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Relação comercial com a Argentina está frágil

Por Edson Rodrigues - 25 de Fevereiro 2014
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A desvalorização do peso argentino no fim de janeiro não é o único motivo para a cautela de fabricantes de móveis gaúchos nas negociações com o país vizinho. De acordo com o presidente da Movergs, Ivo Cansan, além de considerar que o Brasil também sofreu desvalorização do real, o fator que mais afeta as negociações com a Argentina é a falta de respeito às normas estabelecidas para o comércio internacional.

A baixa de mais de 20% na moeda argentina influenciou negativamente uma relação que já vinha enfraquecida. “Há muito tempo essa relação vem sendo prejudicada pelo não cumprimento, por parte da Argentina, dos acordos firmados. A política argentina para importação de produtos é muito burocrática, demorada e instável.”, revela o presidente. Em 2008, o Rio Grande do Sul reduziu em 70% suas exportações para o país.

A recomendação aos fabricantes, segundo Cansan, “é a de somente enviar o produto quando o dinheiro referente à transação estiver na sua conta, pois esse trâmite (de liberação de valores) é muito penoso no país vizinho, e sempre associado ao saldo das exportações deles, de modo a manter um falso equilíbrio na balança comercial (ou seja – uma importação somente será liberada quando houver saldo exportador na mesma medida, o que pode protelar por meses a execução de um negócio)”. O procedimento é extremo, mas pode ser a única forma de prevenir-se diante das dificuldades nas negociações com a Argentina.

Outra opção é o investimento em outros mercados, com regras mais confiáveis de exportação. “Esse procedimento requer investimento em pesquisa de mercado, em adaptação de produto e prospecção comercial. Apesar de ter retorno a médio e longo prazo, é uma opção que vale muito ser considerada”, explica Cansan. É o que as indústrias moveleiras gaúchas têm feito. Fabricantes trabalham na prospecção de novos mercados e alcançam bons resultados. Prova disso foi o crescimento registrado nas vendas internacionais, de 2,6% em 2013, no comparativo com o ano anterior.

Segundo dados da pesquisa mensal de exportações, divulgada pelo MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Turismo) a Argentina, um dos principais destinos dos móveis brasileiros, importou 17,8% menos, caindo a representatividade de 17% para 14,5% do total exportado pelo Brasil.

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