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As entrelinhas das pesquisas

Por Inalva Corsi - 19 de Abril 2016

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Mensalmente o IBGE publica pesquisas sobre as mais diversas áreas da economia brasileira como a produção industrial, o comportamento do varejo, os preços na indústria, isso para ficar apenas nos mais importantes para o setor moveleiro. Embora com algum atraso (normalmente a pesquisa das vendas no varejo de móveis, por exemplo, do mês de fevereiro sai na primeira quinzena de abril), na medida em que nos dispomos a analisar mais detidamente a pesquisa e com uma base de pelo menos 12 meses, fica bastante perceptível as tendências nas 12 regiões pesquisadas: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Distrito Federal. E esta ordem não é por acaso, ela é determinada do Norte para o Sul em sentido horário, terminando no Centro-Oeste.

 

A análise a seguir é feita a partir de janeiro de 2015 e se estende até fevereiro de 2016, o último mês disponível. E, também, não por acaso, aquele foi o mês onde ainda se lia número positivo no acumulado de 12 meses (6,3%) na variação da receita nominal e já apontava índice negativo na mesma base de comparação para o volume de vendas de móveis (-0,8%). Importante também se observar que os dados positivos eram capitaneados pelos três estados do Nordeste e mais o Distrito Federal. E seguiria desta forma até abril quando o fôlego nordestino dava sinais de cansaço. Restava ainda o Distrito Federal puxando 14% de alta no acumulado de 12 meses até abril. Mas foi definhando com 8,7% em maio, 6,5% em junho, 5,3% em julho, 3,4% em agosto e em setembro era a única região ainda rodava no terreno positivo no acumulado de 12 meses, com 0,6%.

 

Os últimos três meses do ano tudo ficou no vermelho nas vendas de móveis no Brasil (sem trocadilho com a política). O acumulado de 12 meses em outubro registrava -8,7%, em novembro caiu mais (10,1%), em dezembro registrou -11,6%. E caiu mais uma vez em janeiro, chegando ao fundo do poço com -12%. E veja que estamos nos referindo a variação nominal de vendas. Este dado é mais importante, na nossa opinião, pois reflete a quantidade de dinheiro gasto pela população para a compra de bens.

 

Para se ter ideia das dificuldades de 2015 basta observar que no acumulado do ano, o último dado positivo ocorreu em abril, mas não no País que já amargava queda de 7,3%, mas sim no Ceará, Espírito Santo e Distrito Federal. Ou seja, bastaram vendas de quatro meses para perceber que as dificuldades de 2014 seriam ainda maiores em 2015. E como desgraça pouca é bobagem, Pernambuco, o segundo maior mercado do Nordeste, que vinha apresentando as melhores taxas até 2014, despencou em 2015 nada menos do que 19,2%, o pior resultado das 12 regiões pesquisadas. O resultado menos ruim foi o do Ceará com -6,7%.

 

E se a base de dados de um ano não é boa, obter números melhores no ano seguinte não é tão difícil. E foi o que se observou nos dois primeiros meses deste ano. Em janeiro, foram três regiões (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) que já registraram dados positivos, com o recorde histórico de expansão de MG com 90,8% na comparação com janeiro de 2014. Mas em fevereiro apenas cinco regiões continuavam em terreno negativo no acumulado dos dois meses (Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal) e, finalmente, em fevereiro de 2016, pela primeira vez em 13 meses, o acumulado das vendas no ano ficaram em terreno positivo de 0,2% no País.

 

 

 

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