Maurício Arruda leva humor à decoração
Por Edson Rodrigues
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06 de Setembro 2012
Luminárias feitas de garrafas plásticas, móveis produzidos com material de reuso, poltronas em forma de rede. Não, você não está em uma central de reciclagem. Todas essas são peças de um dos mais badalados designers brasileiros da atualidade: o arquiteto paranaense Maurício Arruda.
O segredo de seu trabalho, que já despertou o interesse até da rede sueca Ikea, está justamente na capacidade de unir sustentabilidade, irreverência e brasilidade. “Bom humor é fundamental”, diz ele, que se destaca por utilizar os mais inusitados e variados materiais, sem nenhum preconceito.
Toda essa irreverência, no entanto, está embasada em estudos muito sérios. Maurício participou como colaborador latino-americano na elaboração da Agenda 21 para Construção Sustentável nos Países em Desenvolvimento e desde então desenvolve pesquisas sobre design de interiores, mobiliário e eco-design.
Para ele, a sustentabilidade se tornou um dos aspectos mais importantes para o design na atualidade. “Estamos falando de algo que não tem uma dimensão apenas ambiental, mas também social, econômica e cultural”, explica.
Arruda acredita que o Brasil pode se tornar uma referência para o design contemporâneo se conseguir lidar com suas limitações industriais e desenvolver um estilo que traduza nossa cultura, tenha alcance social e cause menos impactos ao meio ambiente.
O arquiteto lembra, no entanto, que “a sustentabilidade não se sobrepõe a outros critérios clássicos que sempre deverão ser levados em conta: funcionalidade, beleza, segurança, preço e durabilidade”.
Inspiração e criatividade
O conceito é sempre o ponto de partida das peças de Maurício Arruda. Quando começa a criar uma obra ele sempre pensa em que história quer contar com ela, o que quer que as pessoas pensem quando a virem pela primeira vez e que tipo de relação o usuário vai estabelecer com o objeto.
“Todos os materiais têm potenciais diferentes. Estou trabalhando com várias peças em metal nos últimos meses. Além da poltrona rede, vou lançar este ano uma luminária e cadeiras com o mesmo material”, conta o arquiteto.
Reuso, sustentabilidade, brasilidade, interação e bom humor são temas recorrentes em seus projetos. Aliás, criatividade é o que não falta. “No caso da René Descartes queria rediscutir nossas definições de lixo e matéria prima, além da nossa relação com o resíduo que geramos”, explica ele, referindo-se a uma linha de luminárias que criou com vasilhames de produtos de limpeza.
Outro objeto de sucesso é a poltrona rede, que ele levou dois anos para desenvolver. “Queria usar a rede como estrutura para uma poltrona pois acredito que essa peça tem identidade e DNA brasileiros”, afirma Arruda.
Mas o xodó do arquiteto é a linha José. “É um móvel que traduz muito o DNA de meu trabalho, pois é urbano, flexível, bem humorado, colorido e com baixo impacto ambiental”, diz. O móvel é feito de materiais certificados (madeira), reciclados (caixas de plástico) e recicláveis (pés de ferro).
(Fonte: Terra)




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