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Invasão da Ucrânia pela Rússia afeta pouco os moveleiros

Revisado Natalia Concentino - 03 de Março 2022
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Os combates entre Rússia e Ucrânia estão atingindo fabricantes de móveis brasileiros que tem relações comerciais com estes dois países. Embora as transações não tenham peso similar aos de outras regiões, há o temor de que a volta a regularização para embarque e desembarque de produtos, bem como recebimento e envio de remessas para estes dois mercados levem um longo tempo.  No momento, praticamente todos os portos da região estão fechados e não há perspectiva de movimentação de navios nas próximas semanas.

 

“Muita coisa ainda pode acontecer. O pessoal prefere aguardar medidas”, comenta Daniel Caprara, analista comercial da Terra Nova, trading que atende o setor de móveis, entre outros. “Negócios de importação que estavam quase fechados, foram suspensos. Ninguém avança”, complementa o executivo. Outro especialista ouvido pela Móveis de Valor chama atenção para o aumento do frete que, segundo ele, deve avançar para um outro patamar.

 

Negócios com a Rússia

 

Entre 2010 e 2021 o comércio exterior com a Rússia contabilizou US$ 2,5 milhões em exportações e US$ 186 mil em importações. Ano passado as exportações somaram US$ 140 mil, sendo US$ 92,6 mil de São Paulo e US$ 47,2 mil do Paraná. Considerando o biênio janeiro-fevereiro deste ano, as exportações foram de US$ 8,3 mil.

 

Nas exportações quem mais vendeu no período 2010-2021, pela ordem, foram os polos do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo. Juntos, concentraram 75% de tudo o que foi embarcado. À exceção dos paulistas, a maior parte dos negócios feitos com os russos neste intervalo perderam fôlego a partir de 2014. Bahia, Paraná, Pernambuco, Rio de janeiro e Santa Catarina também exportaram. 

 

Pelo lado das importações, paulistas de Itupeva, Campinas, Barueri, Cajamar e da capital são os mais interessados nos móveis russos, absorvendo 93% de tudo que foi comprado entre 2010 e 2021. Os volumes são baixos, excluindo 2018, quando aconteceu a maior compra do período, no valor de US$ 107,4 mil. Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro também fizeram negócios.

 

 

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Negócios com a Ucrânia

 

A balança comercial com a Ucrânia foi inversa a da Rússia. No período entre 2010 e 2021, as exportações totalizaram US$ 185 mil, enquanto as importações somaram US$ 610,7 mil. Fabricantes gaúchos de Farroupilha, Carlos Barbosa e Dois Irmãos são os principais responsáveis pelo fluxo de negócios para a Ucrânia. No período de 2020 a 2021, o polo gaúcho exportou US$ 143,6 mil, que representa 77% de tudo o que foi embarcado para aquele país.

 

Ano passado duas fábricas de Farroupilha e uma de Encruzilhada do Sul foram as únicas do Brasil a efetuarem vendas para a Ucrânia. Nas exportações, a cidade de Embu não enviou nada na última década. Em compensação, o pequeno município de São Paulo, de quase 80 mil habitantes, descobriu os ucranianos. Em 2020 ela importou quase US$ 64 mil, que representa 75% de tudo o que foi adquirido daquele país. Ano passado, Embu fez uma compra no valor de US$ 90,1 mil, ou 62% sobre o total de importações de US$ 145,1 mil. Somando negócios de Diadema, Poá, Cajamar e Jundiaí, o estado paulista concentrou US$ 124.8 mil. 

 

No acumulado dos dois primeiros meses deste ano foi realizado somente um negócio de exportação para a Ucrânia, no valor de US$ 881, por um fabricante do Rio de Janeiro. Nas importações, São Paulo dominou outra vez, com compras de US$ 79,3 mil. E, mais uma vez, Embu foi destaque respondendo por quase 100% do total.

 

*Por Guilherme Arruda

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