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Economistas preveem varejo mais fraco no 2º semestre

Revisado João Caetano - 17 de Setembro 2025
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O quarto mês seguido de queda nas vendas varejistas em julho, com o -0,3% divulgado nesta quinta-feira (11) pelo IBGE, reforçou a leitura de desaceleração da atividade, já antecipada pelos economistas, e teve como destaque o recuo em segmentos mais voltados à renda, como supermercados.

 

comércio varejista ampliado, que inclui segmentos ligados ao crédito, avançou 1,3% na comparação com junho — mas contraiu 2,5% frente ao mesmo mês do ano anterior.

 

Em sua análise, Rodolfo Margato, economista da XP, comentou que as atividades mais dependentes das condições de crédito vêm esfriando em meio ao cenário de juros elevados e aumento do endividamento das famílias.

 

Enquanto isso, ponderou, as atividades altamente vinculadas ao crescimento da renda permaneceram relativamente sólidas na esteira de um mercado de trabalho ainda robusto e altas transferências fiscais.

 

“Ao todo, prevemos um ligeiro crescimento nas vendas gerais no varejo ao longo do segundo semestre deste ano. A demanda doméstica continuará enfraquecendo, mas não prevemos uma reversão drástica”, estimou.

 

Ao avaliar os dados de julho, Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destacou os recuos de 2,9% nas vendas de tecidos, vestuário e calçados, e de hipermercados (-0,3%). Já as vendas de material de construção registraram alta de 0,4%, enquanto veículos, motocicletas, partes e peças subiram 1,8%. “Foi um mês positivo para o varejo como um todo, mas insuficiente para reverter a tendência de queda que o setor vem registrando”, comentou.

 

Leia: Cenário Mundial do Comércio de Móveis: Perspectivas para 2025

 

A economista disse que os resultados dos últimos meses reforçam a análise de que o varejo vem perdendo força ao longo deste ano. “Os números mais fracos vêm principalmente de segmentos sensíveis ao crédito, que são impactados diretamente pela Selic em patamar elevado, como veículos, materiais de construção, móveis e eletrodomésticos”, explicou.

 

Considerando este cenário, a projeção do C6 Bank é de que as vendas no varejo ampliado fechem 2025 com desempenho próximo a zero. Vale lembrar que, no ano passado, o setor cresceu 3,7%.”

 

Na opinião de André Valério, economista sênior do Inter, o resultado reafirma a tendência de desaceleração no setor, que já acumula quatro meses de queda, puxado principalmente pela piora no desempenho de supermercados, grupo com maior peso no índice e que recua pelo quarto mês seguido. “Assim, vemos que a desaceleração do varejo mais sensível à renda tem sido o principal determinante da desaceleração do setor”, afirmou.

 

“Esperamos para os próximos meses a continuidade dessa tendência de desaceleração à medida que o aperto monetário implique em continuidade na piora das condições de crédito e o mercado de trabalho comece a perder força na margem.”

 

Já para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a expectativa é de desaceleração no ritmo de expansão do comércio, refletindo a retirada dos estímulos fiscais e de crédito, além dos efeitos ainda presentes da inflação e dos juros elevados.

 

“Apesar desse cenário mais desafiador, projetamos que a perda de dinamismo será relativamente moderada. Fatores como o mercado de trabalho aquecido e a massa salarial ainda robusta devem continuar sustentando o consumo das famílias. Mantemos, assim, a projeção de crescimento de 2% para o setor em 2025.”

 

Fonte: Infomoney.com.br

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