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A boa-fé não sustenta o mundo: o preço da ilusão brasileira

Revisado Natalia Concentino - 24 de Agosto 2025
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Imagem criada por IA

A dívida pública dos EUA chegou a US$ 36,2 trilhões em 2025 (120,9% do PIB), inflada por déficits anuais de cerca de US$ 2 trilhões desde a pandemia. O déficit comercial — como os US$ 983 bilhões de 2023 — financia esse rombo, mas drena a indústria americana.


Enquanto o dólar for a moeda global, esse modelo se sustenta. Se ruir, a dívida se torna impagável. Por isso, os EUA precisam agir agora, enquanto ainda detêm superioridade militar, tecnológica e geopolítica. O presidente Donald Trump, com seu estilo polêmico, está forçando essa virada.

 

Desde 1945, os EUA moldaram a ordem mundial com o Plano Marshall, Bretton Woods, FMI, OMC e Otan, apostando em liberdade econômica e democracia como contrapartida. A China, porém, rompeu o acordo: manipula sua moeda, subsidia indústrias, restringe capitais e exige transferência de tecnologia. Via Brics, lidera a desdolarização. A Europa preserva subsídios agrícolas, enquanto regimes como Irã e Venezuela ignoram as regras. O soft power falhou — a volta do Talibã ao poder no Afeganistão é o exemplo mais claro.

 

Os EUA ainda lideram em defesa, IA, semicondutores e energia. Mas crescimento sem indústria é frágil: a tecnologia não substitui empregos da classe média. Corrigir distorções exige sacrifício — inflação em produtos importados, custos mais altos, menos conforto. Acostumados à prosperidade do pós-guerra, os americanos resistem. Mas sem dor, não há ajuste.

 

A estratégia de Trump — tarifas como arma de negociação, reindustrialização e acordos bilaterais — é dura, mas tem entregado. Em 2025, os EUA fecharam pactos com UE (US$ 600 bi em investimentos, tarifas de 30% a 15%), Japão (US$ 550 bi, mercados agrícolas e automotivos abertos), Reino Unido, Vietnã e Indonésia. Até a China aceitou uma trégua tarifária, liberando minerais críticos. O Brasil, porém, resistiu e acabou punido: tarifas de 50% sangram carne, soja e minério, enquanto o país segue dependente de fertilizantes e trigo americanos.

 

As críticas a Trump ignoram a inação dos demais. Por que a Europa não corta subsídios agrícolas? Por que a China não abre seus mercados? Todos apontam o dedo, mas ninguém corrige distorções próprias. Os EUA estão apenas reequilibrando um sistema viciado.

 

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Gustavo Franco alerta que tarifas criam “ineficiências” (Estadão, maio de 2024). Ian Bremmer teme isolamento (Time, março de 2025). Respeito-os, mas discordo. Os US$ 1,15 trilhão de investimentos vindos de UE e Japão mostram que tarifas forçam resultados que o liberalismo clássico não alcançou.

 

Nixon acabou com o padrão-ouro e abriu a China. Agora, Trump, tachado de populista, encara Pequim, tenta reverter a desindustrialização e redesenha o jogo. Sem essa ruptura, o mundo caminha para o domínio chinês: dólar enfraquecido, democracias sufocadas e a ordem global destruída. A ruptura é dura e inflacionária — mas indispensável.

 

Trump pode ser visto como “vilão necessário”. Força o realismo que a boa-fé não sustentou. O Brasil, assim como outros, precisa compreender isso — ou arcar com o preço.

 

Texto ajustado por IA do artigo de Walter Maciel, CEO da AZ Quest. 

Walter é formado em Economia pela PUC-RJ e cursou o Harvard Business School Owner President Management Program (OPM 52)

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