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Magazine Luiza acredita que lucro milionário é só o começo

Revisado Natalia Concentino - 27 de Março 2024
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Magazine Luiza teve, finalmente, o seu “trimestre da virada”. Pelo menos é o que diz a diretora de relações com investidores da varejista, Vanessa Rossini, sobre os números dos últimos três meses de 2023.

 

Em entrevista ao Money Times, Rossini afirmou que a companhia cumpriu com seus objetivos: expansão das margens operacionais e o aumento da rentabilidade. O Magalu conseguiu virar o jogo e registrou lucro líquido de R$ 212,2 milhões no trimestre.

 

“Nós tivemos uma evolução muito significativa da nossa parte operacional, com aumento da margem Ebitda. Ela veio também de um aumento de margem bruta e uma diluição das despesas financeiras”, afirmou.

 

Para os próximos trimestres, os analistas do mercado esperam que a varejista se beneficie da abordagem mais racional de take rate e do modelo de negócios multicanal para alavancar a operação de marketplace.

 

Além disso, os cortes na taxa de juros no Brasil devem corroborar com a trajetória de recuperação do Magazine Luiza. Diante desse cenário, Rossini vê a companhia com “uma tendência ainda melhor do que a média do varejo”.

 

Confira a entrevista com a diretora de RI do Magazine Luiza

 

Money Times: Como você avalia os resultados do Magazine Luiza no quarto trimestre de 2023?

 

Vanessa Rossini: O quarto trimestre de 2024 foi o trimestre da virada — tivemos nosso primeiro lucro depois de dois anos. Foram dois anos difíceis, com uma série de desafios, mas a empresa se organizou e fez todas as revisões de estrutura e de despesas.

 

Mesmo com os juros da economia ainda em patamares elevados, conseguimos atingir o bottom line, que era o nosso grande objetivo. Os focos de 2023 foram a expansão das margens operacionais e o aumento da rentabilidade. Então, estamos muito felizes com os resultados.

 

Nós tivemos uma evolução muito significativa da nossa parte operacional, com aumento da margem Ebitda. Ela veio também de um aumento de margem bruta e uma diluição das despesas financeiras.

 

E não podemos deixar de falar também de geração de caixa, de R$ 1,5 bilhão. Com uma contribuição muito relevante do capital de giro, tivemos uma redução de mais de 400 milhões nos estoques. Nossa posição total de caixa foi de R$ 8 bilhões para mais de R$ 9 bilhões — lembrando que o valor corresponde a três vezes a nossa dívida de curto prazo.

 

Money Times: Os analistas destacaram a contração nas vendas de e-commerce com estoque próprio como um ponto de alerta no trimestre. O que explica essa baixa?

 

Vanessa Rossini: Nós tivemos uma base de comparação muito forte com as vendas da copa do mundo lá no quarto trimestre de 2022. Historicamente, anos de copa do mundo são anos muito bons para nossas operações e nós tivemos uma excelente performance de vendas nas categorias tradicionais — bens duráveis e eletrônicos. Isso deixou a base de comparação muito mais forte.

 

E tem outro ponto: nosso direcionamento comercial. O foco de 2023 foi em rentabilidade e, no quarto trimestre, não foi diferente. O direcionamento estratégico da companhia foi para aumentar as margens e a rentabilidade. Então, isso tem um impacto em vendas.

 

Não podemos esquecer também do default. A gente concluiu o repasse no terceiro trimestre, mas foi um ano muito desafiador para a operação de 1P. Afinal de contas, o Magalu pagou, ao longo de 2023, R$ 1,2 bilhão a mais de impostos.

 

Quando olhamos para a performance de vendas no período, o 1P caiu, mas teve uma qualidade de vendas e de rentabilidade. Ainda assim, tivemos um volume total de vendas muito alto. Afinal, vendemos 63 bilhões no ano e 18 bilhões nesse último trimestre.

 

leia: Varejo deve manter consolidação a curto e médio prazos

 

Money Times: O Magalu tem planos para reverter o cenário de queda nas vendas do 1P nos próximos trimestres?

 

Vanessa Rossini: A performance que vimos no quarto trimestre dos nossos canais, inclusive do 1P, está totalmente dentro do que buscávamos para a nossa empresa.

 

Nós vemos oportunidade de crescimento em todos os nossos canais de venda. Claro que o 3P é um canal mais escalável, que cresce com ativos, estoque e capital de giro dos sellers, e mais jovem. Então, tem maior oportunidade de crescimento.

 

Mas quando pensamos no curtíssimo prazo, até 2024, a nossa estratégia continua voltada para a rentabilidade. A gente vai buscar crescimento de lucro operacional, lucro líquido e geração de caixa. E com margens mais saudáveis, conseguimos voltar a acelerar o crescimento.

 

Money Times: O mercado também se preocupou com vendas estáveis mesmo em um trimestre de Black Friday. Como você avalia o desempenho da varejista nessa data?

 

Vanessa Rossini: Para nós, foi uma excelente Black Friday em 2023. Vale a pena destacar a performance das lojas, que cresceram 4% nesse quarto trimestre. Elas conseguiram crescer diante de uma base de comparação muito forte e nossa participação de mercado aumentou em 1,2 ponto percentual. Conseguimos entregar isso sem abrir mão de margens e com expansão da rentabilidade.

 

Money Times: Como o Magazine Luiza está acompanhando a flexibilização da política monetária? Quais as projeções da companhia para 2024?

 

Vanessa Rossini: Se a categoria de discricionários sofre mais que todo mundo quando os juros sobem, quando eles caem, nós temos uma tendência ainda melhor do que a média do varejo. Esse ciclo [flexibilização da política monetária] nos remete ao que vivemos entre 2016 e 2019, que foi um momento muito virtuoso em termos de marketshare, aceleração de vendas e crescimento acompanhado de rentabilidade. A gente entende que é um momento de ventos mais favoráveis, depois de dois anos muito contrários.

 

Isso tem um impacto direto nas lojas e no 1P. As lojas já têm uma predominância maior na venda dessas categorias duráveis, então nós já vemos uma tendência melhor, mas que tem potencial de acelerar mais no segundo semestre. Você cresce vendas e diminui despesa financeira — isso aumenta a média operacional.

 

Fonte: www.moneytimes.com.br

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