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Economia circular no setor

Por Daniela Maccio - 04 de Outubro 2016
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Sistemas vivos existem há bilhões de anos e vão continuar existindo por mais alguns bilhões... No mundo natural não existem aterros sanitários. Em vez disso, os materiais circulam. Os restos de uma espécie são alimentos para outras, a energia vem do sol, os seres vivos crescem, morrem e os nutrientes retornam ao solo com segurança. Tudo isso funciona em harmonia. Porém, o ser humano adotou uma abordagem linear, onde tudo é extraído, produzido e jogado fora. Isto, cada vez mais, desequilibra essa balança e torna difícil a recuperação do ecossistema.

 

Se nós aceitarmos que o modelo cíclico do mundo biológico funciona, será que podemos mudar o nosso modo de pensar, para que também funcionemos em uma economia circular? O conceito é baseado nessa inteligência da natureza, onde os resíduos são insumos para produção de novos produtos. De acordo com Fabíola Pecce, fundadora da Pasárgada, consultoria ambiental com sede em Porto Alegre (RS), a economia circular pressupõe um sistema onde não existem passivos. “Se eu chego ao final do processo e, pós-uso pelo consumidor, não consigo desviar este resíduo de aterro ou incineração, então eu devo voltar ao início do processo e refazer meu produto”, afirma a especialista. Ela ressalta que, “da maneira como nosso sitema e processos estão concebidos hoje, tem sido caro separar e reciclar os materiais colocados no mercado”.

 

Em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos prometia um novo olhar para o lixo. A intenção era priorizar a separação dos materiais, dar a destinação correta para cada item, estimular o consumo consciente e diminuir a geração de resíduos. Mas, os avanços caminham a passos lentos. Seis anos depois da PNR, existem apenas três acordos setoriais assinados. Para Fabíola, inovador é quem não está esperando pela lei para fazer sua parte. “Ao analisar o mercado de móveis como um todo, identificamos que poucos de fato usufruem dessa potencialidade. Ainda utilizando processos habituais, como a colagem de acabamentos, e usufruindo de matérias-primas não renováveis em abundância, este segmento terá muito ainda a desenvolver em métodos e processos para finalizar com um produto que pós-uso pelo consumidor tenha taxas de desmontabilidade acima de 70% e já não contenha materiais tóxicos entre seus componentes”, explica a especialista.

 

Cabe salientar, segundo ela, que as generalizações não soam justas, pois sempre existem os que fazem mais e os que fazem menos dentro de seus segmentos. Fabíola recorda o bom exemplo da Bortolini Móveis, de Garibaldi (RS), que ganhou o prêmio internacional IF Design, com uma prateleira toda concebida com os restos da produção de outras peças. Com o conceito de sustentabilidade já enraizado desde seu início, a empresa aplica iniciativas como captação de água da chuva, iluminação natural, energia limpa de produção e telhado verde, que consiste na implantação de solo e vegetação em uma camada impermeabilizada. Outra empresa do setor preocupada em dar um fim sustentável aos resíduos gerados no processo produtivo é a Artely, de São José dos Pinhais (PR). A fabricante implantou um projeto de reciclagem e reutilização de resíduos, que servem de matéria-prima para outras indústrias da região.

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