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Casas Bahia será negociada com fundos

Por Daniela Maccio - 02 de Março 2017
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A Via Varejo, empresa do Grupo Pão de Açúcar e dona das marcas como Ponto Frio, Casas Bahia e Extra.com, está à venda desde novembro de 2016, quando os controladores enviaram um fato relevante ao mercado. Tudo indica que o negócio está próximo de ser fechado, tanto que, nos últimos dias, houve um movimento atípico na Bolsa de Valores de São Paulo (BMF&FBovespa). Apenas em fevereiro, as ações ordinárias (com direito a voto) acumularam alta de 24,31%, após queda de 13,4% em janeiro. O papel da Via encerrou a sexta-feira a R$ 4,04, com alta de 2,02% sobre véspera, na contramão da Bovespa, que caiu 1,18%.

 

“É preciso filtrar os boatos para saber por que as ações subiram tanto em tão pouco tempo. Há rumores sobre a proximidade de fechamento do negócio. Se essa operação acontece, dado o tamanho estratégico, a empresa precisa comunicar primeiro à CVM (Comissão de Valores Mobiliários)”, explicou o gestor de fundos de ações da Daycoval Investimentos, Juan Morales. Procurados, a Via Varejo e o Grupo Pão de Açúcar se negaram a comentar o assunto. A expectativa é de que a venda da Via Varejo ocorra até abril. Fontes do mercado citam a rede varejista brasileira Lojas Americanas e os fundos de investimento norte-americanos Advent e Carlyle entre os interessados. Procurada, a Lojas Americanas não comentou o assunto.

 

O sócio da área de fusões e aquisições da Pricewaterhouse Coopers (PwC), Marcio Vieira, aposta que os fundos de private equity são os candidatos mais fortes para o negócio, pois possuem grande volume de capital para investir no país. “Os ativos brasileiros ainda estão muito baratos, mesmo após as altas da BM&F Bovespa desde o ano passado. O momento é bom para esse tipo de investidor porque ele consegue aguardar a recuperação da economia, que ainda será lenta”, explicou o sócio da PwC.

 

Aliás, o mercado no qual a Via Varejo está inserida não iniciou uma retomada, de acordo com o superintendente de Estatísticas Públicas do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), Aloisio Campelo. O consumo das famílias tem um peso forte na atividade econômica e não vai conseguir puxar o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, segundo ele, pois o desemprego ainda é elevado e os brasileiros estão muito endividados. “Estamos saindo de uma onda de certo artificialismo na compra de bens não essenciais”, afirmou.

 

O estímulo do governo fez com que houvesse uma expansão no crédito não observada antes. “Muita gente que estava fora desse mercado acabou entrando e consumiu mais do que precisava”, asseverou. “As famílias estão num processo grande de desalavancagem, e não estão conseguindo comprar nem mesmo vestuário. As coisas já adquiridas estão sendo gastas. E, como a massa salarial ainda está em queda, o ajuste no mercado ainda será lento, porque a tendência atual é de aumento da informalidade do emprego”, alertou Campelo.

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