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Cenário exige reestruturação sem precedentes, alerta banco global

Revisado Natalia Concentino - 13 de Agosto 2023
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Imagem: Freepik

A Seneca Evercore testemunhou nos últimos meses no Brasil um número de reestruturações e renegociações de dívidas sem precedentes. “É uma situação de bomba atômica”, descreveu Daniel Wainstein, managing partner da empresa no país, em entrevista à Bloomberg Línea.

 

“A taxa de juros subiu sete vezes e, junto com isso, as empresas enfrentaram uma pandemia, o que impactou os seus resultados. Para pagar os juros, pedir empréstimos custa sete vezes mais do que quando o contrato foi assinado”, explicou o executivo.

 

Wainstein, que está no mercado financeiro há 25 anos, disse que esse é o caso mais generalizado e contundente que ele já viu em sua carreira em termos de combinação de dificuldades financeiras, alavancagem e necessidade de reestruturação das empresas.

 

A Evercore, que oferece assessoria em fusões e aquisições e reestruturações, tem sido constantemente contratada nos últimos meses para auxiliar na renegociação de dívidas com credores e, eventualmente, na venda de ativos.

 

“Acredito que os bancos estão muito mais receptivos a discutir essas alternativas, além de gestoras de special situations”, disse o executivo. Ele explicou que essa classe de investidores também não existia no Brasil, mas atualmente há cerca de 20 fundos de special situations com foco em tais ativos.

 

Wainstein disse que, diante justamente da postura de renegociação dos bancos, não enxerga a iminência de uma crise de crédito corporativo no Brasil.

 

Wainstein disse que muitas empresas que esperavam obter um Ebitda de R$ 200 milhões, captaram dívidas com juros a 2,3% mais o CDI para financiar seu crescimento, mas foram prejudicadas durante a pandemia quando o Ebitda não só não alcançou o esperado como caiu pela metade. O CDI, por sua vez, avançou para o patamar de dois dígitos.

 

A crise de reestruturação de dívidas no Brasil tem sido um desafio significativo. Com a queda na atividade, o aumento do desemprego e a incerteza política, muitas empresas brasileiras enfrentaram dificuldades financeiras e tiveram que buscar medidas de reestruturação para lidar com as dívidas.

 

Light, Marisa e Tok&Stok, de capital fechado, estiveram entre alguns dos nomes mais conhecidos.

 

Segundo dados da Serasa Experian, 593 empresas entraram com pedidos de recuperação judicial no país no primeiro semestre de 2023, o que representou um aumento de 52% em relação ao mesmo período do ano anterior.

 

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Além disso, a inadimplência também tem aumentado. Segundo o Banco Central, em junho, a taxa de inadimplência no país atingiu 3,1%, versus 1,7% um ano antes.

 

Wainstein disse que as empresas foram surpreendidas pelas circunstâncias, em referência à pandemia.

 

“As decisões de estrutura de capital foram tomadas com premissas muito diferentes da realidade, levando muitas empresas a se alavancarem e, consequentemente, tornando o custo da dívida muito alto para o negócio”, afirmou.

 

Em um momento de crescentes dificuldades, há um interesse amplo de investidores nas empresas. Wainstein disse que mais de 100 fundos de private equity estão de olho no Brasil no momento.

 

Há também acordos relevantes da parte de empresas globais. Foram os casos da fintech Pismo, comprada pela Visa por US$ 1 bilhão, e da Sinqia, que aceitou uma oferta de venda para a Evertec, listada na bolsa de Nova York, por US$ 529 milhões.

 

(Com informações bloomberglinea.com.br)

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