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Varejo recua em setembro e expõe fragilidade do consumo

Revisado Natalia Concentino - 13 de Novembro 2025
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Imagem: Freepik

As vendas no comércio caíram 0,3% em setembro, na comparação com agosto, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC) divulgada pelo IBGE. O resultado, negativo em seis dos oito segmentos, reflete um ambiente de crédito ainda caro, renda pressionada pelo endividamento e menor geração de empregos, segundo economistas ouvidos pelo setor financeiro.

 

O desempenho ficou bem abaixo da expectativa do mercado, que projetava alta de 0,3%. Trata-se da quinta queda em seis meses, indicador de um varejo que oscila próximo da estagnação.

 

No trimestre, as vendas recuaram 0,4%, acumulando queda de 1,5% no ano, resultado distante do avanço observado no mesmo período de 2024. Para especialistas, o conjunto dos dados confirma uma desaceleração do consumo de bens, compatível com juros elevados e um mercado de trabalho menos dinâmico.

 

A disseminação da fraqueza foi clara. Entre as que tiveram retração está o segmento de Móveis e eletrodomésticos.

 

O avanço se concentrou em artigos farmacêuticos e de perfumaria (+1,3%) e em outros artigos de uso pessoal e doméstico (+0,5%), segmentos menos sensíveis ao ciclo econômico.

Segundo analistas, o recuo se aprofundou justamente nos setores que mais dependem de crédito e renda, como móveis, eletrodomésticos, informática e vestuário — todos mais voláteis e sentimentais à confiança do consumidor.

 

Regionalmente, o quadro também foi fraco: 15 das 27 UFs registraram queda no varejo restrito, com destaques negativos para São Paulo e parte do Sul. Norte e Nordeste mostraram resultados mais variados, mas insuficientes para mudar o cenário geral.

 

leia: Inflação de móveis é menor do que a média geral em 2025

 

Perda de tração após início do ano mais forte

 

Para economistas, a tendência recente combina três fatores:

  1. Efeito dos juros altos, que encarecem crédito para veículos, construção e duráveis;
  2. Endividamento elevado, que comprime a renda disponível das famílias;
  3. Acomodação natural, após um primeiro semestre mais aquecido.

 

Mesmo com salários reais ainda crescendo, o maior comprometimento da renda com dívidas tem limitado compras de maior valor.

 

O que esperar daqui para frente

 

Apesar do ambiente desafiador, alguns fatores devem sustentar parte da demanda até dezembro: mercado de trabalho ainda resiliente; expansão da renda real; festas de fim de ano; programas e transferências públicas.

 

Para 2026, economistas apontam que o varejo poderá ganhar novo impulso com a reforma do Imposto de Renda, que tende a ampliar a renda disponível das famílias.

 

Em resumo, o varejo segue avançando — mas a passos curtos, num ambiente onde o crédito pesa mais, o orçamento das famílias encolhe e a confiança anda contida.

 

Contribuiu para esta reportagem: www.infomoney.com.br

 

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