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Qual será o próximo capítulo da desorganização perfeita

Por Edson Rodrigues - 18 de Julho 2020
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A velocidade com que muitas coisas aconteceram levou a comunidade moveleira a uma desorganização perfeita, que ainda pode surpreender com resultados melhores do que em 2019.

Se preferir, assista aqui https://vimeo.com/439508319

Primeiro o impacto natural do “fecha tudo”. A imprensa narrando diariamente o verdadeiro “fim do mundo” e neste cenário os empresários começaram a tomar as providências se preparando para o pior. Demitir funcionários ou utilizar-se da possibilidade de suspender contratos e reduzir jornadas? Este foi o primeiro dilema. Na sequência, suspender as compras de matérias-primas, afinal era difícil saber por quanto tempo as empresas permaneceriam fechadas. E ainda havia estoques que dificilmente seriam vendidos naquele momento, afinal quem apostava no e-commerce? Assim, os dias foram passando e o fim do mundo garantido pela imprensa agourenta não veio. E, pior, as lojas na internet começaram a vender móveis como jamais se viu. Entre os meses de março e maio a quantidade de pedidos no e-commerce aumentaram 125%. Os colchões venderam ainda mais, alta de 153% no período.

E a retomada das indústrias aconteceu com o estoque de matéria-prima em baixa, começou a fazer falta também os funcionários demitidos, as vendas vieram acima das expectativas e, enfim, estava formada a desorganização perfeita.

E, o que é uma desorganização perfeita: Indústrias com prazo de até 60 dias para entregar móveis e os marketplaces promovendo móveis com desconto... E ainda pode piorar, porque tem preços reajustados na maioria das matérias-primas e insumos e o varejo, especialmente o e-commerce mostra que não tem nenhuma disposição de praticar preços justos e remunerar decentemente a indústria. Então, o consumidor – que na dor aprendeu a dar valor aos móveis e hoje sabe quanto é importante ter bons móveis para sentar, comer e dormir – vai continuar comprando móveis a preços de banana.

O segundo semestre pode recompor a ordem e acabar com a desorganização. Seria perfeito, mas para isso é preciso combinar com fabricantes e lojistas. O fornecedor está fazendo a sua parte, baseado na mais antiga lei de mercado: a da oferta e procura. O próximo na linha deve ser o fabricante. É pagar pra ver isso acontecer.

Ari Bruno Lorandi

CEO do Intelligence Group e diretor da revista Móveis de Valor

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