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Abre e fecha do comércio prejudica os pequenos varejistas

Por Natalia Concentino - 03 de Agosto 2020
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Quem vem acompanhando o noticiário desde março já percebeu que cada dia que passa um estado ou capital diferente anuncia alguma mudança no setor do comércio, conforme a evolução ou diminuição dos casos de Covid-19. Às vezes os governos estaduais falam em flexibilização e outras vezes em medidas mais restritivas. Lógico que com dimensões continentais do País fica difícil fazer com que as flexibilizações aconteçam de forma sincronizada, mas o grande problema ainda é o abre e fecha que acontece nas cidades, que parece só parar quando tivermos uma solução para a pandemia, ou seja, a vacina.

Vamos dar um exemplo prático para que esse pensamento fique mais claro. Enquanto escrevo essa reportagem, o comércio de Curitiba e mais sete regiões do estado reabre (com restrições de horário) depois de 15 dias fechado, por conta das medidas restritivas imposta pelo governo do estado às regionais de saúde de situação mais crítica no Paraná. E isso não é exclusividade dos paranaenses, pois dias antes informamos em nosso site que 37 cidades mineiras tinham permissão para retomar às atividades, assim como também noticiamos a reabertura do comércio de São Paulo depois de quase 100 dias de isolamento social.

Em São Paulo, depois da reabertura, as vendas haviam tido um crescimento médio de 35,2% até o dia 03 de julho, o que já era de imaginar, depois de tantos dias com a população trancada em casa. E quanto ao nosso setor? Bom, cada estado classificou as lojas de móveis e colchões de uma forma, uns optaram por abri-las logo na primeira fase de flexibilização por não gerarem aglomeração, no caso do Rio Grande do Norte, por exemplo, elas estavam nessa primeira fase, porém só foram liberadas para reabrir no oitavo dia após o início da flexibilização gradativa que aconteceu na região.

Para entendermos o quanto isso afeta os varejistas brasileiros, conversamos com o especialista Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da GS&Malls. “O que vem acontecendo não é positivo para o varejista, que acaba tendo muitas despesas quando tem de se preparar para fechar ou abrir o seu negócio, além de precisar uma boa gestão do seu estoque (principalmente no caso de perecíveis) e funcionários. E isso também não é bom para o consumidor, que pode se programar para fazer uma determinada compra e depois se deparar com o comércio fechado”, explica.

Apesar de saber que isso não é bom para a saúde financeira do varejo, Marinho entende que o abre e fecha não acontece à toa. “Nós sabemos que essas medidas são necessárias para controlar a disseminação da doença e lidar com as ocupações de UTIs. Nós não podemos esquecer que as UTIs também recebem pacientes que enfrentam outros problemas, portanto, não podemos deixar o sistema de saúde entrar em colapso”.

“O que estamos vendo no momento é que São Paulo se apresenta mais estável no aspecto das contaminações e internamentos, o Rio de Janeiro apresenta uma melhora, mas não podemos usar isso como base para as demais capitais na hora de optar ou não por medidas mais restritivas ou flexibilização, cada estado tem as suas particularidades. E isso serve como um sinal de alerta para mostrar ao varejo que nós estamos inseridos em um mercado muito grande e complexo no Brasil”, avalia o especialista.

Mas, segundo Luiz Alberto Marinho, o que mais causa preocupação são os pequenos e médios comércios e não as grandes redes que atuam em todo o país. “Os grandes varejistas possuem uma capacidade muito maior de logística, de estrutura, gestão e já estão com o online e offline integrados, o que é uma realidade totalmente diferente de quando falamos do pequeno e médio comerciante. Eles possuem menos acesso às ferramentas online.

Marinho lembra que esses varejistas menores enfrentam dificuldades de gestão, estoque e acesso ao crédito. “O que nós estamos vendo é que existe uma distância burocrática entre o anúncio da liberação de crédito e o dinheiro na conta, de fato. Por isso, algumas redes, franquias e entidades do comércio estão tomando a tarefa de tentar agilizar esse processo, o que poderia ser feito por mais entidades para ajudar varejistas que estão em situação de maior fragilidade”, opina.

Leia a matéria na íntegra clicando aqui e acessando a versão digital da edição 198 da Móveis de Valor.

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