Polônia, gigante moveleiro, mira expansão no mercado dos EUA
Em um ano marcado por intenso escrutínio sobre o comércio internacional, muitos players da indústria de móveis têm reavaliado suas estratégias globais de fornecimento. Nesse movimento, fornecedores e compradores voltam seus olhos para a Polônia — um dos maiores polos moveleiros do mundo — em busca de novas oportunidades e parcerias de longo prazo.
A OIGPM (Ogólnopolska Izba Gospodarcza Producentów Mebli), a Câmara Nacional de Comércio de Fabricantes de Móveis da Polônia, com sede em Varsóvia, desempenha papel central nesse processo. A entidade representa os fabricantes poloneses dentro e fora do país, promovendo o mobiliário local e organizando pavilhões em grandes eventos internacionais, como o High Point Market.
Durante uma visita recente da revista Furniture Today a diversos fabricantes poloneses, representantes da OIGPM se reuniram com a equipe editorial para apresentar as principais iniciativas da indústria. Entre eles estava Agnieszka Chmielewska, responsável pela comunicação das relações polaco-americanas.
Em entrevista à publicação, ela comentou o atual cenário do setor e o potencial de crescimento das exportações para os Estados Unidos.
“Segundo diversas fontes, as exportações de móveis poloneses para os EUA representam cerca de 3% a 4% do total das nossas exportações”, afirmou, destacando que as recentes mudanças nas políticas tarifárias têm ampliado a complexidade dos processos de produção, logística e negociação — etapas que podem levar vários meses.
“É difícil lidar com uma realidade de constantes alterações nas taxas alfandegárias”, disse Chmielewska. “No entanto, se a União Europeia mantiver uma tarifa mais favorável em comparação com os países do Extremo Oriente, temos todas as condições para aumentar nosso volume de exportação para o mercado americano.”
Segundo ela, a força da indústria polonesa está na diversidade e na alta qualidade. “Ao lado de grandes fábricas que produzem centenas de milhares de unidades por ano, há milhares de empresas menores e especializadas, capazes de atender a encomendas específicas e personalizadas. Essa flexibilidade nos permite atuar tanto com grandes redes varejistas quanto com distribuidores boutique.”
Além disso, a localização estratégica da Polônia — no centro da Europa e com acesso aos principais portos marítimos — garante agilidade no transporte para os EUA, um diferencial importante no ambiente atual.

Proposta de valor
Chmielewska destaca que os fabricantes poloneses oferecem uma proposta de valor baseada em “qualidade, design e padrões europeus a um preço razoável”. As matérias-primas de alta qualidade, como madeira maciça de florestas europeias bem manejadas, somadas aos rigorosos padrões de controle, garantem durabilidade e precisão no acabamento.
“Durante anos, o mobiliário polonês competiu principalmente pelo preço, mas esse estereótipo já ficou para trás. Hoje, nossa maior força é oferecer um excelente custo-benefício.”
A executiva reforça também a narrativa de sustentabilidade — um atributo cada vez mais valorizado pelos consumidores americanos. “Para nós, sustentabilidade e ecologia não são artifícios de marketing; tornaram-se um padrão. Operando dentro da União Europeia, cumprimos alguns dos padrões ambientais mais restritivos do mundo.”
Ela cita o aumento do uso de madeira certificada FSC e tecnologias de baixo teor de COVs, como vernizes e adesivos à base de água. “Isso é crucial para a qualidade do ar interior e especialmente importante para consumidores conscientes.”
O avanço da economia circular também está presente. “Cada vez mais empresas minimizam o desperdício, recuperam energia dos processos e projetam móveis com foco na durabilidade e na reciclabilidade.”
Pessoas no centro
Para Chmielewska, o maior diferencial da indústria polonesa é humano. A combinação entre tecnologia, tradição artesanal e atenção ao detalhe forma a base da reputação do país no setor.
“O verdadeiro coração da nossa indústria são as pessoas”, afirma. “Os trabalhadores poloneses combinam algo único: uma longa tradição de artesanato com conhecimentos de engenharia moderna. Em muitas regiões, o fabrico de mobiliário é um patrimônio transmitido de geração em geração.”
Segundo ela, essa herança cultural se traduz em compromisso, precisão e qualidade. “Nossos funcionários não são apenas operadores de máquinas; são especialistas, tecnólogos e artesãos capazes de resolver problemas complexos e profundamente comprometidos em criar um produto do qual possam se orgulhar.”
“É justamente esse fator humano que nos permite produzir móveis de alta complexidade e excelente acabamento.”




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