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Materiais surpreendentes são o futuro do design de móveis

Revisado Natalia Concentino - 23 de Agosto 2025
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De solas de tênis recicladas a sofás de couro vegano, passando por tecidos de algas marinhas, materiais inesperados estão entrando em nossas casas. Pressionada pela sustentabilidade, a indústria moveleira busca alternativas que prolonguem o ciclo de vida dos produtos — móveis que podem ser reutilizados, compostos e que não terminem como lixo.

 

Segundo a McKinsey & Company, o mercado global de produtos sustentáveis para casa pode chegar a €45 bilhões até 2030, puxado por móveis e artigos feitos com materiais renováveis.

 

Sobras que viram design

 

Na Semana de Design de Milão, circularidade e inovação material foram os grandes destaques. A norte-americana Particle, fundada em 2020 por ex-arquitetas da Nike, lançou a coleção Parts of a Whole: móveis inspirados na Bauhaus, feitos de tecidos reaproveitados, jeans e até solas de tênis recicladas.

 

Elas já haviam chamado atenção com a série I Got Your Back, composta por cadeiras e bancos feitos inteiramente de calçados reciclados. “Borrachas, plásticos e tecidos possuem um potencial criativo inexplorado. Queremos prolongar sua vida útil em objetos que as pessoas desejem ter em casa”, diz Amanda Rawlings, cofundadora.

 

Outro exemplo veio do designer italiano Davide Balda, que transformou roupas não vendidas da United Colors of Benetton em novos materiais para arquitetura e mobiliário. Entre as propostas: azulejos de argila com resíduos têxteis e feltro feito de fibras mistas. “Em vez de exportar o excedente, podemos reaproveitá-lo localmente em algo duradouro”, defende.

 

Cortiça está pronta para ser renventada

 

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Plástico, cortiça e cânhamo

 

O estúdio The New Raw, de Roterdã, apresentou uma linha de móveis externos impressos em 3D com plástico reciclado de resíduos locais. “Não basta criar coisas diferentes, é preciso repensar todo o ciclo de vida do design”, afirma a cofundadora Foteini Setaki.

 

Já o Rockwell Group, de Nova York, colocou a cortiça em evidência com a instalação Casa Cork. Do piso às luminárias, tudo foi feito com o material, reforçando a missão de dar nova vida às bilhões de rolhas descartadas todos os anos. “A cortiça não é chamativa, mas está pronta para ser reinventada”, diz David Rockwell.

 

Outro material em alta é o cânhamo. O estúdio polonês Husarska desenvolveu, em parceria com a The True Green, um conjunto de jantar feito com cânhamo e resinas vegetais — alternativa sustentável à madeira e capaz de sequestrar até cinco vezes mais CO₂ do que florestas temperadas.

 

Beleza e propósito

 

Além de funcionais e sustentáveis, esses móveis precisam ser bonitos. “A narrativa sustentável deve caminhar junto com a estética”, resume Setaki.

 

Para o curador Juan  Torres, do DesignWanted, a revolução ainda é tímida, mas já visível. “A mudança está vindo de baixo para cima e ganhando velocidade.”

 

Com informações www.cnnbrasil.com.br

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