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Eficácia das caixas para bebês é contestada

Por Evelyn - 19 de Outubro 2018
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Desde a década de 1930, a Finlândia tem uma tradição de distribuir caixas de papelão aos recém-nascidos, que contém produtos para bebês e podem ser uma alternativa aos berços tradicionais, minicamas e moisés, apesar da falta de evidências sobre sua segurança, alertam especialistas. As caixas são oferecidas gratuitamente a famílias de recém-nascidos no país.

 

A iniciativa também foi adotada em outros lugares do mundo, como na Escócia e em partes da Inglaterra. Agora, o Royal College of Midwives, que representa as parteiras britânicas, quer implementar o sistema em todo o Reino Unido, no intuito de oferecer um "início de vida mais igualitário" para a população. Entretanto, os especialistas estão demonstrando preocupações sobre a segurança das caixas, que vêm com um colchão, para dormir.

 

Em carta à revista científica BMJ, o professor Peter Blair e seus colegas dizem que elas só devem ser usadas como cama temporária se nada mais estiver disponível. O Royal College of Midwives diz que as caixas reduzem a chance de os bebês dormirem de forma insegura, seja em superfícies como sofás ou ao lado de pais que fumam, consomem álcool ou usam drogas, beneficiando especialmente aqueles que nascem em ambientes carentes. No entanto, Blair e seus colegas, incluindo representantes da instituição Lullaby Trust, especializada em prevenir mortes súbitas em crianças, afirmam haver falta de evidências sobre o quão seguras as caixas são para os bebês dormirem. Eles alertam que é mais difícil para os pais verem os filhos quando estão dormindo nas caixas.

 

Além disso, algumas caixas, particularmente aquelas que não são laminadas, podem ser potencialmente inflamáveis ou deixar os bebês mais vulneráveis a animais de estimação e irmãos pequenos se forem mantidas no chão. Elas também são pequenas demais para a maioria dos bebês com mais de três meses, e não há evidências de quão duráveis são.

 

Os especialistas argumentam que tampouco há provas de que as caixas tenham ajudado a Finlândia a alcançar uma das menores taxas de morte súbita infantil (SIDS, na sigla em inglês) no mundo, como costuma ser divulgado. Segundo eles, as taxas de SIDS são igualmente baixas nos países vizinhos, como a Suécia e a Dinamarca, onde as caixas não são fornecidas.

 

Em resposta à carta, o Royal College of Midwives destacou que seu posicionamento sobre as caixas havia reconhecido que há evidências limitadas de que elas reduzam a morte súbita infantil.

 

A instituição afirma que as caixas de bebê precisam ser seguras, de alta qualidade e devem cumprir, assim como o colchão, os padrões mínimos de segurança do Reino Unido. "Embora a evidência em torno da eficácia das caixas de bebê ainda esteja sendo debatida, o que sabemos é que elas fornecem a todos os pais os elementos essenciais necessários para dar ao bebê recém-nascido o melhor começo de vida", declara o Royal College of Pediatrics and Child Health, órgão que supervisiona a saúde infantil no Reino Unido.

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