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Por que as embalagens de papelão subiram tanto de preço?

Por Natalia Concentino - 06 de Outubro 2020
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Do painel à embalagem, a indústria de móveis enfrenta dois problemas, deficiência no fornecimento e aumento significativo de preços. E existem diversas razões que explicam as duas situações. As principais são o mercado mundial que está em franca expansão depois da pandemia, associado ao câmbio desfavorável, ou seja, o dólar alto estimula as vendas externas; a parada da produção durante certo período, por causa da quarentena; e, em alguma dose, a ganância de alguns fornecedores.

No caso específico das embalagens de papelão ondulado existe um aspecto um pouco diferente. Ela também foi impactada pela pandemia – em abril e maio registrou desempenho inferior ao registrado nos mesmos meses de 2019. Mas, com exceção desse bimestre, todos os demais registraram resultados positivos, tanto que a expedição de caixas e chapas de papelão ondulado cresceu 3,7% na comparação entre os oito primeiros meses de 2019 e 2020. O problema é que o setor não trabalha com estoque: a produção é realizada sob encomenda. Desde a recuperação em junho, estão sendo registrados recordes mensais e a expectativa da Associação Brasileira de Papelão Ondulado (ABPO) é de que esse cenário permaneça até o fim do ano.

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A presidente da ABPO, Gabriella Michelucci, informou à Gazeta do Povo que o setor sofreu com a elevação de custo das aparas, impacto do câmbio sobre insumos e peças de reposição e mais uma particularidade: a redução da reciclagem, em virtude de mudanças no trabalho das cooperativas, catadores de papel e coleta seletiva. “O setor trabalha para recuperar a coleta no mesmo nível pré-pandemia e atender a demanda. A redução de ofertas de aparas acabou gerando aumento de preço, desde a retomada, em função do alto consumo”, explicou. No Brasil, o uso de papel reciclado na produção do papelão ondulado chega a mais de 70% do total produzido, segundo a ABPO.

Essa mudança rápida no padrão de consumo levou a indústria do papel ondulado a estender o prazo de entrega. Gabriella observa que grande parte da indústria operava com prazos de 7 a 30 dias, que foram ampliados para até 60 dias. A previsão de regularização nas entregas é de médio a longo prazo. “A depender de como seguirá a economia, principalmente em função do término do auxílio emergencial”, pontua.

Mas, é claro que há excessos. Semana passada chegou à redação da Móveis de Valor informação, confirmada depois, que em Minas Gerais tem empresa fornecedora de embalagens para as indústrias de móveis repassando alta de 70% no preço. Outras preferem deixar o preço em aberto quando se trata de pedido programado para mais de 30 dias de entrega.

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