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Varejistas dos EUA reagem a possíveis novas tarifas de Trump

Revisado Natalia Concentino - 30 de Setembro 2025
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Imagem: Freepik

Com o governo Trump sugerindo tarifas adicionais sobre importações de móveis, a indústria americana volta a encarar um curto prazo cercado por incertezas. Para entender os impactos e as estratégias adotadas, a Furniture Today ouviu executivos de diferentes segmentos do setor.

 

SimpliHome mantém foco no cliente

 

Yoram Weinreich, CEO da varejista de comércio eletrônico DTC SimpliHome, afirmou que os efeitos das tarifas estão apenas começando a ser sentidos.


“Os aumentos de preços estão apenas começando a ser registrados agora. Até agora, eram apenas contratos muito drásticos”, disse.

 

Segundo ele, o Vietnã é peça-chave na terceirização da empresa, mas a velocidade das mudanças políticas tem dificultado a adaptação.

 

“O Vietnã é um polo sofisticado e trabalhamos lá desde o início. A China tinha produtos dos quais nos distanciamos para diversificar. Mas essas tarifas vieram rápido demais... não dá para se mover na mesma velocidade.”

 

Weinreich acredita que o setor se ajustará: “Vivemos em areia movediça agora, mas não é uma sentença de morte. Os preços vão se reajustar e uma nova realidade se formará. O problema é o período de transição.”

 

Ele alerta que algumas marcas podem não resistir. “Várias chinesas provavelmente desaparecerão, mas isso abre lacunas e oportunidades.”

 

Já Darcy McGilvery, CMO da SimpliHome, destacou a importância da disciplina operacional. “As tarifas são um obstáculo, não uma paralisação. Precisamos ser inteligentes com conteúdo, promoções e preços, atentos ao consumidor. Ainda há demanda — menor, mas existente. Nosso papel é lutar por cada venda.”

 

A empresa também está revisando seu portfólio: “Estamos analisando estoque e SKUs para proteger apostas nos produtos com maior potencial.”

 

GigaCloud aposta em soluções e expansão

 

Larry Wu, CEO da GigaCloud, fornecedora de tecnologia B2B para móveis e grandes encomendas, afirmou que já está trabalhando para mitigar riscos.


“Estamos conversando com fornecedores locais e expandindo agressivamente para a Europa e o Canadá”, disse.

 

Ele defende que as empresas não se fixem apenas nas tarifas. “No curto prazo, sim, haverá impacto. Mas as pessoas ainda compram móveis, mesmo que a demanda caia 5% ou 10%. Será fatal apenas para quem gasta mais tempo pensando em tarifas do que em soluções.”

 

Wu também questiona a viabilidade de uma realocação em larga escala.


“Não acredito que a produção possa ser transferida para os EUA em cinco anos. A cadeia de suprimentos é muito mais complexa.”

 

Marshall Bernes, executivo da GigaCloud, reforça: “Em qualquer cenário, há vencedores e perdedores. O segredo é focar no que se faz bem e eliminar o que não é essencial. Mesmo em baixa, o e-commerce pode crescer.”

 

Lineage Collections: incerteza trava investimentos

 

Para Chris De Lisa, presidente da fornecedora Lineage Collections, o maior problema é a falta de clareza. “A palavra-chave é decepção. Varejistas não sabem o que fazer agora”, afirmou.

 

Ele questiona a viabilidade de investimentos de longo prazo: “Quem vai colocar US$ 50 milhões em uma fábrica se, na semana seguinte, Trump pode anunciar um acordo e eliminar tarifas? Ninguém investe com tamanha inconstância.”

 

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Skyline Furniture: realocação é possível, mas não imediata

 

Meganne Wecker, CEO da Skyline Furniture, defende que o crescimento da produção nacional é viável, mas enfrenta barreiras estruturais. “Crescemos nos últimos 10 anos sem tarifas nos obrigando a isso, investindo em agilidade e infraestrutura. Mas não dá para transferir da noite para o dia a escala que dependia da China.”

 

Segundo ela, os principais entraves são a mão de obra e as matérias-primas. “As faculdades não estão formando profissionais em produção. A expertise é limitada. E tecidos, por exemplo, ainda vêm da China. As grandes máquinas pesadas permanecem lá.”

 

Mesmo assim, a empresa segue investindo. “Acabamos de inaugurar nossa terceira unidade e planejamos crescimento até 2026. Mas isso exige agilidade e forte compromisso com o sourcing.”

 

Opiniões divididas

 

As opiniões se dividem entre cautela e otimismo. Para alguns executivos, as tarifas representam um obstáculo temporário e até uma oportunidade de reestruturação. Para outros, a instabilidade política e a falta de clareza minam qualquer visão de longo prazo. O consenso é que a indústria precisará equilibrar resiliência e foco estratégico para atravessar esse novo ciclo de incertezas.

 

Com informações www.furnituretoday.com 

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