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Crise na oferta faz preço do TDI disparar

Por Edson Rodrigues - 26 de Outubro 2016

A oferta de TDI (diisocianato de Tolueno), um dos principais insumos na fabricação de espumas, vem tirando o sono dos fabricantes de colchões brasileiros. Além do aumento no preço, que triplicou na Europa no período de 12 meses e isso reflete rapidamente aqui no Brasil, existe a preocupação de que a matéria-prima venha a faltar. Para se ter ideia do nível de incerteza, apenas dia 12 de outubro, a cotação do TDI na China subiu 20%, alcançando US$ 3.100 a tonelada em Hong Kong, sendo que novos aumentos são esperados no curtíssimo prazo. Esta situação fatalmente vai ter forte impacto nos preços de colchões. “O repasse para o preço final do produto será inevitável”, admitiu um fabricante ouvido pela reportagem. 


O temor de que o abastecimento normal seja afetado no médio prazo se justifica pelo fechamento de fabricas, como a Mitsui, no Japão, que produzia 120 mil toneladas/ano, e Vencorex, na França, com 126 mil toneladas/ano; e, particularmente, em razão da Covestro (antiga Bayer) estar com sua fábrica na Europa trabalhando em regime de contingência. O comunicado oficial da empresa fala da “interrupção inesperada da produção de um fornecedor de ácido nítrico, o que fez com que a fábrica da Covestro na Alemanha, que produz 300 mil toneladas/ano de TDI, passasse a operar com capacidade reduzida. Por este motivo, a Covestro declarou força maior em 6 de outubro de 2016”. 
E a nota esclarece que a Covestro não consegue compensar totalmente as quantidades de matérias-primas necessárias mediante compra de outros fornecedores e que o fornecedor atual pretende reiniciar suas operações na semana de 11 de dezembro de 2016. Com base nesta informação, a Covestro está se esforçando para retomar gradualmente sua produção para um nível normal. “Nós lamentamos profundamente esta restrição e esperamos retomar as entregas de MDI, TDI e subprodutos para nossos clientes em breve”, afirma o CEO global Patrick Thomas. “Apesar da extensão do problema, não esperamos um impacto negativo em nossas metas de negócios para 2016”.


Para Rodrigo Melo, diretor da Plumatex, de Anápolis (GO), um complicador é que o Brasil hoje é totalmente dependente de distribuidores. “Desde o fechamento da fábrica da Dow, em 2012, não temos mais produção interna”, afirma Rodrigo, acrescentando que isso deixa o Brasil a mercê do mercado internacional. João Stockmanns, gerente comercial de negócios da Herval, de Dois Irmãos (RS), acredita que a restrição na oferta de TDI foi motivada pelo fechamento de fabricas no mundo, mas também pelas dificuldades na importação direta. “A sobretaxação da China, por exemplo, inibiu a importação daquele país”. Apesar disso, Stockmanns afirma que na Herval não houve falta de matéria-prima, embora a indústria tenha pago um preço mais alto pelo produto. “Se o preço do TDI continuar a subir novos repasses serão inevitáveis”.
Para o presidente da Abicol, Luis Fernando Ferraz, ainda não está faltando produto nas indústrias, mas a oferta é baixa no momento. De qualquer modo, a oferta tende a se normalizar apenas no médio prazo. “Várias fabricas que entraram em manutenção devem voltar a operar a plena capacidade. Porém, o preço ainda deve subir mais até se estabilizar”, destaca. Para Luis Fernando, que também é diretor da FA Colchões, de Maringá (PR), o cenário é complexo e exige atenção. “Certamente teremos que conviver com o preço maior até a oferta se normalizar, prazo este no momento desconhecido”, finaliza Luis Fernando.

 

Explosão no complexo da Basf na Alemanha
O temor da falta de TDI levou o mercado a especular que a explosão ocorrida no complexo da Basf, na Alemanha, teria comprometido a produção de TDI daquela empresa, principalmente pelo fato de que em novembro de 2015 a Basf inaugurou oficialmente sua planta de TDI, com capacidade de 300 mil toneladas/ano, neste complexo. A nota oficial da Basf informa que “o incêndio ocorrido no porto de North Harbor, em Ludwigshafen, no dia 17 de outubro, foi controlado no mesmo dia”. Ainda de acordo com a nota, “o incêndio teve como causa uma explosão durante os trabalhos em um gasoduto, o que ocasionou a queima de etileno e propileno, materiais base para a produção de soluções químicas”. Porém, o etileno e o propileno não são utilizados na produção de TDI.
Ludwigshafen, cerca de 80 quilômetros ao sul de Frankfurt, é o maior complexo químico do mundo, cobrindo uma área de 10 quilômetros quadrados e empregando 39 mil trabalhadores, de acordo com a Basf.

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