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Maior acionista da Americanas: estamos tentando salvar empresa

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O empresário brasileiro Jorge Paulo Lemann, o bilionário sócio de empresas como AB Inbev e Kraft Heinz, disse que, apesar dos feitos das últimas décadas, houve "muitos insucessos" nos últimos dois anos, em uma referência à crise nas Americanas, rede na qual é um dos principais sócios.

 

"Nos últimos dois anos, nós não tivemos muitos sucessos. Estamos lidando com isso, estamos tentando salvar a companhia", declarou Lemann, sem citar diretamente a rede varejista, na palestra de abertura da Brazil Conference, cuja 10ª edição começou neste sábado (06) na cidade americana de Boston, polo universitário com duas das faculdades de elite dos EUA: Harvard e Massachusetts Institute of Technology (MIT). "É preciso pensar sobre o que é um insucesso. É um problema a ser resolvido e que pode ser feito de forma melhor."

 

O rombo de R$ 20 bilhões nas contas das Lojas Americanas, revelado pelos executivos da empresa em janeiro de 2023, colocou a varejista brasileira no centro de uma crise financeira. Mais de um ano após a descoberta da fraude, a companhia viu perder mais de 90% do valor de mercado na Bolsa, demitiu milhares de pessoas e registrou prejuízo de R$ 4,6 bilhões, em meio às tentativas do conselho da empresa de salvar as contas. Um dos líderes dessa operação de resgate é o próprio Lemann - junto com seus sócios Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira -, com aporte de R$ 12 bilhões bancado pelo 3G Capital.

 

"Tivemos alguns problemas em nossas companhias maiores recentemente", reforçou Lemann uma segunda vez. Segundo o empresário, as melhorias passam pela contratação de novas pessoas que possam melhorar o negócio, mas a ideia é que conselhos e outros mecanismos de governança possam ser utilizados para manter a operação rodando.

 

"Temos de aprender a fazer isso. É possível. Temos pessoas similares a nós pelo mundo que fazem um trabalho melhor em governança, em comandar grandes corporações. Temos de aprender com eles para criar um sistema onde essas empresas possam continuar a crescer por tanto quanto possível, sem a nossa presença", declarou o bilionário brasileiro. Mais detalhes não foram dados.

 

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Com o tema "a arte das negociações de um empreendedor", a primeira palestra da 10.ª edição da Brazil Conference colocou Lemann de frente com o professor Daniel Shapiro, fundador do Programa de Negociações Internacionais de Harvard e eleito um dos 15 melhores docentes da universidade americana.

 

Questionado por Shapiro, Lemann ofereceu algumas dicas para os alunos presentes no evento. Segundo o bilionário, estudantes devem "tomar mais risco" e se afeiçoar menos a teorias e livros.

 

"Estudantes, em geral, não tomam riscos. Eu descobri que, quanto mais as pessoas estudam, menos risco elas tomam", afirmou Lemann. "O melhor negócio da minha vida foi comprar uma companhia de cervejas sem saber muito sobre cervejas. Pessoas que estudam muito confiam muito na teoria, mas não têm o feeling de saber o que funciona ou não. Tomar risco envolve não só medir tudo, mas também ter uma sensação do que funciona ou não."

 

Fonte: Agência Estado

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