Tarifaço de Trump pode afetar exportações de móveis para os EUA
O tarifaço de 50% sobre todos os produtos importados do Brasil anunciado nesta quarta-feira (9) pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, surpreendeu pela magnitude da alíquota e pode causar sérios impactos às exportações catarinenses. Nos últimos anos, os EUA têm sido o principal destino dos produtos de Santa Catarina, e a nova medida representa um forte revés para a indústria do estado.
O primeiro vice-presidente e presidente eleito da Federação das Indústrias de SC (Fiesc), Gilberto Seleme, avaliou que será necessária uma atuação urgente do Itamaraty e do Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços para tentar reverter a decisão.
“O setor industrial catarinense se modernizou e se globalizou. A maioria das exportações da indústria de Santa Catarina é para o mercado norte-americano. Mas com um tarifaço desses, nós perdemos toda a competitividade que fomos ganhando ano a ano. Sem poder exportar aos EUA, a opção é buscar outro mercado, mas não existe país que absorva o volume que produzimos. O mercado interno também não comporta”, lamentou Seleme.
Segundo ele, embora o comunicado de Trump sinalize abertura para negociação, a situação exige forte articulação diplomática para evitar perdas irreparáveis à economia catarinense.
Impacto direto sobre setor moveleiro
Para o vice-presidente da Fiesc no Planalto Norte, Arnaldo Huebl, que atua na região de São Bento do Sul — polo moveleiro do estado — a nova tarifa torna as exportações do setor inviáveis.
“A tarifa de 50% inviabiliza nossas vendas aos EUA. A China vai estar mais barata que nós. Nós tínhamos uma vantagem competitiva porque os chineses enfrentavam uma taxação maior. Agora, com o cenário invertido, não conseguiremos competir. Isso significa queda nas exportações e aumento do desemprego” alerta.
Ele explicou que os contratos do setor são de curto prazo e que um importador pode simplesmente suspender uma compra com uma ligação. Em média, os pedidos de móveis são feitos com prazo de três meses, tempo suficiente para produção e envio.
Exportações ameaçadas
Os Estados Unidos são o principal destino das exportações de Santa Catarina, especialmente de produtos industrializados e de alto valor agregado. Em 2024, o estado exportou US$ 1,7 bilhão para os EUA. No primeiro semestre deste ano, foram US$ 847,2 milhões.
Trump anunciou que a nova tarifa entra em vigor em 1º de agosto. Caso não haja acordo, a tendência é de queda gradual nas vendas, conforme os contratos forem expirando. A China, principal concorrente do Brasil, tende a se beneficiar, já que conseguiu reduzir suas tarifas de 125% para 30% em negociações anteriores com os americanos.
Entre os principais produtos exportados aos EUA por Santa Catarina estão produtos de madeira para construção civil e móveis de madeira e MDF.
Diante do cenário, lideranças industriais catarinenses evitam entrar no mérito político da decisão americana, mas defendem uma ação diplomática imediata para proteger a competitividade da indústria de SC e evitar demissões em massa no setor exportador.
Com informações Fiesc e https://wh3.com.br




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