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Amazon abre 3 CDs em 2 meses para acelerar entregas no Brasil

Por Natalia Concentino - 18 de Novembro 2021
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A Amazon, gigante americana de comércio eletrônico, abriu três centros de distribuição no Brasil em dois meses (setembro e outubro). O investimento em logística é para tentar atender a pressa dos novos consumidores de produtos online. Eles querem receber as compras no mesmo dia. A Amazon promete entregas entre um e três dias. Atraso em entregas é uma das principais reclamações de consumidores contra a empresa.

O centro de distribuição mais recente é o de Itaitinga (CE), inaugurado no fim de outubro. É o 12º centro da Amazon no país. No início do mesmo mês, a empresa abriu um centro em Cabo de Santo Agostinho (PE), com 41 mil m² e que emprega 860 pessoas. Os dois centros logísticos ampliam a aposta da empresa no Nordeste.

Antes disso, a empresa havia inaugurado outro centro no início de setembro, em São João de Meriti (RJ).

No ano passado, foram inaugurados quatro centros de distribuição, um deles com mais de 100 mil metros quadrados. A empresa não abre os valores que foram investidos nos centros de distribuição.

Concorrentes também investem em distribuição

A Amazon fica atrás de concorrentes no Brasil com relação à logística. Outras empresas também têm investido em centros de distribuição.

O Magazine Luiza tem 185 centros de distribuição e pequenos pontos de estoque pelo Brasil com 2 milhões de metros quadrados. As Lojas Americanas têm planos de chegar a 28 centros até o final do ano.

O Mercado Livre não informou seus dados.

Entregas mais rápidas

O objetivo dos investimentos nos centros de distribuição é tornar as entregas no país cada vez mais rápidas, diz Ricardo Pagani, diretor de operações da Amazon no Brasil.

"Analisamos onde está o nosso cliente, para posicionar nossos centros e produtos mais próximos a eles e conseguir entregar em até dois dias", diz Pagani.

Além de realizar as próprias entregas, a Amazon também investe em oferecer esse serviço para vendedores parceiros, o chamado marketplace. Ou seja, esses vendedores podem usar os centros de distribuição e a estrutura de entrega da Amazon por um pagamento.

A empresa não revela a porcentagem de vendas de terceiros que já são entregues a partir desse serviço.

A Amazon também não informa quantas vendas são entregues em até dois dias, mas diz que mais de 700 cidades contam com entrega Prime gratuita em dois dias.

A entrega grátis em um dia, sem valor mínimo de compra, está disponível só para assinantes Prime em cerca de 50 cidades. Em outras regiões, a entrega Prime gratuita demora a partir de três dias. Assinantes Prime têm direito a frete grátis para certos produtos, entregas mais rápidas e acesso a streaming de filmes e músicas, por R$ 9,90 mensais.

Entrega no porta-malas de carros

A Amazon busca outras soluções de entrega e logística, com inspiração vinda de outros países. "A Amazon já se expandiu muito pelo mundo. Vários países têm complexidades similares ao Brasil. A Índia, por exemplo, é um país mais complicado que o Brasil", afirma Pagani.

Entre as ideias que podem ser aplicadas no Brasil, estão pontos de coleta e armários inteligentes, nos quais os consumidores podem recolher suas compras.

"Nos Estados Unidos e na Europa, deixam as compras até no porta-malas dos carros", diz. O serviço de entregas no porta-malas funciona em alguns carros e em poucas cidades.

Consumidores com um carro conectado a um sistema e estacionado em lugar público e acessível podem receber suas encomendas diretamente no porta-malas.

"O bom é que não é preciso reinventar a roda, podemos trazer de forma eficiente essas soluções para o Brasil."

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Empregos

Hoje a Amazon emprega mais de 6.300 pessoas diretamente em sua área de Operações e espera gerar milhares de vagas temporárias para a época de Black Friday e Natal. Neste ano, foram abertas 2.400 vagas fixas na divisão de operações.

A gigante tem sofrido críticas em outros países pelas condições de trabalho nos depósitos e serviços de entrega. Em setembro, ela aumentou o salário inicial para US$ 18 por hora para contratar mais de 125 mil trabalhadores para atuar com depósito e transporte nos Estados Unidos.

No Brasil, Pagani diz que, desde o início da pandemia, a empresa realizou 150 mudanças nas operações para melhorar as condições dos profissionais, como higienização dos centros de distribuição e horários de trabalho flexíveis para os funcionários do escritório.

Consumidor quer receber no mesmo dia

"O mercado brasileiro de comércio eletrônico mudou muito nos últimos dois, três anos. Primeiro pelo crescimento acelerado na pandemia, mas principalmente porque o consumidor mudou, passou a ter consciência de produtos, marcas e canais disponíveis", diz Marcos Gouvêa de Souza, especialista em varejo e diretor-geral e fundador da consultoria GS&Gouvêa de Souza.

De acordo com ele, o consumidor aprendeu a comprar pela internet e ficou bem mais exigente com o nível de serviço oferecido pelas empresas.

"Antes da pandemia, o consumidor ficava feliz se entregassem o produto. Hoje já escolhe onde comprar ao buscar plataformas que entregam no mesmo dia. Isso já é um fator crítico", afirma.

De acordo com Gouvêa de Souza, a Amazon estava atrasada na logística em relação a suas concorrentes locais.

"Agora, ela está de fato acelerando para poder se equiparar com o nível de serviço oferecido pelas líderes locais."

Embora o mercado de comércio eletrônico ainda esteja concentrado nas regiões Sul e Sudeste, outros centros começam a crescer e a chamar a atenção das plataformas de comércio. É o caso do Nordeste e do Centro-Oeste. "A chegada de concorrentes em uma região melhora o nível de serviço oferecido e levanta as expectativas do consumidor", diz o especialista.

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Principais reclamações

A Amazon tem nota de 7,89 no site Reclame Aqui, maior que de concorrentes como o Mercado Livre (6,09) e Magazine Luiza (7,70).

A empresa norte-americana sofreu 35,6 mil reclamações nos últimos seis meses, enquanto o Mercado Livre teve 57,7 mil e o Magazine, 58,5 mil.

Os principais problemas relatados pelos consumidores da Amazon no Reclame Aqui são de produto não recebido, atraso na entrega e estorno do valor pago.

Para o Mercado Livre, as maiores queixas são estorno do valor pago, atraso na entrega e propaganda enganosa, enquanto no Magazine Luiza as reclamações são de atraso na entrega, produto não recebido e estorno do valor pago.

(Com informações Uol Economia)

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