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Guto Requena imprime sons em móveis, literalmente

Por Natalia Concentino - 01 de Novembro 2019
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Guto Requena imprime sentimentos em móveis, literalmente

O progresso advindo da revolução tecnológica, a partir dos anos 2000, possibilitou uma nova forma de interação entres os povos através da democratização da rede mundial de computadores, por exemplo. Hoje a tecnologia mobile, redes Wi-Fi e a inteligência artificial tornaram a nossa existência onipresente e onisciente. Conseguimos saber de qualquer assunto e estar em qualquer lugar em um piscar de olhos. Mas, será que o setor moveleiro está acompanhando essa transformação? Guto Requena prova que sim.

Nascido em Sorocaba (SP) no ano de 1979, Guto faz parte da geração que vivenciou na pele a transição do ambiente analógico para o digital. Apesar de mostrar o gosto pela criação desde cedo, assistir de perto como as coisas foram se adaptando foi de extrema importância para moldar seu trabalho atualmente.

Formado em Arquitetura e Urbanismo em 2003 pela USP e intitulado mestre na mesma instituição, no ano de 2007, Guto criou seu estúdio em 2008 e, desde então, recebeu vários prêmios, concedeu palestras e expôs seu trabalho em mais de 20 países.

Com relação as suas criações, ele afirma que a tecnologia é algo muito presente. “Muito do que conecta os projetos são nossa vontade de investigar design, tecnologia e emoção. Então a tecnologia acabou virando uma componente bem importante no nosso projeto”, destaca.

 

Mobiliário tecnológico

Um mobiliário que se enquadra nesse molde é a cadeira Nóize. Concebida digitalmente, o conceito da peça é reproduzir diversos arquivos de áudios captados na Rua Santa Ifigênia, em São Paulo, e criar um mobiliário com base na cadeira Girafa, de Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki. O processo resultou em “uma cadeira-manifesto, que para além do ato de sentar, instiga à reflexão”, analisa Guto.

Outro exemplo da tecnologia inserida no trabalho do arquiteto é a Coleção Samba. Também resultado de um processo digital em que se usa o design generativo para criar mobiliários, o ritmo e a melodia da música brasileira foram os moldes usados para confeccionar o objeto.

Depois de escolher dois sambas clássicos, foram extraídos parâmetros vocais, graves, agudos e médios. A partir disso, o Estúdio obteve as frequências que formavam curvas crescendo em tempo real com a música. Uma máquina CNC esculpiu o arquivo digital em um cubo de mármore de Carrara, na Itália. “O resultado é uma superfície orgânica e suave, uma visualização literal dos sambas”, conta Guto.

E como forma de mesclar a tecnologia com o sentimento humano, o profissional executou o projeto Life Lamp. Basicamente, foram usados três arquivos de áudio para compor o objeto – o volume de batimentos cardíacos de um bebê ainda na barriga da mãe, o de um coração adulto de 35 anos e os batimentos de um idoso de 80 anos.

Esses dados foram usados como parâmetros para que o software desenhasse as linhas que compõem a luminária, que resultou nos três volumes sobrepostos impressos em 3D. O resultado gerou todos os batimentos descritos tridimensionalmente interconectados, e que além de iluminar um ambiente convida seu usuário para refletir sobre como aproveitamos a vida de forma breve e pulsante. “Lamp é um desdobramento das pesquisas do Estudio Guto Requena que buscam unir afetos e tecnologias, em projetos que investigam o impacto da cultura digital no design”, complementa.

Clique aqui e leia na íntegra a reportagem com o nosso Profissional de Valor de outubro.

 

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