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Após alta, venda de móveis cai em Minas

Por Edson Rodrigues - 21 de Julho 2011
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A atividade da indústria moveleira, que vinha apresentando crescimento “chinês” de dois dígitos ao ano, despencou no último trimestre (abril-junho). Segundo dados do Sindicato das Indústrias do Mobiliário e Artefatos de Madeira de Minas Gerais (Sindmov-MG), a queda das encomendas do varejo chega a 30% na comparação com o trimestre anterior. Em Ubá, na região da Zona da Mata, onde se concentra o terceiro maior polo moveleiro do Brasil, algumas fábricas tiveram que reduzir a produção em até 50% devido à diminuição da demanda.

Antes disso, as empresas do setor vinham embaladas pelo boom da construção civil. Em 2010, as vendas cresceram 10% em relação ao ano anterior, alcançando um faturamento de R$ 6 bilhões. A expectativa inicial dos empresários do setor era de que 2011 repetiria esse bom desempenho. O vice-presidente do Sindmov-MG, Dale Fialho, avalia que a inversão de tendência é resultado da elevação dos juros, das medidas de restrição ao crédito adotadas pelo governo e do aumento do endividamento dos consumidores.

De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias Moveleiras de Ubá (Intersind), Michel Henrique Pires, as empresas que fabricam móveis para grandes magazines são as que mais sofrem. “A demanda continua alta, mas a margem de lucro está muito reduzida”, diz Michel. Nas indústrias que produzem móveis com maior valor agregado a situação é diferente. É o caso da Apolo Móveis que não perdeu vendas no último trimestre. Para atender a demanda, a fábrica ampliou a área produtiva e vai inaugurar um novo centro de distribuição, com 10 mil metros quadrados, segundo o gerente de marketing da empresa, Rafael Martinez.

O vice-presidente executivo da Associação dos Lojistas e Representantes de Móveis de Minas Gerais (Alormov), José Oscar Silva Pinto, acredita que o quadro de esvaziamento pode ser revertido antes do fim do ano. Outubro, novembro e dezembro são considerados os “meses de ouro” da cadeia produtiva de móveis.
“As encomendas para o final do ano começaram a ser feitas agora e devem aumentar gradativamente nos próximos meses”, diz Pinto.

Produção está aquém da demanda

Apesar da produção significativa, Minas Gerais ainda precisa comprar móveis de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo para atender à demanda interna. Existem hoje 800 indústrias de móveis instaladas no Estado, sendo que 350 estão em Ubá. Uberlândia, no Triângulo Mineiro, e Carmo do Cajuru, no Centro Oeste, concentram a maior parte das demais fábricas mineiras.

Quinto maior fabricante do país, o Estado tem buscado ampliar o volume de exportações de móveis que, em 2010, representaram 7% da produção. O volume tem crescido gradativamente nos últimos anos. África, Arábia Saudita e Estados Unidos são os principais mercados compradores.

Financiamento caro desacelera os negócios no varejo

As vendas de móveis dependem, basicamente, do crédito direto ao consumidor. Por isso, as vendas desaceleraram, sobretudo nas lojas especializados em produtos populares, onde os financiamentos perfazem quase que a totalidade das vendas. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte existem 1.500 lojas de móveis – 50% do total do Estado. Em 2010, os estabelecimentos localizados na Grande BH movimentaram cerca de R$ 2,5 bilhões.

Na Líder Interiores, que possui 22 lojas no país – nove na Grande BH – as vendas tiveram um incremento de 23% entre janeiro e março deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado. A expectativa era de que o comércio permanecesse aquecido no trimestre seguinte, mas não foi o que aconteceu. “Com a retração registrada a partir de abril, fechamos o primeiro semestre com um aumento de apenas 7% em relação aos seis primeiros meses de 2010”, informa o gerente de Marketing da empresa, Tiago Nogueira Fonseca.

O resultado representa metade do crescimento alcançado pela Líder em 2010, quando o faturamento foi da ordem de R$ 105 milhões, o que significa um acréscimo de 14% na comparação com o ano imediatamente anterior.
Apesar da retração nas vendas no terceiro trimestre, a expectativa da rede é de que haja uma recuperação até dezembro. “Nosso objetivo é fechar o ano com uma receita de R$ 123 milhões, montante 15% maior do que o de 2010”, afirma Fonseca.

Na contramão das demais concorrentes, a Mobiliadora Universal encerrou o primeiro semestre de 2011 com um resultado 11% superior ao registrado nos seis primeiros meses de 2010. Os produtos revendidos pela empresa são direcionados às classes B e C. O gerente comercial da empresa, Alessandro Teixeira Soares, ressalta que o resultado positivo é reflexo de dois fatores. O primeiro é o tipo de móvel comercializado pela loja, feito a partir de madeira, diferente da maioria dos produtos ofertados no mercado atualmente, que utilizam aglomerado. O segundo é o investimento em serviços de montagem e entrega. “Esse é um diferencial importante para quem compra um móvel”, frisa Soares.

(Fonte: hoje em Dia)

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