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2019 deve consolidar retomada da economia

Por Evelyn - 14 de Dezembro 2018
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Ainda que muito abaixo do que era esperado para o período nas projeções feitas no fim do ano passado, 2018 foi o segundo ano de recuperação da economia brasileira. Entre 2014 e 2016, o País perdeu 8% do seu produto interno bruto (PIB), e o consumo das famílias caiu cerca de 20%. Segundo projeções da Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), em 2018, o PIB tende a fechar o ano com elevação de 2%. A inflação, medida pelo IPCA, deve atingir 4%, enquanto as vendas do varejo no Brasil devem fechar positivas em 3%, mesma taxa de crescimento esperada para a indústria.
 
Ainda de acordo com a FecomercioSP, o mercado e o setor produtivo esperam um novo governo que coloque de forma clara as medidas prioritárias e suas diretrizes sobre a política econômica. Além de promover ajustes fiscais, reduzir seu grau de interferência, possibilitar encaminhamento e aprovação das reformas nas áreas tributária, previdenciária e de gastos públicos e diminuir a burocracia, estimulando o ambiente de negócios. De imediato, o varejo e o setor de serviços provavelmente se beneficiarão da confiança em alta, e o Natal tende a ser um momento mais positivo do que a média do ano, indicando um bom começo em 2019.
 
As projeções da Federação apontam ainda que, em 2018, a expectativa é de um superávit de US$ 55 bilhões na balança comercial brasileira, saldo positivo que deve se repetir em 2019, em US$ 40 bilhões.
 
Diante de todo esse quadro, ainda de incertezas, mas visto com otimismo pela Entidade, as projeções para 2019 são melhores do que as dos últimos anos. Além disso, as privatizações e aceleração das concessões propostas pela nova equipe econômica também podem impulsionar investimentos de forma relativamente rápida no País nos próximos anos, o que beneficia a geração de emprego e renda e, consequentemente, consumo. O recente crescimento da confiança de consumidores e empresários tende a ser mantido e até acelerado com o efetivo início do novo governo em janeiro de 2019.

 


Confiança


O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) iniciou o ano de 2018 registrando a quarta alta consecutiva e o maior nível de confiança desde setembro de 2014 – antes do forte ciclo recessivo que atingiu a economia brasileira em 2015 e 2016. Para o mês de dezembro, estima-se um ICC com um patamar de aproximadamente 116 pontos, considerando-se as condições socioeconômicas presentes neste momento. Assim, o índice deve fechar 2018 cerca de 5,8% acima do verificado em 2017.
 

Em fevereiro, o indicador voltou a subir; em março e abril, sofreu queda e retornou o avanço em maio. Entretanto, a greve dos caminhoneiros em meados daquele mês atingiu diretamente a vida financeira das famílias, aumentando as incertezas políticas e a pressão sobre os preços. Com isso, o ICC voltou a registrar queda nos meses de junho e julho. No mês de agosto, o índice avançou com percepções médias atuais (ICEA), crescendo depois de cinco quedas consecutivas. Houve uma instabilidade natural dos indicadores que compõem o índice à medida que as incertezas aumentavam. O ICC voltou a registrar alta nos meses de setembro, outubro e novembro.
 
 
Estoques e expansão


O Índice de Estoques (IE) da FecomercioSP obteve um desempenho médio no ano em comparação a 2017. Em dezembro, o indicador deve crescer, contabilizando-se a projeção de mais de 5% em relação ao ano passado. No entanto, esse desempenho é baseado, em grande medida, nos resultados do fim do ano. 
 
Como a Entidade alertou ao longo dos últimos meses, dificilmente investidores e consumidores assumiriam posturas ousadas diante de muitas dúvidas e incertezas que se colocavam sobre o destino do País. A FecomercioSP entende que o ambiente de negócios está se pacificando e provavelmente pode melhorar. Justamente em razão da proximidade do Natal, a mais importante data para o varejo, é possível que o indicador volte a dar novos sinais de melhoria. Com isso, o IE deve fechar o ano em 109,6 pontos.
 
Já o Índice de Expansão do Comércio (IEC) é o mais indicado para avaliar as intenções dos empresários quanto às duas variáveis mais relevantes para o crescimento: propensões a empregar e a investir. Empresas não empregam ou investem diante de perspectivas negativas. Ao longo de 2018, os resultados foram se arrefecendo em relação a 2017, diante do fraco desempenho da economia. Contudo, houve recuperação no fim de 2018 e os efeitos desse momento de otimismo no varejo serão verificados por meio das contratações temporárias de Natal e do desempenho do faturamento em relação ao ano passado. A tendência é que, no mês de dezembro, o IEC alcance 109 pontos, fechando o ano com uma média de 99 pontos, alta de 9% em relação ao ano passado.
 


Endividamento e inadimplência


Em 2018, a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostrou que, no primeiro trimestre, houve um aumento deste índice. No primeiro caso, passou de 53,3% em janeiro para 54,6% em março o número de famílias com algum tipo de dívida. No segundo, passou de 17,8% para 19,3% o porcentual de famílias que não conseguiram quitar a dívida na data do vencimento.
 
No entanto, a partir do segundo trimestre, a taxa de endividados caiu para 49,4% em junho, e o porcentual de inadimplentes se manteve praticamente estável (19,2%). Contudo, com a permanência das instabilidades políticas e econômicas, não dando condições para a geração de empregos, no segundo semestre as taxas voltaram a subir. A de inadimplentes, por exemplo, chegou a bater, em setembro, o maior valor desde maio de 2012 (20,6%).
 
Em novembro, houve uma queda de ambas as variáveis. Segundo a projeção, em dezembro, devem chegar a 51% e 19% para endividamento e inadimplência, respectivamente. É um resultado positivo, mas ainda não suficiente para trazer ganhos à economia por causa do alto nível de desempregados.
 
A Pesquisa de Risco e Intenção de Endividamento (PRIE) mostrou um consumidor conservador durante a crise entre 2014 e 2016, que arriscou um pouco após a mudança de rumos na economia, mas voltou a se retrair em razão do desempenho econômico insatisfatório entre o fim de 2017 e este ano. A intenção de financiamento tem correlação direta com a expectativa profissional, e essa variável tende a melhorar com o novo governo, assim que se coloque de forma clara propostas para o ambiente econômico. Para a FecomercioSP, o desempenho positivo do novembro deve alavancar as vendas do Natal. A Federação projeta crescimento de 5% em dezembro, passando de 46,8 pontos em novembro para 49,1 pontos em dezembro.
 


Inflação

 
Na primeira metade de 2018, os preços dos produtos no varejo acusaram alta média de 0,36%, acima do recuo de 0,06% do mesmo período de 2017. Entre janeiro e outubro de 2018, notou-se um acréscimo de 3,51%, e nos últimos 12 meses disponíveis (até outubro), os preços do varejo apontaram variação positiva de 4,62%. O segmento de transportes apontou preços acima da média da inflação, acumulando nos dez meses do ano oscilação positiva de 6,16%, a maior entre todos os demais grupos integrantes do indicador. A segunda maior contribuição para a alta no Índice de Preços do Varejo (IPV) foi a do grupo de produtos alimentícios e bebidas, com variação positiva de 6,06% no período de janeiro a outubro.
 
Em paralelo, o Índice de Preços de Serviços (IPS) apontou uma alta média mensal de 0,18%, inferior à oscilação observada no mesmo período de 2017 (0,37%). Já nos outros meses de 2018 (até outubro), os preços dos serviços aceleraram, elevando-se a uma média de 0,59%. No mesmo período de 2017, a alta média era de 0,51%. Pelo quarto ano consecutivo, o segmento de Habitação exerceu a principal contribuição de alta no IPS, assinalando em 2018, até outubro de 2018, elevação de 5,65%, e de 7,39% em 12 meses.


A segunda maior pressão de alta em 2018 ficou por conta do grupo Saúde e cuidados pessoais, altas de 7,37% no acumulado de 2018 até outubro e de 9,19% nos últimos 12 meses. Os planos de saúde foram os protagonistas desse resultado, visto que estão aproximadamente 11,83% mais caros do que há um ano.
 


Consumo


O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) obteve três altas consecutivas entre janeiro e março, sendo as mais elevadas concentradas nos meses de janeiro e fevereiro – 5% e 5,5%, respectivamente –, o que já acontece ao longo da série em decorrência do período de liquidações. Contudo, o indicador sofreu um processo de queda com a greve dos caminhoneiros, ocorrida em maio. As maiores variações negativas foram vistas em junho e julho, de 2,3% e 3,9%, respectivamente. Assim, o ICF atingiu o menor patamar no ano, em julho, com 86,2 pontos. Passado esse evento e a situação voltando à sua normalidade, principalmente na questão dos preços de alimentos, o ICF voltou a registrar crescimento em agosto de 0,3% e seguiu na trajetória positiva até novembro. Segundo projeção da FecomercioSP, deve terminar o ano nos 90 pontos, 5,8% acima do registrado no ano passado.
 
 

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