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Desemprego no Ceará pode tornar a retomada da economia difícil

Por Natalia Concentino - 26 de Outubro 2020
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No Ceará, 530 mil pessoas ficaram sem emprego em setembro último. O número é 83,4% maior do que o observado em maio, quando eram 289 mil. Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid-19 mensal, divulgada ontem, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aumentam o temor em torno do desemprego para o fim do ano e em 2021. A avaliação é que haverá recuperação gradual e, consequentemente, o reaquecimento do mercado de trabalho.

Mas segunda onda de Covid-19 interromperia o ciclo de retomada e iniciaria novo retrocesso econômico. Na comparação com agosto, quando a população desempregada era de 443 mil, a alta foi de 19,6%.

Já o contingente fora da força de trabalho passou de 4 milhões em maio, manteve-se estável em agosto e alcançou 3,9 milhões em setembro, o que corresponde uma queda de 2,6% na margem e de 3,6% em relação a maio. O analista do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT/Sine), Erle Mesquita, explica que a reabertura das atividades facilitou a busca por vagas.

"Os trabalhadores tiveram de suspender a procura em razão do isolamento social e agora estão voltando a tentar entregar currículos, por exemplo, tanto pela necessidade do processo sazonal de fim do ano, como pela redução do auxílio emergencial e a necessidade de complementar a renda", observa. "Ou seja, a pressão da busca tende a aumentar as taxas desemprego", destaca.

Erle pondera que a crise no mercado de trabalho se arrasta há alguns anos. Nesse contexto, a pandemia agravou ainda mais essa realidade e, também, a precarização com a chamada economia de bico e o crescimento da informalidade.

"E 2021 será um ano pós-eleitoral. Embora tenha ocorrido avanços em relação à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), houve elevação de gastos e endividamento tanto dos setores públicos e privados", expõe.

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Para o economista, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon), Ricardo Eleutério, o País atravessou uma recessão profunda entre 2015 e 2016 e, desde então, caminha em lenta recuperação agora interrompida pela crise sanitária.

"Há uma incerteza com a retirada dos estímulos fiscais e monetárias, mas temos uma sinalização de retomada gradual. Ela deve acontecer de forma heterogênea, mais concentrada em alguns setores. A redução da taxa do desemprego vai ocorrer na medida em que a dinâmica econômica melhorar", analisa.

O doutor em Economia e analista de Políticas Públicas do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), Alexsandre Cavalcante, avalia que o auxílio emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda serviram como um colchão a amenizar os efeitos da crise.

"Na medida em que o nível de confiança por parte do empresário for retornando, os empregos virão a reboque. Podemos notar que o comércio está animado, antecipando as vendas de Natal. Esperados uma dinâmica forte", diz.

"Além do setor privado, a estimativa da Lei Orçamentária Anual (LOA) é de R$ 29, 5 bilhões para 2021. Se isso se concretizar, o Governo vai injetar na área de construção, obras metroviárias, saneamento básico e área da saúde. Esses investimentos vão contribuir para o ânimo do empresariado e gerar mais empregos", projeta.

"Esse cenário, porém, só se concretizará se houver, também, consciência por parte da sociedade e empresariado para que não ocorra uma segunda onda. Do contrário, veremos uma situação ainda pior", complementa.

(Com informações OP+)

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