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Indústrias estão em um misto de cautela e otimismo na retomada

Por Edson Rodrigues - 06 de Junho 2020
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Os lojistas ouvidos pela Móveis de Valor se mostraram empolgados e otimistas com essa retomada das atividades, porém os fabricantes já estão um pouco mais cautelosos, apesar da expectativa de que a reabertura do comércio possa trazer bons resultados. Alguns ainda estão lidando com o retorno gradual de suas indústrias e absorvendo os impactos para traçar novas estratégias. O que não difere entre eles é a readequação e adaptação das fábricas conforme as medidas de segurança recomendadas pelo Ministério da Saúde.

Pouco tempo paradas

A sergipana Avelan Móveis paralisou por apenas 10 dias corridos e se ajustou rapidamente às recomendações dos órgãos de saúde. Retornando ainda em abril, a fábrica de móveis já vislumbra bons resultados e parcerias. “Com a abertura do comércio, esperamos voltar ao crescimento que vínhamos obtendo antes da pandemia, pois conseguimos atender todos os nossos clientes e ainda capturamos uma boa parcela de novos”, conta Álvaro Cruz, diretor comercial da empresa.

O diretor comercial da Avelan dá uma declaração que reforça o sentimento da equipe. “Mesmo com o mercado fechado, conseguimos dar uma boa resposta. Não nos apegamos à crise!”, enfatiza.

Outra indústria nordestina que também ficou pouco tempo parada foi a Móveis São Carlos, de Pernambuco. Porém, a fabricante ainda busca se recuperar do prejuízo. “Aqui nós paramos por duas semanas, mas tivemos grandes prejuízos por conta dos custos fixos e da programação com os fornecedores”, conta Guilherme Brito, diretor da empresa.

Mesmo com poucas demissões, a indústria optou por reduzir a jornada de trabalho de todos os funcionários e por isso não está ainda a pleno vapor. “Nós seguimos vendendo, mas o mês de maio fechou com apenas 40% da média de vendas normal. O que estamos vendo é que mais cidades do interior estão voltando às atividades e o auxílio emergencial, apesar de ser de apenas 600 reais, vem ajudando a economia a não parar”, afirma Brito.

Retomada gradativa e prevenção

A Herval reforça que não ficou completamente parada em nenhum momento, já que muitos colaboradores que trabalham em setores administrativos seguiram com suas atividades no em home office. Mas o retorno presencial ainda está acontecendo de forma gradativa e com muita prevenção e cuidado.

“Aumentamos de forma significativa nossos investimentos e a participação nas vendas online, concedemos no primeiro momento férias a um grande contingente de colaboradores, montamos um banco de horas, e, após a edição de medidas de flexibilização do Governo, adotamos em muitos casos a redução de jornada e a suspensão temporária de contratos de trabalho”, informa a empresa em nota.

Para a segurança de seus trabalhadores, o Grupo Herval adotou as medidas preventivas determinadas pelas autoridades de saúde e outras ações. “Produzimos máscaras de tecido e entregamos um kit com 4 máscaras para todos os colaboradores; no refeitório colocamos talheres individuais dentro de embalagens higienizadas; colocamos banners informativos e fazemos a medição de temperatura dos funcionários”, exemplifica a direção.

Novas estratégias

A Patrimar, indústria de móveis do interior de São Paulo, ainda contabiliza os efeitos da pandemia na parte financeira e tenta traçar novas estratégias para uma recuperação ainda em 2020, conta Maurício Manzano, diretor operacional da empresa, que permaneceu paralisada por 14 dias.

“Observamos, nesse período de pandemia, que houve um aumento da inadimplência, diminuição dos recebíveis e queda nos níveis de produção. Por isso, estamos trabalhando com um novo patamar de faturamento, com novos canais de vendas e revendo nossa carteira de clientes. O mercado é muito robusto, cheio de novas oportunidades, e essas novas oportunidades nos deixam bastante otimistas com relação ao resto do ano, mesmo com o quadro da pandemia se arrastando por mais tempo, reflete Manzano.

Análise diária do mercado

A fabricante baiana de colchões Reconflex teve de lidar com dois períodos diferentes de paralisação, já que possui unidade fabril em Santo Antônio de Jesus (BA) e em Caruaru (PE). A fábrica localizada na Bahia ficou 15 dias com as operações suspensas, respeitando o decreto municipal, e a de Pernambuco teve de parar por 40 dias.

“Nas unidades fabris adotamos afastamento dos grupos de risco, implementação do home office para alguns setores, orientação para o uso de máscaras, afastamento social e reforço na higienização das instalações. Em relação ao comércio, trabalhamos incentivando os lojistas parceiros para venda online e focamos no atendimento ao consumidor em nosso chat e redes sociais. Dessa forma, conseguimos prestar um atendimento personalizado, auxiliando na compra do produto ideal e direcionando-os para as lojas parceiras com atendimento online em suas respectivas regiões”, conta Thayse Mendonça, diretora de marketing.

Thayse ressalta que mesmo com otimismo em relação à reabertura do comércio, a empresa deve estar atenta. “A reabertura do comércio possibilita o reinício para uma recuperação da economia. Mas temos consciência que mesmo com a reabertura o momento é muito delicado e requer análise e atenção diária”.  

Comércio de SP e RJ são fundamentais

Para a Colchões Castor, o comércio de São Paulo e do Rio de Janeiro são de grande relevância e sua reabertura marcará o retorno integral das atividades da empresa. “Nós retornamos as atividades parcialmente, porém a previsão é que ocorra um retorno mais completo após junho, haja vista que o comércio de São Paulo e Rio de Janeiro são de grande relevância para nossa empresa”, aponta Hélio Antônio Silva, CEO da Castor.

Hélio também se mostra preocupado com a falta de previsibilidade. “Não só para a Castor, mas para o mundo todo, além dos reflexos negativos em termos financeiros, sentimos muita falta de previsibilidade e diante disso, temos certo cuidado psicológico para com os colaboradores”.

Sem demissões

A Ecoflex emitiu uma nota em que ressalta que a empresa soube lidar com o momento e não precisou fazer demissões. “A Ecoflex foi uma das empresas brasileiras que souberam lidar com este momento de pandemia, de forma que o coronavírus tivesse menor impacto possível no dia a dia dos colaboradores e nos resultados da marca. A fábrica, localizada em São Bento do Sul (SC), desde o início do Covid-19 ficou paralisada por apenas 12 dias no mês de março, com retorno em abril.  [...] Outra medida decidida pela empresa é que não haveria demissões. O recurso da redução da jornada de trabalho foi utilizado com sucesso”, diz um trecho da nota.

Vendas em bom ritmo

Segundo Giancarlo Bega Pizza, diretor da Madetec, de Arapongas (PR), local onde as empresas reabriram em meados de maio, as vendas estão acontecendo em bom ritmo.  “Nós ficamos 40 dias com a fábrica fechada e neste período continuamos atendendo alguns clientes, especialmente de e-commerce. Como paramos com estoque alto, conseguimos suprir a demanda e, ao retomar, retiramos o turno da noite, com receio de que, com as lojas ainda fechadas, não teríamos demanda”, afirma Giancarlo, reconhecendo que pode ter dimensionado mal. “Devemos retomar este segundo turno já na virada do próximo mês, o que vai exigir novas contratações de colaboradores”, acrescenta.

 

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