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Ikea lança casa fácil de montar como um móvel

Por Jeniffer Oliveira - 30 de Outubro 2018
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Montar uma casa de forma simples e econômica como um móvel da Ikea parece uma ideia difícil de aplicar, mas é algo que agora está muito mais perto de ser colocado em prática, graças a duas estudantes de arquitetura dinamarquesas que foram desafiadas pela marca de mobiliário a criar um lar que fosse tão fácil de embalar, abrir e instalar como os móveis Ikea. Além disso, o projeto também deveria ter uma estrutura universal, adaptável a qualquer lugar e modo de vida na Terra, usando a menor quantidade possível de materiais para que ser sustentável e econômica.

 

Observando as profundas transformações que o setor da construção está vivendo, especialmente com a robotização e com a impressão 3D, a Ikea decidiu fazer sua aposta particular ao futuro da habitação, que vai exigir cada vez mais economia e sustentabilidade. Para isto, a empresa convidou Johanne Holm-Jensen e Mia Behrens para realizar um projeto de seis meses no Space10, laboratório de desenvolvimento da empresa com sede na Dinamarca. O objetivo era claro: criar uma estrutura habitável para uma vida mais econômica e versátil, sendo fiel ao estilo do catálogo da marca.

 

O projeto desenvolvido por estas duas estudantes foi batizado de Building Blocks. Juntas elas conseguiram criar um micro lar funcional por 9.400 dólares.  O projeto é o que se chama de uma casa de código aberto, pois as plantas podem ser alteradas livremente para que as casas sejam fabricadas de acordo com as exigências do local. Este desenho de domínio público foi elaborado para que a casa possa ser construída de forma flexível em diferentes regiões do mundo, não só podendo funcionar de Norte a Sul, como também permitindo que a planta seja modificada para que unidade seja maior.

 

 

Estrutura simples e honesta

 

A Building Blocks deve adaptar-se a todo tipo de paisagem e cultura, o que implica ser versátil desde o ponto de vista funcional e energético até o fator estético. Por isso as projetistas trabalharam muito em uma estrutura que possa funcionar em diferentes tipos de terreno, com isolamento e ventilação adaptáveis às mudanças de clima. Também tiveram de cuidar muito da parte visual, pois a humanidade é muito variada e, ao seguir só os padrões locais, corre o risco de criar uma estrutura que destoe em determinados entornos e pareça fora do lugar. Por isso, Holm-Jensen e Behrens decidiram que a única forma de cumprir cada um destes complexos requisitos era reduzindo toda a estrutura a uma forma muito simples. A simplicidade garante que a Building Blocks se encaixa em vários ambientes, sem que se seja vista como um elemento estranho.

 

 

“Para Building Blocks, priorizamos uma arquitetura honesta”, afirma Mia Behrens, frisando que a estrutura não esconde nada: a casa é o que se vê. Ao tratar de um lar que possa ser construído pelos próprios moradores, as jovens optaram por mostrar os elementos de construção, deixando tudo fácil de localizar e identificar, desde as colunas de suporte até às vigas que estão no solo e as que seguram o teto. A casa não tem nenhum segredo, o que ajuda para que a montagem da estrutura seja bastante intuitiva.

 

Uma das vantagens de Building Blocks é que a única ferramenta que a construção da casa precisa é uma máquina rebarbadora, que é fácil de encontrar e tem um custo acessível, e o processo utiliza apenas uma matéria-prima: a madeira compensada. Além disso, a estrutura ajustável, ou seja, pode ser construída para uma família de duas pessoas ou para um acampamento de 100 crianças. E as fachadas podem sempre ser cobertas com diferentes materiais, o que permite adaptar a estrutura aos diversos climas, gostos e orçamentos. Desta forma, a casa pré-fabricada da Ikea apresenta-se como um dos projetos mais acessíveis do mundo.

 

A Building Blocks demonstra ser um projeto transformador, mas as arquitetas assumem que algumas questões ainda devem ser resolvidas, como a proteção contra a água da chuva, pois a madeira compensada não é resistente e os construtores tem que optar por uma cobertura de alcatrão em toda a superfície exterior. Também deve ser melhorada a drenagem, já que todos os encaixes são horizontais e precisam de inclinação. As projetistas esperam que os produtores de materiais em lâminas desenvolvam soluções mais sustentáveis, acessíveis e duradouras que o alcatrão.

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