Empresário inova ao produzir mobiliário e até uma casa com lixo
Umuarama tem sido palco de histórias de empreendedorismo que combinam inovação e responsabilidade ambiental. Um exemplo notável é José Alexandre Ferreira, fundador da empresa Kairós e da Construtora Neves, que aposta em um modelo sustentável ao incluir resíduos sólidos urbanos, principalmente plásticos, na produção de seus produtos. Empresa sediada em Umuarama em parceria com a Mega Telhas Eco, de Nova Esperança, transforma lixo em mobiliário urbano.
Com mais de dez itens no portfólio, todos testados e certificados por órgãos públicos, a Kairós se destaca pela visão de futuro. “Esse é o negócio do amanhã”, afirma Zé Alexandre, como é conhecido, que vê na reciclagem e na parceria entre empresas uma maneira de reinventar a indústria. “A ideia é aproveitar o que muitas vezes seria descartado e enviado para os aterros e transformar em produtos úteis e de qualidade”, explica.
A experiência de Zé Alexandre na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), na qual atuou como superintendente estadual, foi um ponto de partida para o conceito da Kairós. Acostumado a lidar com desafios de infraestrutura e saneamento, ele traz uma abordagem criativa para a rotina empresarial: idealiza os produtos e confia a execução ao engenheiro da equipe, Matheus Neves, 29 anos, que projeta e coordena o desenvolvimento.
“De 2016 a 2020 eu conheci diversas soluções ambientais de destaque em mais de vinte estados do Brasil… Nesse espaço de tempo, visitei cooperativas, associações de catadores de lixo… Vi muitas experiências interessantes, porém com necessidade de agregar valor… Pra ir pra frente, tem que agregar valor”, salienta.
E foi isso que o despertou para o negócio. “Por que não aproveitar o lixo como matéria-prima, inovar e, assim, contribuir para a sustentabilidade econômica? Parafraseando o velho ditado, aquele que diz para aproveitarmos o limão e fazer a limonada, por que não do lixo fazer a lixeira? É o que estamos fazendo”, garante Zé Alexandre, que abriu a Kairós em 2022.
Outra característica da Kairós enaltecido pelo empresário é o modelo colaborativo. Algumas etapas do processo produtivo são terceirizadas, reforçando o objetivo de fomentar parcerias. “Utilizamos recursos de outras indústrias, o que permite complementar nossa produção e movimentar a economia local”, destaca o empresário.
A aposta na sustentabilidade tem sido um diferencial para conquistar clientes e abrir caminhos para a expansão. Com a produção em plena atividade, Zé Alexandre mantém a confiança: “Tenho muitas ideias e acredito que o mundo caminha nessa direção. A Kairós está aqui para fazer parte dessa transformação.”
O que faz a Kairós
A história de José Alexandre Ferreira e sua empresa reflete um movimento cada vez mais necessário: unir crescimento econômico, preservação ambiental e inovação, mostrando que é possível construir um futuro mais equilibrado e sustentável.
Da fábrica da Kairós saem floreira, banco de praça, lixeira, tampa de bueiro, grelha, placa de trânsito e contêiner, tudo feito com matéria-prima proveniente da extrusão de caixinhas de leite longa vida e outros tipos de embalagens descartáveis, como plástico [mais de 95% do total utilizado é lixo]. A matéria-prima é adquirida na Mega Telhas Eco, criada por André Rodrigues.
A Mega Telhas Eco fabrica telhas e placas ecológicas de extrema qualidade e que possuem diversos diferenciais em relação a outros produtos do mesmo segmento de mercado. Dessa parceria entre Zé Alexandre e André Rodrigues, surgiu a ideia de desenvolver com as placas de resíduos [prensados] a construção de pontos de ônibus – produto que leva cerca de mil quilos de resíduos. Já são mais de 80, montados em Nova Olímpia, Terra Roxa, Guaíra, Ivaté, Santa Isabel do Ivaí, Jesuítas, Doutor Camargo e Mauá da Serra.
Muitas cidades também já exibem os bancos de praça da Kairós, que produziu aproximadamente 300; cada um leva 60 quilos de reciclável. E pergolados, em jardins urbanos, também estão entre os mais requisitados da marca Kairós.
Segundo Zé Alexandre, o maior orgulho da empresa Kairós foi a construção de uma casa para doação, a uma família que foi afetada pela enchente no Rio Grande do Sul. “Foi gratificante poder ajudar a família da Raquel, que perdeu o marido e o filho… É fazer a nossa parte, é dar um bom exemplo às futuras gerações… Foi um trabalho que fizemos junto com nossos coladores e um parceiro de Maringá; levamos apenas 12 dias, mesmo debaixo de muita chuva, para deixar a casa pronta. Foi muito rápido!”, relembra.
Ele pretende aprofundar os estudos sobre as técnicas de construção para propor às prefeituras o projeto. “Comparando uma casa convencional, de alvenaria em tijolos e cimento à feita com placas de resíduos, o preço se equipara, no entanto, a rapidez da construção diminui o custo com mão de obra, fazendo com que o preço final fique mais barato”, explica o empresário.
No momento, cadeiras para estádios de esportes estão no topo da linha de produção. Todas passaram pelos testes de resistência exigidos pelo Inmetro. “Estão tendo ótima aceitação! Este ano serão 10 mil cadeiras instaladas”, comemora Zé Alexandre, informando que cada cadeira leva 1,2 quilo de plástico, proveniente de sacolas, garrafas pet, embalagens de chips e picolés, entre outras.
Destaque nacional
Empolgado com os bons resultados de suas primeiras experiências no setor da transformação de lixo em soluções sustentáveis, Zé Alexandre levou a Kairós ao 1º Congresso Internacional de Resíduos Sólidos, ocorrido em Búzios-RJ, no ano passado.
O Congresso reuniu cases, pesquisas, tendências e tecnologias, nacionais e internacionais, selecionados por um Conselho Técnico-Científico formado por grandes nomes da gestão de resíduos sólidos. De lá, a Kairós voltou com o certificado de ‘Melhor Iniciativa’ entre as que foram expostas.
Fonte: https://obemdito.com.br
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