta e demanda causados pelo coronavírus na economia mundial impactaria fortemente nas exportações de móveis e de toda indústria brasileira. “A queda das exportações já passa de 15% entre janeiro e abril e os valores exportados estão em níveis baixíssimos. As transações internacionais deverão ser o último estágio de retomada do setor, possivelmente só no fim desse ano ou a partir de 2021”, avalia.

De acordo com dados do MDIC, em comparação a 2019, no mês de abril, a queda nas exportações no Rio Grande do Sul representou 46%, enquanto no acumulado de janeiro a abril as perdas chegaram a 16%”, revela.

A situação do setor já não era a ideal: dificuldades na recuperação da crise devido à baixa atividade econômica, sem crescimento em 2018 e 2019. Agora, quando havia sinais de retomada, surge uma nova preocupação: a pandemia, que afetou a economia mundial.

 

Cenário preocupante

Economicamente, segundo Benini, o cenário ainda é muito incerto, mas é esperada queda em torno de 50% no bimestre março e abril. “Dependendo da duração da crise, das ações de restrição de circulação de pessoas, fechamento do comércio e os efeitos das medidas econômicas, o impacto pode variar. De todo modo, os efeitos serão sentidos pelo menos até o final do ano”, salienta.

O dirigente revela que já há estimativas de queda de mais de 5% no PIB do Brasil, e de 16% na produção de bens duráveis. “O setor moveleiro deve ser um dos mais impactados, com um cenário de perdas reais entre 10% a 20%. Algumas indústrias podem chegar a uma queda de 80% na produção”, prevê.

Francio, da Movergs, acredita que as perdas são inevitáveis, visto que indústrias tiveram de fechar as portas por um período, por conta de decretos estadual e municipais. “Em recente levantamento que a Movergs realizou com algumas empresas, verificamos que entre os meses de março e abril as perdas poderiam atingir 80% do faturamento. Em se tratando de demissões, a estimativa era de que a redução no quadro de funcionários poderia ser de até 30%”, relata.

 

Posição da Abimóvel

A presidente da Abimóvel, Maristela Cusin Longhi, pontua que o setor moveleiro era a oitava cadeia produtiva que mais empregava no país antes da pandemia, com 260 mil empregos diretos no segmento. “Pelas estimativas da indústria, até o final de abril, o setor havia demitido 13 mil pessoas, ou seja, 5% do contingente de trabalhadores do setor. Esse número tende a se agravar se não houver uma rápida reconquista da economia, se o comércio não retomar urgentemente, se não for proposto instrumentos e linhas de crédito à disposição, principalmente das micro, pequenas e médias empresas em paralelo ao auxílio para pagamento da folha dessas empresas, conclui a presidente da Abimóvel.

(Com informações do Semanário)

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