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Leroy Merlin vai vender móveis em marketplace

Por Jeniffer Oliveira - 30 de Outubro 2018
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Alain Ryckeboer, diretor-geral da Leroy Merlin, afirma que as lojas da rede serão base de entrega de mercadorias

Líder na venda de materiais de construção no País, a Leroy Merlin escolheu uma estratégia peculiar para avançar no varejo online. A rede se prepara para inaugurar, no dia 12 de novembro, seu marketplace. Além de ser o primeiro shopping virtual de uma empresa do setor, o novo canal vai reunir desde móveis e eletrodomésticos até artigos de cama, mesa e banho.

 

A intenção é vender itens de mobília da casa que complementam os materiais construção comercializados pela companhia. A meta da varejista é que a área digital – site e marketplace – responda por 10% do faturamento em dez anos. Hoje o site sozinho representa 2% da receita total da companhia no País, que somou R$ 5,3 bilhões no ano passado.

 

Nos últimos seis anos, a varejista investiu R$ 260 milhões em Tecnologia da Informação (TI) para bancar a sua expansão digital. “Zeramos nossa dívida tecnológica e o nosso negócio do futuro é digital”, afirma o diretor-geral da companhia no Brasil, Alain Ryckeboer. O Brasil será o primeiro país onde a empresa francesa terá um shopping virtual. O próximo, programado para o ano que vem, é a Rússia. A justificativa do executivo para a escolha de o Brasil ser o pioneiro na iniciativa está no fato de o brasileiro ser muito digital. “Ele fica, em média, cinco horas por dia na internet”, considera Ryckeboer.

 

Cerca de 40 fornecedores estão na etapa final de negociação para integrar o marketplace. “O interesse dos varejistas é grande porque já temos um site com 10 milhões de visitas por mês, bom poder aquisitivo e uma marca forte”, afirma o diretor-geral da Leroy Merlin, acrescentando que esses 40 fornecedores juntos revendem cerca de 140 mil itens, mas inicialmente serão ofertados 5 mil. “Se der tudo certo, se forem respeitados os prazos de entrega e os padrões da companhia, iremos incorporando mais produtos aos poucos”, explica Ryckeboer.

 

Segundo o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de construção (Anamaco), Claudio Conz, o marketplace, neste caso, funciona como um diferencial importante porque permite o varejista ter presença nacional, vendendo produtos em área afins.

 

Para o consultor e diretor-geral do Grupo GS& Gouvêa de Souza, Marcos Gouvêa de Souza, o shopping virtual é um caminho com menos riscos para as empresas que querem expandir seus negócios online. Segundo ele, na maioria das vezes, o e-commerce é deficitário porque, como o consumidor online pesquisa muito os preços antes de comprar, a tendência das empresas é reduzir os valores e, consequentemente, diminuir a rentabilidade do varejo online. “No marketplace, o varejista não tem que comprar e estocar produto. Com isso, consegue ampliar a participação de mercado, sem prejudicar a rentabilidade”, compara Souza.

 

O presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), Eduardo Terra, observa que a tendência de marketplace está se expandindo para outros segmentos, mas alerta que materiais de construção e móveis são segmentos críticos em termos de reclamações de consumidores. “Esse é um risco que pode respingar na marca do shopping virtual”, enfatiza.

 

 

Investimento e transformação

 

O projeto da Leroy é integrar a loja física com a virtual. “Estamos investindo numa transformação interna para que os clientes comprem o que quiserem onde quiserem”, afirma Ryckeboer, explicando que em vez de ter um centro de distribuição (CD) central, as lojas serão base de entrega de mercadorias para o e-commerce. Com isso, será possível reduzir o prazo de entrega das vendas online de oito dias para dois dias. A meta é implantar esse sistema em todas as 41 lojas da rede. Ryckeboer diz que a decisão de transformar as lojas em CDs já estava tomada antes da greve dos caminhoneiros. Com a greve, ela foi ratificada.

 

A Leroy Merlin vai investir R$ 300 milhões no País em 2019 na cadeia logística de abastecimento, num centro de distribuição com 120 mil metros quadrados em Cajamar (SP), em uma loja e na área digital. É praticamente a mesma cifra aplicada neste ano. “O Brasil sempre anda. Faz quatro anos que está devagar e, se continuar, estamos acostumados. Não deixamos de investir”, considera o diretor-geral da companhia, afirmando que há 20 anos no País viu quatro crises. “Tomara que estejamos no início de uma onda de crescimento”, afirma o executivo, que se diz otimista.

 

Esta semana a empresa concluiu a construção do maior home center da rede na América Latina, que fica na Marginal Tietê, em São Paulo, e consumiu aporte de R$ 110 milhões. Uma das inovações da loja, além de um drive thru, em que o cliente pode comprar o produto sem sair do carro, é um laboratório equipado com impressoras 3D, gravadoras a laser e máquinas de corte. “Qualquer pessoa que quiser inovar, inventar um produto ou substituir uma peça vai poder fabricá-la aqui, na impressora 3D, em acrílico”, pontua Ryckeboer.

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