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Setor de móveis vive bom momento nas vendas

Por Edson Rodrigues - 06 de Agosto 2012
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Se a casa própria deixou de ser um sonho para se tornar a realidade de grande parte dos bauruenses, mobiliar e decorar o novo lar também tem sido um desejo de consumo cada vez mais recorrente. Ainda que o número de estabelecimentos que comercializam móveis tenha aumentado consideravelmente nos últimos anos, os empresários não têm do que reclamar. O setor vive um momento de superaquecimento, impulsionado pelo crescimento do poder de consumo da população e pelos incentivos do governo federal.

Segundo estudo recente realizado pelo Instituto Data Popular, nos últimos dez anos os gastos com a aquisição de móveis aumentaram 56,8% no país. Em 2011, o setor movimentou R$ 41,7 bilhões, ante os R$ 26,6 bilhões desembolsados em 2001 (leia mais abaixo).

Em Bauru, São Paulo, o número de lojas moveleiras não para de crescer. E mesmo os estabelecimentos já consolidados na cidade diversificaram sua gama de produtos para atender um leque maior de consumidores.

Um deles, instalado há cerca de 30 anos na zona sul de Bauru, atendia predominantemente às classes A e B há pouco mais de cinco anos atrás. Desde então, passou a criar móveis com preços mais acessíveis, para suprir a demanda crescente das famílias que tiveram aumento de renda e ascenderam à classe C.

“Hoje, temos, por exemplo, cozinhas completas - com armários, bancada, mesa e cadeiras - que custam R$ 5 mil. Mas o valor pode chegar a R$ 40 mil. Todo tipo de público vem comprar”, salienta o gerente José Vicente Barbosa.

Em outra loja também de alto padrão, localizada na Vila Universitária, as compras podem ser parceladas em até 36 vezes, uma forma de permitir a qualquer cidadão comum o que antes era privilégio das classes mais altas: design, personalização, funcionalidade e peças inspiradas nas principais tendências do mercado.

“O consumidor está cada vez mais exigente e procura móveis planejados para sua residência. Além de bons produtos, temos de facilitar o pagamento. As classes A, B e C estão gastando bem com este tipo de investimento para casa”, comenta o proprietário Igor Simão, que aumentou sua rede de lojas de duas para cinco unidades nos últimos dez anos.


Bom e moderno

A mesma demanda por mobília moderna e de boa qualidade é verificada na loja gerenciada por José Vicente Barbosa. De acordo com ele, os itens mais procurados são para sala e cozinha, cômodos onde os moradores costumam receber amigos, para quem podem mostrar seu bom gosto e padrão de vida em ascensão.

“Uma tendência são salas com home theater e cozinhas gourmet (com fogão embutido na bancada e forno embutido com o armário de parede). Já os quartos, pela ordem de prioridade, costumam ficar em segundo plano”, frisa, reconhecendo que os móveis ficaram cerca de 50% mais caros nos últimos cinco anos, devido ao aumento do custo de matérias primas e de mão de obra qualificada, cada vez mais difícil de encontrar.

Exatamente pelo encarecimento de custos e também pelo aumento da concorrência, o proprietário de dois estabelecimentos de Bauru, Jaciel Alves Ferreira, diz que o momento vivido pelo setor poderia ser bem melhor que o de agora. “A cada dia que passa, aparece uma loja nova, o que faz com que os lucros caiam. Mesmo assim, continuamos vendendo bastante itens para sala, como racks e home theater, porque muitas pessoas tem comprado TV de tela plana”, diz.
 

Classe C

Nos últimos dez anos, os gastos com a aquisição de móveis aumentaram 56,8% no Brasil – de R$ 26,6 bilhões em 2001 para R$ 41,7 bilhões, em 2011. Atualmente, a classe C é responsável por quase metade desse consumo, com 46,5% de participação. Já as classes A e B respondem por 33,8% deste valor e a D contribui com 19,7%.

O levantamento é do Instituto Data Popular, com base nos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
 

Crédito, casa própria e IPI impulsionam crescimento

A maior facilidade de acesso ao crédito, o aumento da oferta de imóveis e o crescimento do poder de consumo da população estão entre os principais fatores que colaboraram para a elevação da demanda por móveis e objetos de decoração nos últimos cinco anos, em Bauru. Associado isso, desde o início do ano o governo federal, para estimular a economia, reduziu o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) de produtos da chamada linha branca - como geladeiras e fogões - e também dos próprios móveis. O benefício segue até o final de agosto para os eletrodomésticos e até setembro para o setor moveleiro.

“Com a ascensão de um maior número de pessoas à classe média, muitas famílias passaram a investir em moradia, seja em reforma de ampliação ou aquisição de um imóvel próprio ou maior, principalmente por meio do Programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. E o estímulo adicional, agora, veio com a redução tributária”, frisa o economista Reinaldo Cafeo.

De acordo com ele, todos os estabelecimentos que comercializam móveis têm se beneficiado desta conjunção de fatores favoráveis. Mas, como a classe C representa quase metade dos consumidores deste tipo de item (leia mais abaixo), as grandes redes de magazines são os que mais têm lucrado diante deste momento.

“Eles souberam explorar a publicidade intensiva para despertar o desejo e o interesse do consumidor, destacando a redução de preços por conta do abatimento no IPI e oferecendo parcelamentos a perder de vista”, comenta.

 
‘Na minha casa nova, não entra móvel velho’

A gerente comercial Andréia Araújo Nakasato, 30 anos, pretende terminar de construir sua casa no começo do ano que vem. Até lá, planeja adquirir, aos poucos, móveis e objetos de decoração novos para compor os ambientes do jeito que sempre sonhou.

“Na minha casa nova, não vai entrar móvel velho. Quero trocar tudo”, comenta ela, que irá mudar-se da Vila Independência para a Vila Falcão. O primeiro item deve ser um sofá, que ela já começou a procurar nas lojas de Bauru. Ontem, em um estabelecimento nas imediações do Bauru Shopping, encontrou um conjunto de duas peças que agradou nos quesitos aparência, conforto e preço.

“Tinha gostado muito de um de R$ 4 mil, mas, para mim é muito caro. Talvez eu leve este de R$ 1,8 mil, que também é muito bonito”, pondera ela, que ainda pensa em comprar o restante dos móveis para a sala, além de remobiliar a cozinha e o quarto dela e da filha.  

A amiga Ângela Ribeiro, 35 anos, moradora do Núcleo Gasparini, também planeja adquirir um sofá e aprovou o mesmo modelo escolhido por Andréia. “Como a qualidade é muito boa, achei o preço razoável. E a loja parcela em até 10 vezes sem juros. O meu sofá está muito velho e desconfortável. Vale a pena”, comenta.

Já a responsável pelo departamento comercial de uma empresa da cidade, Paula Retz, 27 anos, pretende mobiliar todos os cômodos, de uma só vez, de um apartamento de 45 metros quadrados, recém-adquirido nos Altos da Cidade. “Ainda estou pesquisando preços. Quero fazer alguns orçamentos em algumas lojas, porque não tenho ideia de quanto terei de gastar. Depois, vou decidir se vou morar nele ou se vou alugar”.

(Fonte: JCnet)

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