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Governo abandona marceneiros à própria sorte no Xapuri (AC)

Por Natalia Concentino - 09 de Setembro 2021
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No último dia 18 de agosto, o ICMBio e a Polícia Federal realizaram uma fiscalização Polo Moveleiro de Brasiléia que resultou na prisão de 11 marceneiros e na apreensão de 190m³ de madeira ilegal no interior dos galpões. O fato chamou a atenção para um problema crônico do setor que se arrasta há anos sem que se chegue a uma solução por parte do Governo do Estado.

Quando os marceneiros foram levados para os galpões cedidos pelo governo do Estado, a partir de 2013, como resultado de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público para que as marcenarias fossem tiradas da informalidade, a ideia era a de que eles tivessem acesso à madeira extraída pelos Planos de Manejo Florestal Madeireiro.

Esse acesso à madeira de qualidade e a preço acessível se daria por meio da então Fábrica de Pisos, concebida para absorver a produção do manejo florestal, mas essa intenção se perdeu com a privatização do empreendimento, que ocorreu após o objetivo governamental fracassar. O resultado foi que os moveleiros foram abandonados à própria sorte.

Sem o acesso à matéria-prima, os moveleiros se viram obrigados a lançar mão da madeira sem procedência, que chega em forma de blocos, serrada nas matas de maneira ilegal, e fornecida às marcenarias em uma prática que resultou, no último dia 18 de agosto, na prisão dos 11 marceneiros e na apreensão de madeira sem o Documento de Origem Florestal (DOF).

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Diante da situação, o empresário Aldenor Ferreira, dono de uma das marcenarias estabelecidas no Parque Industrial de Xapuri, como é chamado o local onde estão os galpões, afirma que sem acesso à madeira muitos profissionais estão sem ter como “colocar o pão na mesa”. Apenas no município, são 10 marcenarias que geram aproximadamente 20 empregos diretos.

Segundo ele, os profissionais estão sendo tratados como criminosos por buscar alternativas para continuar produzindo e garantindo o sustento de suas famílias. Ele afirma que o Governo do Estado precisa encontrar uma solução para essa situação, pois a informação de que dispõe é a de que não há de onde se tirar madeira.

Na semana passada, ocorreu uma reunião quando o Governo do Estado conversou com representantes da categoria dos moveleiros da regional do Alto Acre e apresentou propostas de apoio para viabilizar o trabalho e a produção do setor. Na reunião, que aconteceu no Polo Moveleiro de Epitaciolândia, estiveram presentes representantes do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac), da Agência de Negócios do Estado do Acre (Anac), do Sebrae e da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), além de autoridades locais.

“Nosso objetivo é garantir o movimento e expansão do setor de forma segura e dentro da lei, proporcionando o aquecimento do mercado e mais segurança para eles a partir dessa adesão às normas legais”, disse durante o encontro o secretário de Indústria, Ciência e Tecnologia, Anderson Lima.

Na ocasião, os moveleiros receberam documentação referente às licenças ambientais para que os trabalhadores do setor atuem dentro da legalidade em seus galpões, segundo informou a Agência de Notícias do Acre.

No entanto, o maior problema para que os profissionais do setor trabalhem com tranquilidade ainda não tem uma solução definida, ou seja, o acesso a matéria-prima para a fabricação de móveis, pois toda a madeira que hoje é extraída dos Planos de Manejo é exportada e o que sobra tem baixa qualidade e custo inviável para as marcenarias.

Nesta reunião também esteve presente o empresário Alisson Cerqueira, diretor-administrativo do empreendimento que se originou da Fábrica de Pisos de Xapuri e que hoje leva o nome de Agouti. A intenção é chegar a um acordo com a empresa que garanta o fornecimento a um preço acessível à madeira que os moveleiros precisam para a produção de móveis, portas e esquadrias.

(Com informações ac24horas.com)

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