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Dow reage a críticas no Brasil e lança campanha de reciclagem

Por Natalia Concentino - 18 de Outubro 2021
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A campanha Reuse, implementada pelo Instituto Akatu e a Prefeitura Municipal de Hortolândia (SP), visa sensibilizar e mobilizar a população em relação ao descarte de resíduos e reforça o compromisso da Dow com a economia circular, mas é tímido, longe de representar solução para o problema de reciclagem de colchões no Brasil.

Reuse, iniciativa que tem como objetivo apoiar a coleta seletiva, sensibilizar e mobilizar a população em relação ao descarte correto e à reciclagem de resíduos de colchões e estofados começou a ser implementada em município do interior de São Paulo. Por meio do Reuse, o objetivo é garantir que a espuma de poliuretano e os demais materiais que compõem os colchões sejam reaproveitados em um novo ciclo de produção, fomentando a circularidade e o desenvolvimento sustentável na região. Até o momento, cerca de 1.800 sofás e colchões, que iriam para aterros sanitários, já foram recolhidos e recuperados pelo Reuse. Até a conclusão do projeto, prevista para dezembro desse ano, esse número deverá passar de 2.500 itens recuperados.

Parceiros do Reuse

O projeto foi idealizado pela Dow e co-idealizado pelo Instituto Estre, organização especializada em educação ambiental com foco em resíduos, e que segue como parceiro do projeto, recebendo visitas sobre a economia circular do poliuretano em seu centro de educação ambiental. O Instituto Akatu é o parceiro responsável pela implementação do projeto junto à Prefeitura de Hortolândia, que disponibiliza a estrutura de suas Secretarias de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Serviços Urbanos, Educação, Ciência e Tecnologia e Inclusão e Desenvolvimento Social.

O Akatu, que realizou os diagnósticos iniciais, irá monitorar os impactos das ações até o final do projeto, além de coordenar as atividades de comunicação, sensibilização e mobilização da comunidade. “A gestão de resíduos é um tema urgente e o projeto Reuse traz ações junto aos consumidores bem como a participação do poder público, com a revitalização da coleta seletiva e infraestrutura necessária para o descarte e o recebimento adequados dos materiais. Nossa expectativa é essa experiência possibilite identificar e sistematizar soluções, para serem, então, replicadas em outras localidades”, afirma Denise Conselheiro, gerente de educação do Akatu.

Alinhamento às metas globais de Sustentabilidade

Os projetos com foco em reciclagem e reaproveitamento de materiais fazem parte do conjunto de ações globais para alcançar as Metas em Sustentabilidade da empresa até 2050: a neutralidade em carbono para proteção do clima e a eliminação dos materiais plásticos como resíduos para fortalecer a economia circular. Para se tornar a empresa de ciência dos materiais mais sustentável, centrada no cliente, inclusiva e inovadora do mundo, a Dow pretende: reduzir as emissões anuais de carbono em 5 milhões de toneladas até 2030 e alcançar a neutralidade em 2050; investir no desenvolvimento de tecnologias e processos para que 1 milhão de toneladas métricas de plástico sejam coletadas, reutilizadas ou recicladas até 2030; aprimorar o portfólio com foco em design para a reciclabilidade para que, até 2035, a companhia ofereça 100% de produtos reutilizáveis ou recicláveis para as aplicações de embalagens.

leia: DOW INVESTE EM POLIOL RECICLADO NA EUROPA, ENQUANTO NO BRASIL...

Resposta da Dow no Brasil?

Na Europa a Dow Poliuretanos realizou parcerias com empresas que operam no setor de poliuretanos para transformar colchões usados em poliol, matéria-prima essencial para produção de espumas.

Embora seja digno de publicação, o Reuse, pensado para o Brasil depois de críticas à falta de iniciativas visando a reciclagem de colchões, não parece ser a solução para o grave problema enfrentado pelo País.

O RENUVA, lançado recentemente na Europa, teve uma fábrica inaugurada há um mês, destacada pela Dow como “um grande passo para a recuperação e reciclagem de espuma de poliuretano e um avanço significativo para fechar o ciclo de colchões em fim de vida. Em capacidade total, a fábrica processará até 200.000 colchões por ano”.

Enquanto isso por aqui... É bom refrescar a memória das pessoas, lembrando que o País já teve uma unidade de TDI, inaugurada em 1979 e incorporada à Dow em 1998. Em abril de 2012 a fábrica, que funcionava no Polo Petroquímico de Camaçari, região metropolitana de Salvador, foi fechada. Qual foi a justificativa? "A planta não tem sido lucrativa nos últimos anos e os investimentos adicionais requeridos tornariam a operação economicamente inviável. Durante o período necessário para a implementação de novos investimentos, a operação da planta teria um nível de risco indesejado e elevado", informou a companhia. A Dow, com 15 fábricas do Brasil, tinha preocupação com o risco que a fábrica de TDI representava. E todos que dependiam de TDI para produção de espumas de poliuretano passaram a depender das importações, inclusive a maior parte da própria Dow.

Na época, a decisão estremeceu a relação da empresa com o Governo do Estado, que dois anos antes conseguiu uma medida antidumping para fortalecer os incentivos fiscais e negociou reduções dos preços dos insumos do TDI. “Desagradou muito o governo, essa decisão. Quebrou um trabalho conjunto que estava sendo feito. Não é uma coisa que, como secretário, possa absorver com facilidade. A Dow não tem o compromisso com a Bahia que eu esperava que tivesse”, afirmou o titular da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração do Estado, James Correia.

O secretário considerou “pequeno” o esforço da Dow em manter as atividades da fábrica ou tentar vendê-la para outro grupo, a fim de preservar o fornecimento da produção para as demais indústrias. “De qualquer forma, acho que não estão fechando uma quitanda, e sim uma fábrica que tem relação com várias outras fábricas, tem implicações com toda a cadeia. Apesar de toda a justificativa, pois segurança é algo difícil de discutir, considero o esforço pequeno perto do comprometimento que o governo teve para ajudar a empresa a continuar trabalhando”, disse o secretário na época.

Por Ari Bruno Lorandi

Diretor da Móveis de Valor

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Ari Bruno Lorandi

Jornalista profissional com mais de 40 anos de atividades. Atua em estratégias de comunicação e marketing no setor moveleiro há 30 anos. É Diretor de marketing do Intelligence Group do Brasil, empresa de comunicação e marketing com sede em Curitiba. A empresa publica a revista Móveis de Valor, Móveis de Valor Norte & Nordeste, Anuário de Colchões Brasil e criou a primeira TV do setor moveleiro no mundo em atividade desde 2008.