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Estudo mostra desindustrialização em SC

Por Edson Rodrigues - 28 de Setembro 2012
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De acordo com pesquisa realizada pela UFSC, apresentada na sexta-feira (21) durante a reunião da Federação, a desindustrialização na indústria de transformação catarinense é relativa. Os segmentos de madeira e móveis são os que mais estão sendo afetados. Enquanto isso, os segmentos de alimentos, papel e celulose, plásticos, máquinas, equipamentos e material de transporte enquadram-se numa situação intermediária de desindustrialização. O valor da adicionado da produção sofreu queda, no entanto, existe manutenção ou alta no nível de emprego.

"O atual cenário econômico aumenta a competição no mercado internacional, com mais países disputando um mercado cada vez menor. O trabalho da UFSC traz um dado preocupante, que é o aumento da participação dos produtos básicos na pauta de exportação do Estado" explica o presidente do Sistema FIESC, Glauco José Côrte, ressaltando que a crise internacional que está afetando o Brasil é do mesmo porte da vivida em 2008. Durante a reunião, Côrte informou que em 2000, 67% dos produtos embarcados eram industrializados contra 33% de básicos. Em 2011, os industrializados caíram para 54% enquanto os básicos subiram para 46%. "Isso mostra que produtos manufaturados do Brasil estão perdendo competitividade no mercado internacional", alertou.
Segundo coordenador do estudo, o professor do departamento de economia da UFSC, Sílvio Cário, a indústria, que sempre foi o carro-chefe de criação de riqueza, vem perdendo representatividade ao longo dos anos. "Alguns setores têm perdido participação no valor adicionado e de vendas e no emprego, mas em outros segmentos há estabilidade e crescimento dessas variáveis", disse ele.

Pela ótica do PIB, a indústria brasileira de transformação vem perdendo dinamismo na economia nacional. Na década de 1980 representava 35% do PIB e hoje 18%. Santa Catarina acompanha essa tendência. Em 1996 a indústria representava 26% do PIB e em 2009 fechou com 22%. "O setor não perdeu mais participação por conta da ascensão dos segmentos de infraestrutura que engloba energia elétrica, gás e esgoto", explicou o professor.
Conforme o levantamento, a indústria, em países desenvolvidos perde participação na formação do PIB e cresce em representatividade no setor de serviços. Cário destaca o setor secundário dos países emergentes ainda não cumpriu suas funções e muitos setores estão perdendo o dinamismo rapidamente. No país, observa-se desde 1980 uma diminuição da participação da indústria na geração de riquezas. O professor salientou que quando esse fenômeno ocorre em economias mais avançadas, não há prejuízo porque há crescimento da renda per capita, que chega a ser em torno de US$ 25 mil. No Brasil, a indústria reduz a participação diante de uma baixa renda per capita, que hoje é de aproximadamente US$ 5 mil.

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