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Live analisa setor colchoeiro e o que se leva ao pós-pandemia

Por Natalia Concentino - 14 de Maio 2020
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Live analisa setor colchoeiro e o que se leva ao pós-pandemia

Ari Bruno Lorandi, CEO do Intelligence Group, promoveu uma live, na tarde desta quarta-feira (14), para analisar sobre como o setor colchoeiro está enfrentando a crise do coronavírus e as ações da indústria e do varejo para a retomada das vendas.

Quatro representantes diretos do setor foram convidados para debater sobre o mercado, o que está sendo feito pelas lojas e indústrias de colchões, além do legado que a pandemia deixará para os empresários do setor.

Lorandi enfatizou a necessidade de reabertura imediata das lojas físicas de colchões. “A maioria das lojas são de rua e não geram aglomeração. Precisamos pressionar mais os governadores e prefeitos”, advertiu o diretor da Móveis de Valor, lembrando que neste período de lojas fechadas se deixou de vender dois milhões e meio de colchões.

Claudia Gonçalvez, diretora de vendas internacionais da J Serrano

Claudia Gonçalves, diretora de vendas internacionais da J Serrano, observou que os impactos foram duros com o fechamento do comércio, pois o País vinha numa retomada boa da economia. “Tudo vai depender do que as indústrias farão daqui para frente para que haja novamente a retomada. O que nós também vemos é que muitas indústrias estão optando por fazer essa retomada com a diminuição da folha de pagamento, mas na nossa opinião, essa conta não fecha, pois essas pessoas só vão gerar demanda se elas tiverem condições de compra, ou seja, se mantiverem seus empregos”, alerta Cláudia.

Ela informou que a J Serrano criou um comitê de crise com o objetivo de preservar a vida e os empregos. “Até o momento isso vem funcionando bem, pois não tivemos nenhum caso de funcionário infectado pelo vírus e não precisamos realizar demissões”.

Cláudia também falou sobre a campanha de valorização dos fornecedores nacionais, retomada do varejo, a importância do digital na comunicação, os impactos e as medidas do governo. “Talvez pressionados pelas varejistas, as indústrias de móveis e colchões tenham esquecido um pouco dos fornecedores nacionais de insumos, apostando em materiais importados e que acabam gerando uma concorrência desleal em termos de preços. Nós acreditamos no engajamento dos empresários do setor para que haja essa valorização e a retomada”, acentuou.

Sobre a retomada do varejo, “acreditamos que as lojas terão que tomar muito cuidado em relação à segurança e higiene, pois muitos clientes ainda não se sentirão totalmente seguros para voltar a frequentar os pontos físicos”, alertou a diretora da J Serrano.

Com relação ao uso de mídias e ferramentas digitais, A J Serrano percebeu ainda mais a importância desse tipo de comunicação. “Sempre falávamos direto para a cadeia produtiva e agora estamos fazendo campanhas de conscientização para que o consumidor saiba mais sobre o tecido que está revestindo o móvel que ele está levando para a sua casa”, destacou Cláudia.

Para ela, as medidas governamentais não vão ser suficientes para a retomada, o que vai exigir muito da iniciativa privada, pois o governo não terá capital para ajudar todas as classes que foram atingidas. Isso renderá muitos desafios e vai exigir bastante criatividade.

Íris Gelbcke, proprietário da Vitrine Colchões

Outro convidado, o lojista Íris Gelbcke lembrou que a sua loja ficou fechada durante 27 dias. “Neste período, depois do impacto inicial, como administrador precisamos repensar nossos negócios, porque não é o fim do mundo. É uma situação muito delicada, mas vai passar”.

Iris contou sobre as ações desenvolvidas no período pré-abertura da loja, destacando que “um dos critérios presentes no nosso manual é o da limpeza, então aproveitamos para fazer uma grande limpeza em tudo e organizar os produtos de maneira mais adequada. Impecabilidade é o nosso lema – esse critério faz com que deixemos a loja sempre impecável”, resumiu.

Iris lembrou que a loja reabriu no dia 20 de abril e, para sua surpresa, foi o dia com mais vendas dos últimos dois anos. “Parece que os clientes estavam represados e queriam comprar. Nós organizamos toda a nossa equipe e quando reabrimos a loja e vimos aquele estouro de vendas, ficamos ainda mais animados. E essa alegria foi se espalhando pelos nossos vendedores, fornecedores e clientes. Resolvemos abrir a loja no dia 21 que era feriado e essa semana foi uma das melhores que nós já tivemos nesses 25 anos de história da Vitrine Colchões”, comemora o proprietário da Vitrine Colchões.

Mas Iris recomenda, baseado em sua experiência: faça treinamentos e não repasse os preços; acione os gatilhos (das decisões tomadas durante o fechamento) e recomece já embalado, isso contamina positivamente a todos e fica mais fácil superar as dificuldades com otimismo de todo o time.

Rogério Soares Coelho, diretor da Orbhes Colchões e presidente da Abicol

Rogério Coelho, diretor da Orbhes Colchões e presidente da Abicol destacou que “o mercado brasileiro atende e corresponde bem ao tipo de produto que fazemos e a tecnologia presente neles. Isso acarreta algumas situações, como o preço elevado, principalmente agora que o dólar está a 5,92. Atuamos com nichos de mercados específicos. Acreditamos, baseado em uma tendência que vem desde o início da recessão, em 2014/2015, que o nosso mercado é o último que sofre, em tese é o último a ser atingido”. Ele estava se referindo aos produtos da Orbhes, com mais valor agregado e que hoje faz parte das linhas de produção de muitas indústrias colchoeiras.

Em relação ao impacto da pandemia sobre a indústria de colchões, o presidente da Abicol lembrou que a entidade realizou uma pesquisa com os associados logo após a decretação do estado de pandemia e 10 dias foi realizada outra, desta vez incluindo fornecedores. “Muitas fábricas ficaram fechadas em um terço de março e abril, o que gera uns 10% de queda. Perdas do resto do ano em torno de 30%, ponderando isso chegamos a um número de 45% de queda de faturamento em 2020 como um todo”, afirma Rogério.

Ele acrescenta que 89,3% das empresas usaram as medidas do governo para evitar o desemprego e admite que isso auxiliou muito. Com relação ao acesso ao crédito houve mais dificuldade, “não foi de uma forma tão fluida como seria necessário”. Para o presidente da Abicol, os R$600 dados como auxílio não vão impactar na cadeia de colchões, pois a população vai usar esse dinheiro para subsistência e não na compra de um colchão. “Guardadas as devidas proporções, acho que o governo conseguiu fazer o máximo possível pela população, já que nós jamais conseguiríamos agir como a Dinamarca onde o governo pagava 70% dos salários. Não somos uma Dinamarca, mas também não queremos ser como os EUA em que o número de desempregados cresceu assustadoramente. Ainda temos que esperar até o final dessas medidas brasileiras de proteção para saber como ficará o mercado brasileiro, número de desempregos etc.”, complementou Rogério.

E o que fica para o pós-pandemia? O presidente da Abicol é taxativo: “Reaprender o ato de vender por parte do lojista, os consumidores devem ficar reticentes, as lojas de shopping tendem a sofrer mais por causa da aglomeração e as de rua tendem a se valorizar. O lojista tem que entender que a concorrência não será mais só do seu ‘vizinho de loja’, o e-commerce vem com uma força muito grande e vai impactar demais nos lojistas especializados, e eles vão ter que reaprender a vender. O consumidor aprendeu e tomou gosto por comprar na internet e a concorrência vai ficar cada vez mais ampla”.

Rafael Moura, diretor da I Wanna Sleep

Convidado também para a live, Rafael Moura, diretor da I Wanna Sleep, rede de 12 lojas com sede em Belo Horizonte, também falou sobre as experiências que o varejo vai tirar da atuação durante a pandemia. “O primeiro é o tanto que nós somos vulneráveis como sociedade. Forma de atender omnichannel vai estar cada vez mais presente, o momento é muito digital, pré-atendimento pode ficar muito forte no online, alguns ainda vão querer ter a experiência na loja física. Mas o pré-atendimento mais forte no online vai mudar um pouco a forma do consumo, com teleatendimento, atendimento via WhatsApp etc.”.

Hoje o e-commerce de colchões é pequeno em relação ao tamanho do mercado. Não chega a representar 8%. Rafael acredita que a pandemia acelera a adesão das pessoas ao online. “Não acredito que o Brasil vai superar a China nesse quesito de números de vendas por e-commerce. Ainda terá muita venda em loja física. Acreditamos que seja uma soma entre loja física e e-commerce, criação de modelos de atendimento para integrar o off e online”.

Rafael também falou sobre o modelo de varejo adotado pela I Wanna Sleep. “Consiste numa proposta um pouco mais ampla que a venda do próprio colchão. Temos mais de três mil itens nas lojas, para a experiência do sono além do colchão, como pijamas, roupas de cama, travesseiro, serviço de quiropraxia e muitos outros”.

Ele explicou também adoção de uma nova estratégia para vendas com o fechamento das lojas. “A gente precisava criar alguma coisa em que pudéssemos levar a experiência, rápido e fácil para que os franqueados pudessem se adaptar rapidamente. Agora, cada franqueado tem uma loja física online, com entregas feitas por motoboy ou correio. Conseguimos entregar os nossos produtos como um delivery de pizza, em menos de uma hora fazemos a maioria das entregas. O consumidor acaba escolhendo comprar na LFO (loja físico-online) que está mais próxima dele para que a entrega seja mais rápida. Ainda existe a questão do contato com os vendedores que pode ser feito por telefone, por vídeo-chamada e o cliente pode acompanhar mais de perto o processo de embalagem dos produtos, receber fotos da vitrine etc. Num e-commerce tradicional isso não acontece, esse contato é mais complicado”, explicou o diretor da I Wanna Sleep durante a live.

Mas ele admite que a solução, filha do corona, criada em uma semana, com empenho muito grande dos colaboradores e parceiros, se acontecesse fora da pandemia provavelmente demoraria meses. “Nossa meta era obter venda para abater os custos, para equalizar o caixa, meta de sobrevivência. Agora queremos desenvolver ainda mais esse projeto e deixar a nossa loja cada vez mais omnichannel”, concluiu Rafael Moura.

Abaixo você pode assistir a live na íntegra:

 

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