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Pandemia faz Via Varejo mostrar potencial de seu e-commerce

Por Natalia Concentino - 14 de Maio 2020
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A esta altura, você já sabe que a Via Varejo lucrou R$ 30 milhões no primeiro trimestre, revertendo as perdas de R$ 50 milhões de um ano atrás. Já viu, também, que as ações reagiram favoravelmente no pregão de quinta-feira (14).

Então, vamos ao que interessa: a pandemia de coronavírus provou que a companhia está pronta para brigar, de igual para igual, no varejo online.

A avaliação é compartilhada por todos os analistas que já se pronunciaram sobre seu desempenho, desde a divulgação do balanço, na noite de quarta-feira (13). O consenso representa uma mudança digna de nota do mercado, que desconfiava que a Via Varejo tivesse demorado demais para entrar no e-commerce.

De um lado, os analistas viam nativas digitais, como o Mercado Livre e a B2W, consolidarem suas posições no varejo digital. De outro, o Magazine Luiza acelerava o passo na direção de se tornar uma empresa multiplataforma, ou omnichannel, no jargão do setor.

Alguns analistas, inclusive, já ignoravam a Via Varejo como um ator relevante neste mercado, e esperavam uma guerra entre o Magazine Luiza, o Mercado Livre e a B2W.

Força das circunstâncias

Mas, eis que a pandemia de coronavírus impõe o fechamento de lojas físicas e o isolamento social. E a empresa reage com força. “Acreditamos que a Via Varejo está rapidamente encurtando o gap existente entre ela e os principais players do canal online”, afirma Georgia Jorge, que assina o relatório do BB Investimentos.

Georgia acrescenta que tal avanço “traz maior segurança quanto à sua capacidade de ser um grande ominicanal do varejo, focado também em soluções digitais como meios de pagamento e super app.”

Em relatório obtido pelo Money Times, o UBS vai na mesma linha, ao destacar o forte crescimento das vendas online da empresa. Além de lançar um novo app (o Via+), os canais já existentes apresentaram um salto nas últimas semanas.

O canal 1P (venda online direta, em que o consumidor adquire produtos do estoque da Via Varejo) cresceu 260% em abril, na comparação com o mesmo mês de 2019. Já o marketplace (3P) aumentou 130%.

Nele, outras empresas utilizam o ambiente criado pela companhia para vender seus produtos aos clientes, e a Via Varejo recebe uma comissão.

Para o Credit Suisse, é hora de todos prestarem atenção na concorrência da Via Varejo no mundo digital. Victor Saragiotto e Pedro Pinto, que assinam o relatório conseguido pelo Money Times, afirmam que “o abrupto crescimento das vendas online, em abril, provavelmente chamará a atenção dos investidores, que poderiam começar a incluir a Via Varejo na cesta do e-commerce”.

Os analistas acrescentam que ainda há um longo caminho pela frente, mas “a disposição da companhia em preservar seu capex para a transformação digital e os resultados já entregues nos deixam bem otimistas.”

Roteiro

Parte desse caminho já está mapeado e deve ser percorrido nos próximos meses, ainda sob o impacto da quarentena. Guilherme Assis e Felipe Reboredo, que respondem pelo relatório do Banco Safra, observam que a Via Varejo divulgou também um plano para o varejo digital, que será iniciado em 60 dias.

Ele prevê uma série de melhorias e novos serviços e funcionalidade para os clientes, maior integração entre os estoques dos canais 1P e 3P, com o objetivo de aumentar o poder de vendas de sua equipe, histórico de compras dos clientes e crédito pré-aprovado, entre outros.

“Também destacamos a rápida adaptação ao cenário da Covid-19”, acrescentam os analistas. Para se ter uma ideia, ferramentas simples, como uma hashtag no WhatsApp (#mechamanozap), permitiram que seus vendedores continuassem atendendo, mesmo em casa.

Segundo a Via Varejo, o resultado foi alcançar 70% da meta de vendas em abril, mesmo com 80% das lojas fechadas. Se havia alguma dúvida de que a Via Varejo não está no mundo digital para brincar, os números são um bom argumento para os rivais (e analistas) mudarem de ideia.

(Com informações do Money Times)

 

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