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Lojas KD: De mais querida...

Por Marina - 08 de Março 2018
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A Lojas KD, e-commerce de móveis que tem o centro administrativo localizado em Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, já figurou entre as 100 empresas virtuais mais queridas pelo público e a concorrer a prêmios de Excelência em Qualidade no Comércio Eletrônico, promovidos pelo Ebit. E isso nem faz muito tempo: foi em 2014. Agora, em 2018, o site de venda de móveis corre o risco de concorrer a um prêmio nada recomendável: o de ser o mais odiado, e pior, de ser exemplo do que não se deve fazer em um comércio virtual.


A crise na Lojas KD ficou evidente em novembro de 2017, quando o assunto ganhou destaque na grande imprensa. À época, aproximadamente mil consumidores, de todo o Brasil, que adquiriram móveis pelo site não receberam seus produtos e, pior, não conseguiam contato com a loja para resolver a situação. Na ocasião, a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-PR) conseguiu o comprometimento da empresa em resolver a situação. De acordo com o órgão, a empresa, desde então, realmente tem participado de audiências para resolver a situação desses consumidores.


A fisioterapeuta Grazielle Soares, de Cuiabá (MT), foi uma das consumidoras lesadas na época. Ela conta que no ano passado, em novembro, comprou um conjunto de sala de jantar, do valor de R$ 1.300. A entrega do móvel foi adiada duas vezes até que ela percebeu que tinha algo errado. “Comecei a ligar para empresa e ninguém atendia, assim como não respondiam meus e-mails”, relata. 


Depois disso, ela foi pesquisar na internet e encontrou o volume de reclamações.  Foi na web também que ela encontrou um grupo de pessoas que estava na mesma situação. “Tem um grupo de pessoas no WhatsApp, criado por uma das consumidoras lesadas pelas lojas KD. No momento há 100 pessoas, mas os integrantes entram e saem toda hora, conforme resolvem seus problemas ou descobrem o grupo”, conta. 


Ela acredita que seu problema só foi resolvido porque ameaçou falar do problema a um programa de televisão. “Em 24 horas meu valor estava devolvido no cartão de crédito. Mas sei de muitas pessoas que ainda não conseguiram o dinheiro de volta”, acrescenta. 

 

E ao que parece, realmente a Lojas KD está longe de resolver sua imagem no mercado. A Móveis de Valor, desde que publicou reportagem a respeito, em 17 de novembro, já recebeu mais de 100 comentários e ainda recebe diariamente ligações e e-mails de consumidores que realizaram compras, no ano passado e em 2018. Além de relatarem que a empresa continua não cumprindo prazos de entrega e fazendo vários adiamentos, o contato com a KD continua impossível. 


Segundo a empresa, realmente cerca de mil clientes foram atingidos por um problema logístico em setembro de 2017 e que, aos poucos, esses problemas estariam sendo solucionados. O fato de as pessoas não conseguirem contato com a loja se devia ao grande número de consumidores procurando a empresa, o que gerou uma sobrecarga dos canais de atendimento. 


Sobre as novas reclamações sobre os mesmos problemas, a Lojas KD não passou nenhum posicionamento até o momento e o fechamento dessa matéria (que foi publicada originalmente na Revista Móveis de Valor 174). Vale salientar ainda que não há nenhum registro de que a empresa tenha entrado com alguma medida judicial, como pedido de falência ou de Recuperação Judicial. Ela continua existindo, operando e recebendo pedido de consumidores. 

 

Marcas precisam ficar atentas


Segundo o Proncon-PR, o prazo para atender às reclamações registradas no órgão é de dez dias. Por isso, consumidores que não conseguirem atendimento direto com a empresa devem entrar em contato com a instituição para registrar o ocorrido. Caso não tenham resposta, a orientação é que o consumidor registre boletim de ocorrência na delegacia mais próxima e procure a Justiça. 

 

O consumidor também pode entrar com uma ação de obrigação contra a loja, no Juizado Especial, e pedido de indenização por danos morais sem necessidade de advogado, em caso de compras de 20 até 40 salários mínimos. Acima disso, é necessário dar entrada com um processo na Vara Cível especializada com auxílio de um advogado. Se mesmo assim o cliente não receber o produto, o caso deve ir para o Ministério Público que, inclusive, pode suspender o funcionamento da loja.

 

Em último caso, as marcas dos produtos que não foram entregues também podem ser, em parte, responsabilizadas, de acordo com a advogada especialista em direito do consumidor, Daiana Costa. “Mas apenas depois de todas as outras possibilidades terem sido esgotadas, e com uma negativa efetiva por parte da loja”, conclui.

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