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Tradição chinesa ameaça espécie de madeira

Por Daniela Maccio - 20 de Junho 2017
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A prática milenar chinesa de confeccionar móveis de madeira tem ameaçado uma espécie rara de árvore típica da região sul e central da África. A escassez de pau-rosa na Ásia e a grande demanda pelos tradicionais móveis de madeira têm dizimado as árvores Mukula do continente.

 

Antes reservada para o público mais rico, os móveis de pau-rosa têm sido objeto de consumo da próspera classe média chinesa e seu comércio vem sendo estimulado ao longo dos anos. Dessa forma, diversas espécies de pau-rosa têm sido ameaçadas de extinção – das 33 espécies classificadas como pau-rosa na China, 16 correm risco - e alguns países passaram a impor leis mais rígidas para exploração da madeira.

 

Com a dificuldade de obter a madeira, os artesãos chineses passaram a recorrer à Mukula, uma espécie de árvore com crescimento lento e que é facilmente confundida com o pau-rosa. No entanto, a exploração massiva também tem ameaçado a espécie africana.

 

No ano passado, o fotógrafo chinês Lu Guang, que ganhou o prêmio World Press Photo 2003 por seu trabalho sobre camponeses infectados pelo HIV na província de Henan, viajou para Katanga, na República Democrática do Congo (RDC), e para a região leste da China para documentar a crescente indústria de Mukula.

 

Embora não haja estatísticas oficiais de quantas árvores Mukula foram derrubadas, a alta demanda pela madeira fez com que o governo de Zâmbia proibisse as exportações da espécie. Na China, uma tonelada da madeira é vendida entre US$ 2,5 mil e US$ 3,2 mil – o Greenpeace estima que são vendidas pelo menos 15 mil toneladas por mês em apenas quatro dos maiores mercados de Mukula em Zhang Jiagang, leste do país. Em 2012, o mercado de móveis de pau-rosa estava avaliado em pelo menos US$ 15 bilhões.

 

As autoridades da RDC têm feito alguns esforços para conter o mercado de Mukula. Em maio deste ano, a polícia local prendeu 14 madeireiros chineses por suspeita de exploração ilegal de Mukula. Entretanto, qualquer medida para conter a prática deveria partir da China. É o que avalia Wenjing Pan, ativista mundial do Greenpeace. “Como o mais influente mercado madeireiro do mundo, a China poderia e deveria apoiar os países africanos a conter o mercado e a exploração ilegal”.

 

Fonte: Quartz Media

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