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Nos EUA as grandes tomam dinheiro destinado às PMEs. E aqui?

Por Edson Rodrigues - 27 de Abril 2020
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O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos emitiu uma orientação na última quinta-feira (23) que pede às empresas de capital aberto que receberam empréstimos do órgão a devolver o dinheiro até 7 de maio. O dinheiro vem de fundo destinado a ajudar as pequenas empresas a se recuperar dos efeitos da pandemia.

A nota do órgão governamental americano diz que “é improvável que uma empresa pública com valor de mercado substancial e acesso ao mercado de capitais” possa provar que um empréstimo federal é necessário para que a companhia permaneça operante. O pedido do Departamento do Tesouro veio depois que grandes empresas que tomaram empréstimos pelo programa foram fortemente criticadas porque o fundo ficou sem dinheiro – e muitas pequenas empresas, as quais o dinheiro pretendia ajudar, não conseguiram obter crédito.

O Tesouro reconheceu que as grandes empresas conseguiram acessar os fundos através de uma brecha nas restrições. Porém, as empresas que retornarem o empréstimo integralmente até 7 de maio serão consideradas como tendo feito seus pedidos “de boa fé” e não devem sofrer sanções ou punições, segundo a orientação.

Steven Mnuchin, secretário do Tesouro, disse que as consequências para as empresas que não realizarem a devolução do dinheiro serão graves. “Existem graves consequências para as pessoas que não atestam adequadamente a esta certificação. E, novamente, queremos garantir que esse dinheiro esteja disponível para as pequenas empresas que precisam, pessoas que investiram todo o dinheiro de suas vidas nesses pequenos negócios”, disse o secretário em uma coletiva de imprensa.

Algumas empresas, – como a Shake Shack, cadeia americana de restaurantes, que recebeu um empréstimo de US$ 10 milhões – disseram que o processo todo era confuso e, quando perceberam que as pequenas empresas não poderiam acessar o fundo, devolveram o montante. Porém, outras companhias decidiram ficar com os empréstimos. E agora correm sério risco.

Mas se o mesmo ocorresse no Brasil, qual seriam as providências que o governo, ou o Banco Central, tomariam? É uma boa pergunta.

No Brasil PMEs também tem dificuldades

Apesar do governo ter tomado uma série de medidas e liberado diversas linhas de crédito para as PMEs (Pequenas e Microempresas) para ajudá-las a superar as dificuldades com a pandemia, a reclamação dos empresários é generalizada. As pequenas não estão conseguindo acessar o crédito. Pior, há alguns dias empresas do setor moveleiro receberam comunicado do Banco do Brasil dando conta de aumento no valor das tarifas sobre serviços do banco.

O que se questiona agora é se, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, as grandes empresas estão tomando o dinheiro das pequenas ou é apenas a burocracia que está mais uma vez atrapalhando a vida dos pequenos empreendedores. De toda madeira, não há muito tempo para que se encontre uma solução definitiva para o problema, caso contrário alguns milhões de empregos irão para o ralo nas próximas semanas ou meses.

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Ari Bruno Lorandi

Jornalista profissional com mais de 40 anos de atividades. Atua em estratégias de comunicação e marketing no setor moveleiro há 30 anos. É Diretor de marketing do Intelligence Group do Brasil, empresa de comunicação e marketing com sede em Curitiba. A empresa publica a revista Móveis de Valor, Móveis de Valor Norte & Nordeste, Anuário de Colchões Brasil e criou a primeira TV do setor moveleiro no mundo em atividade desde 2008.